Leia a primeira parte :Parte - I
Parte - II
Começamos uma relação de alimento comprado e consumido
apenas para poder entender a dimensão real da situação. Não havia sinais de
intrusão em nossas residências, de maneira alguma. Passamos a alertar amigos e alguns
vizinhos mais próximos, alguns deles confirmaram de imediato a situação, mas
nenhum deles haviam concluído isso por si mesmos, precisaram de um
"empurrãozinho".
No primeiro mês notei que praticamente um terço havia sumido
e fui estritamente rigorosa quanto as minhas anotações, se consumia, registrava!
Definitivamente iria comprar duas câmeras para instalar em casa, uma de frente
para o armário alocado ao lado da geladeira e outra na entrada de casa,
esconderia muito bem as duas.
Indo para a Infestatio a pé, peguei uma rua da qual não
costumava passar, queria ver se encontrava alguma loja de eletrônicos usados da
qual pudesse obter o que queria por um preço amigável, estava adiantada em praticamente 40 minutos,
não via problema em pegar uma rota pouco
mais longa. Aquela parte do bairro era tão vazia quanto o resto, só que ainda
mais feia como a viela da qual eu me encontrava. De uma certa distância pude
observar dois gatinhos muito esquisitinhos um preto outro cinza, estavam
estáticos ambos encaravam uma janela a dois metros e meio da calçada.
Assim que a luz na janela se apagou o preto com agilidade
mas não muita leveza escalou rapidamente a parede, se pendurou no parapeito e
sumiu, eu estava perto o suficiente para que minha presença fosse notada, o
cinza se virou pra mim, nesse instante soltei um grito abafado, era a porra de
uma ratazana imensa, devia facilmente pesar uns 5 quilos, ficou bípede e
esfregou suas pequenas mãozinhas antes de seguir o companheiro... E o rabo?
Totalmente pelado, longo e asqueroso!
Nunca fui uma mulher que se assustasse com ratos, baratas,
morcegos, aranhas... Mas fui pega de surpresa, era enorme e muito, muito bem
nutrida, bem mais que eu mesma com toda essa falta de apetite.
O engraçado era ter duas ratazanas gigantescas praticamente
na porta da maior produtora de venenos que o planeta já teve, rumei até lá com
um leve sorriso de canto de boca.
Logo na entrada do vestiário havia um informe que haveria
uma reunião, era para que todos os funcionários se dirigissem ao "cinema".
Chamávamos assim pois havia poltronas confortáveis e uma tela de projeção
gigantesca ,só visitei no dia de minha contratação, que era obrigatório, na
ocasião passaram as normas de segurança,
funcionamento dos setores da fábrica entre outras coisas.
Kaba, a diretora máxima da Infestatio foi quem anunciou a
nova situação, nesses quase três anos de trabalho era a segunda vez que a via,
era muito alta, cabelos negros lisos e longos que caíam sob os ombros e
chegavam praticamente até a cintura,era muito magra e tinha um tom de pele
amendoado quase que dourado, tornando-a de uma etnia única, algo especialmente
dela, como uma Deusa,trajava um vestido de seda azul especialmente costurado
para o seu corpo e um colar que parecia com o logo da companhia.
Os turnos seriam exclusivamente na parte da noite, a carga
horária seria reduzida, assim como os salários e as folgas, quem ficasse
descontente poderia combinar com os demais colegas para pedir demissão em
coletivo, dessa maneira garantiram que os bônus seriam maiores do que de
maneira individual, quem concordava com a nova situação que comparecesse às
18:35 todos os dias e fim.
Deixaram os trabalhadores a sós para que pudessem discutir e
se organizarem.
- Porra, é difícil pra mim, tenho três filhos com mais dois
vindo, fui contemplado com gêmeos dessa vez, não posso largar o emprego, tenho
que continuar. - Disse um homem franzino com toda franqueza possível.
Outro de longe emendou: - Com esse salário é só isso que dá
pra fazer, comprar comida e mal pagar as contas, se a fábrica toda parar, pelo
menos pra manter os valores, duvido que vão dizer não!
Burburinhos iam ganhando um tom mais elevado.
- Desse jeito vão é mandar todo mundo pra rua e contratar
gente nova, a gente tem que abaixar a cabeça e ficar feliz enquanto ainda tem
trampo pra gente! - Argumentava uma jovem grávida.
- Isso, lá em casa somos em sete, tudo o que ganho aqui fica
no mercado, é só comida, comida, comida, é revoltante, mas não tem outro jeito,
quem vai fazer pela gente se eu sair daqui? Além de mal conseguir comprar
calçado pra todo mundo, gasto em uma coisa que pouco consumo ou estou em casa
pra vê-los consumir...
Então um homem com um enorme cavanhaque e cabelos longos
presos em um coque teve a audácia:
- HEY VELHÃO, PEDE AJUDA PRO PAI DAS CRIANÇAS, COM O TANTO
QUE VOCÊ TRABALHA, DUVIDO QUE OS FILHOS SEJAM SEUS! - Fazendo todos
gargalharem, colocando um pouco de alívio naquela situação tensa.
