14/12/2015

Ecolocalização humana


Sou cego desde que nasci. A história em si não é sobre isso, mas esta é uma parte crucial. Ao longo da minha vida eu tenho usado diferentes tipos de tecnologia assistencial; teclados em braille, aplicativos por comando de voz, smartphones adaptados... Recentemente, eu tentei ecolocalização humana pela primeira vez na minha vida. Para aqueles de vocês que não sabem o que é isso, é uma técnica que emula o modo como morcegos encontram suas presas no escuro. Ao fazer estalos com a boca, você é capaz de ouvir o som refletido dos objetos atingidos, e dessa forma "ver" onde os objetos estão. Uma amiga minha, vamos chamá-la de "J", tinha visto alguns vídeos sobre o assunto no Youtube, e me perguntou se eu já tinha tentado isso. Eu lhe disse que não tinha, embora eu tenha ouvido falar sobre isso.

Para encurtar a história, eu decidi testá-lo. É necessário muita concentração no início, mas depois de alguns dias eu senti que começava a pegar o jeito.

No meu seguinte encontro com J, ela parecia animada e me parabenizou quando eu disse a ela que eu estava indo muito bem. A prática leva à perfeição, e eu era capaz de evitar os principais obstáculos sem muita dificuldade. Nós fomos a um parque, e J me pediu para demonstrar o que eu podia "ver" ao nosso redor com minhas habilidades atuais. Eu ri, e disse a ela que eu não era exatamente o Demolidor, mas que eu iria lhe dar uma amostra. Depois de alguns estalos, eu lhe disse que achava que havia um pequeno muro ou construção a nossa esquerda, e uma coisa alta a nossa frente. Era um borrão, então eu imaginei que era algum tipo de arbusto. J então ficou quieta, e tinha uma pitada de preocupação em sua voz quando ela falou de novo. "Bem, você está certo sobre a parede... mas não há nada na nossa frente. Apenas... grama."

Eu congelei. Eu sabia que era novato nisso, mas o som refletiu claramente em alguma coisa. Ele era muito mais alto do que uma pessoa, e estava apenas a poucos passos a nossa frente. Eu poderia ter confundido tanto assim o que eu ouvi?

Eu decidi brincar com a J, e disse que aparentemente eu ainda não estava pronto para sair e combater o crime. Me sentindo muito desconfortável, nos tirei de lá apressadamente, e nós continuamos nossa caminhada. Quando ela me deixou em casa, parecia que ela havia esquecido sobre isso. Duvido que um dia esquecerei.

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Traduzido daqui.

16 comentários:

  1. Então meu amigo.... vc viu o cão. Algo bem comum nessa área

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  2. Até um cego "vê" um demon e eu n :/

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  3. Q loko... Não sou cego, mas sempre tive vontade de tentar ecolocalização.

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    1. Eu também kkkkkkk deve ser mt legal saber onde as coisas estão sem ver, só de escutar.

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  4. A ecolocalização pode ser uma boa ferramenta pra "ver" aquilo que não enxergamos com nossos próprios olhos...

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  5. Bacana, o capeta tava do lado do cara :')

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  6. Ideia legal, execução péssima e previsível. É impressionante como nego pega uma lógica pra aplicar no mesmo contexto...

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  7. Eita muito boa, parabéns pela tradução!

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  8. Eita muito boa, parabéns pela tradução!

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  9. Tenho interesse em usar ecolocalização, mas nunca consegui perceber nada específico. O assunto da creepy podia ter sido bem mais explorado, na minha opinião.
    PS: Sou cego.

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