Marta que estava ao meu lado escrevia algumas coisas em um
bloquinho de notas, demonstrei curiosidade em saber o que era e ela disse : -
Depois eu te mostro. Dando uma piscadinha.
-... E olha que em casa todo mundo é muito magro, merda de
comida que não sustenta ninguém! - Disse outro totalmente indignado, estava
muito longe mas poderia até estar espumando pela boca.
O mesmo barbudo:
- CULPA DA PATRÍCIA QUE COZINHA MAL PRA CACETE! - Todos
riram novamente.
- Veronica, quero confirmar uma situação com você, assim que
todo mundo for levantar para se retirar, vamos ficar bem na saída conversando
sobre qualquer coisa, quero que preste muita atenção no físico de todos eles. -
Estava bem animada.
- Sem problemas, estou ficando curiosa. - E estava mesmo.
Assim que a reunião acabou (ninguém pediria demissão)nos
postamos na saída e conversávamos enquanto os trabalhadores deixavam o local
cabisbaixos. Marta convidou três pessoas para irem a sua casa no dia seguinte,
iria preparar comida, abriria umas duas garrafas de vinho e falaríamos mal de
companheiros de empresa e da nova situação.
Cruz e Frank eram meus conhecidos também, sabia que eram
vizinhos e amigos de Marta, mas a mulher de nome Sara, não me lembro de ter
encontrado uma única vez, ou até mesmo ouvido falar dela através de minha
amiga...
Quando ficamos a sós ela perguntou: - E aí? O que você achou
do porte de todos eles?
Foi aí que me veio o "estalo": - Todo mundo muito
magro e quem não é magro está muito abaixo do peso... - puta merda disse entre
os dentes. Marta só arqueou a
sobrancelha esquerda como resposta, aprovando minha percepção.
Retomei: - Como conhece essa tal Sara?
- Ela é da Tecnologia da Informação e irmã da Dra. Michelle, médica da unidade, nós precisaremos dela, depois do expediente vamos no mercado comprar umas coisas, te dou uma carona até em casa e amanhã te explico melhor.
- Ela é da Tecnologia da Informação e irmã da Dra. Michelle, médica da unidade, nós precisaremos dela, depois do expediente vamos no mercado comprar umas coisas, te dou uma carona até em casa e amanhã te explico melhor.
- Boa, estou querendo comprar umas duas câmeras de
vigilância, mas peço desculpas, não vai sobrar dinheiro para te ajudar com os
preparativos do almoço..
- Tudo bem! Leva alguma coisa alcoólica pelo menos hahaha.
O sol raiava, o dia estava bonito e agradável, comandava a
churrasqueira pois de carne eu sempre entendi, encarava a brasa lambiscar a
grelha enquanto a gordura chiava na peça estendida. Não é questão de humildade,
mas tenho certeza que se tirassem fotos em bons ângulos, facilmente poderia ser
usada em um comercial de qualquer franquia alimentícia.
Já foi um hobby pra mim, prazeroso e libertador agora me
enchia de pesar, aquilo já não era mais apelativo pra mim, não me dava água na
boca, não fazia o estômago roncar, não dava vontade de beliscar... nada disso.
Cruz e Frank já estavam bem alterados, eu tomava o vinho
apenas pelo teor alcoólico não conseguia apreciar o sabor, pensar no
procedimento de preparação, curtir o aroma com suas fases... tudo aquilo era
uma merda, uma merda mesmo...
Sara, a mulher cujo não conhecia rivalizava bem com os dois
veteranos no consumo da cevada.
Marta veio com o laptop debaixo do braço esquerdo, se
aproximou de mim e disse: - Tira a carne daí, vamos nos sentar com eles, agora
é a hora da verdade, beba mais!
- Obrigado pelo convite Marta, não conheço muita gente na
empresa e sentia falta de sair um pouco e fazer algo que não seja relacionado
ao trabalho, mesmo de folga em casa através do computador eu me obrigo a
adiantar o serviço.- Desabafou.
- É bom mesmo, sem dúvida, fico feliz por ter vindo.-
Respondeu ela.
-... Tá vendo? Meus meninos são a cara do pai HAHAHA.- Cruz
estava rosado devido a embriaguês, mostrava a foto das crianças para Frank que
observava com interesse real. E eram mesmo, como se houvesse saído apenas dele
e ponto final.
Marta foi diretamente ao ponto:
- Se me lembro bem, você foi tido como estéril uns quatro
anos atrás, não foi mesmo Cruz? - Não foi maldosa.
- Sim, zero chances de engravidar qualquer mulher nesse
planeta, não sei se sou mais feliz pois se parecem totalmente comigo ou se por
ser pai de fato, não posso nem dizer que é milagre pois tenho dois, é realmente
uma benção.- Dizia todo orgulhoso.
- E você Frank, quando vai ter os seus? - Perguntou Sara
interessada na situação do homem.
-Primeiro preciso de uma parceira não é? mas acho que os
milagres ficaram do lado esquerdo do muro.- Apontou para Cruz, eram vizinhos
colados.
Marta ligou o laptop perguntou se todos estavam com os
respectivos cartões de crédito e discorreu sobre toda a situação bem como tudo
o que concluímos até agora.
Frank e Sara concordaram de pronto, apenas Cruz apresentou
uma leve resistência por conta de seus dois filhos e esposa.
A medida que a ideia foi ganhando força através da conversa
e ultrapassou a barreira da suposição para fato concreto, ficou claro para mim
a intenção por trás do convite feito a Sara, o plano de Marta não precisou ser
trabalhado, a jovem por curiosidade fez de bom grado.
Tomou o laptop da anfitriã, instalou três ou quatro
programas e dali mostrava dados internos da Corporação Infestatio.
Sua irmã, Dra.Michelle era conhecida por todos, éramos
obrigados a passar pela equipe dela no final de cada mês para uma checagem
completa, peso, medidas, exame de sangue, urina fezes, raio-x, ultrassom...
Sara acessou os dados dos funcionários, e ali continha
praticamente tudo o que se podia saber sobre alguém. Constatamos que o peso de
todos os empregados decaíram ao longo do tempo em que trabalhavam ali, todos
indivíduos que possuíam um parceiro(a) ou uma vida sexual ativa eram
obrigatoriamente pais ou mães...
Cruz quis saber de seu perfil. E estava claro, antes de
entrar para o quadro de funcionários da Infestatio, era por decreto estéril,
sem a menor dúvida.
Só não havia dúvidas quanto a uma coisa, estávamos sempre
exaustos, mais fracos, reproduzindo muito, com armários e geladeiras cada vez
mais vazios e a própria Infestatio em si era de alguma maneira responsável pela
situação.
Antes de ir embora Sara avisou que assim que assumisse o
turno novamente iria levantar mais informações pertinentes, não o faria de
imediato pois estava "alegre" então por medo de desleixo e chamar qualquer tipo de atenção indesejada,
deixando assim combinado uma nova reunião entre nós cinco.
Ao chegar em casa fiz novamente a contagem do meu estoque,
faltava três enlatados e um pacote de macarrão. Sabia que estava sozinha, fui
então conferir as primeiras horas de filmagem das minhas duas novas câmeras e o
que eu vi ali, só pude acreditar após ver mais de cinco vezes, só pude
acreditar porque via com os meus próprios olhos, só pude acreditar depois de
encontrar os buracos nas paredes, tudo fazia ainda menos sentido...
Cruz,Frank,Sara e principalmente Marta tinham de assistir
isso... Principalmente Marta que é bem mais inteligente e sagaz, de certo teria
um bom palpite ou ao menos uma visão melhor direcionada da qual teríamos de
concentrar nossos raciocínios.
Ali estava a resposta para o sumiço dos alimentos.
Não aguentei e dei play novamente... Que porra é essa???
-
Enquanto a terceira parte não sai, você pode ler algumas creepys (as que eu encontrei) de minha autoria que foram postadas no site, existem outras, enquanto não acho, fiquem com essas:
Olocoooo essa série tá muito boa!
ResponderExcluirMuito obrigado Thiago por estar postando, a série está muito boa e está prendendo minha atenção
ResponderExcluirMaaaaaaaaaisssss 👏👏👏🙌/🙌
ResponderExcluirOi Thiago! A série tá ficando ótima!!! Mas fico um pouco confusa com a leitura!! Às vezes sinto falta de algumas vírgulas pra separar as ideias, mas fora isso, estou amando! Continue assim
ResponderExcluirPqp que foda. Quero saber o resto hauahuaha.
ResponderExcluirSó falta as ratazanas terem criado inteligência pro crime hsiajajajaja
esperando a 3° parte :P
ResponderExcluirÓtima série. Li 'A tia' também. Amei. Você tem muito talento. Esperto que não suma do blog igual um que eu acompanhava.
ResponderExcluirRatazanas 😱😱 tá seguindo a creepy do Andrey? 😂😂😂😂
ResponderExcluirEstá muito boa esta Creepy
ResponderExcluirAguardando a próxima parte
ResponderExcluirTá bom pácaraio !!!!!!
Tudo está ficando muito bom. Estarei aguardando atenciosamente a terceira parte de "INFESTATIO".
ResponderExcluirEssa Serie Eh Realmente Criativa,Agora So Falta Umas 5 Partes Mantendo A Msm Emoçao Desta,Ñ Nos Decepcione Cm O Final.Ele Tem Q Ser Inesperado.
ResponderExcluirMinha teoria é:
ResponderExcluirOs funcionários estão se transformando em ratos, vamos ver pelo ponto de reprodução, ratos se reproduzem muito rápido. O fato de ficarem cada vez mais fracos e desnutridos e quase não se alimentarem me faz pensar que o veneno produzido na fábrica infectou os funcionários e a longo prazo se transformando em ratos... E sobre a comida que some, ou seriam os ratos (a que eu acredito mais) ou os próprios funcionários em estado de hipnose...
Apenas uma teoria, espero o próximo capítulo
Pensei exatamente o mesmo 😂
ExcluirEssa série ta atiçando muito a minha curiosidade! Ta de parabéns!
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