29/10/2017

Ballet (PART 2/ As Marcas)

PART 1

Denise tirou os potes de creme da gaveta do armário e foi até a poltrona; Enquanto retirava as sapatilhas de Molly seus pés faziam sons semelhantes a gravetos quebrando conforme apalpava, manchas roxas estavam por toda a parte e seus dedos já não tinham mais unhas. 

A dor era grande, mas o cansaço sempre vencia e assim ela não acordava despertada pela dor. 

Expressando um enorme sorriso no rosto Denise olha com orgulho para as marcas de esforço. 

Depois de passar os cremes e fazer uma leve massagem é hora das ataduras, amarradas com força para que os ossos não saiam do lugar e assim os passos perfeitos podem ser mantidos. ’’A bailarina jamais deixa de dançar’’. - Sussurra Denise. Após admirar os pés de sua filha, acaba dormindo ali mesmo encostada na poltrona, é nítida a admiração em seus olhos e no sorriso que permanece mesmo estando dormindo.

Molly movimenta os pés enquanto dorme; seus pés tão acostumados a movimentos repetitivos já não conseguem mais se manter parados. Com o passar das horas o dia amanhece e exatamente as 05:30 da manhã o despertador que soa como uma sirene irritante toca. (Din-don! Din-don!) 

Denise se levanta e vai até a cozinha preparar o café da manhã.  

O cheiro dos ovos fritos e torradas fazem a boca salivar, mas ela sabe que a dieta não permite e que somente sua mãe vai comer aquilo. 

Uma bandeja é colocada na mesa em frente à poltrona; Meio copo de leite, meia fatia de pão integral e uma pequena quantidade de frutas cortadas. ‘’Você precisa manter o seu dom, eu faço tudo isso para o seu bem. ’’ – Fala de boca cheia enquanto observa Molly desejar uma mordida das deliciosas torradas que enchem sua boca de saliva. 

Misturado ao delicioso cheiro do café da manhã estava presente também o cheiro de lixo acumulado na cozinha junto com uma pilha de louças gigantesca, aquilo parecia um chiqueiro de tão sujo, mas a única coisa importante e necessária era cuidar de Molly, afinal uma bailarina nunca deve deixar de dançar. 

O telefone toca, mas dessa vez não é o despertador; o representante do prefeito da cidade avisa que um evento muito importante vai acontecer daqui a três dias e pede para que a encantadora Molly se apresente no dia. Sem pensar duas vezes um alto sim é dito, sua felicidade misturada com euforia não contagia sua filha que expressa apenas um sorriso forçado enquanto mastiga os pedaços de frutas. 

‘’Não temos tempo a perder, quanto antes ensaiarmos melhor. ’’ 

‘’Será que podemos cancelar? Estou muito cansada. ’’ 

A reposta é dada com uma bofetada em seu rosto, Molly parece não estar surpresa, nenhuma lagrima caí de seu rosto. 

‘’Não seja fraca, uma artista nunca desiste; agora vou ter mais trabalho pra disfarçar essa marca vermelha, olha só o que você me fez fazer!’’.  A bandeja é arremessada para longe junto com alguns potes de creme. 

‘’Preciso ir até a farmácia comprar os cremes que você me fez estragar, não saia dessa poltrona até eu voltar. ’’ 

A porta se fecha e então Molly finalmente sente um alivio de estar sozinha. Há 3 meses novos episódios de ‘’A Memória da Dança’’ não são lançados e a 3 meses é obrigada a assistir a mesma coisa todos os dias. 

O telefone a poucos metros é mais tentador do que o controle remoto em cima da mesa; a chance de acabar com tudo está bem na sua frente, mas seus pés não permitem que ela vá muito longe e sempre acaba caindo ao tropeçar no carpete já velho. Então apenas se conforma em pegar o controle remoto. 

Antes que pudesse ligar a TV, alguém bate na porta.

(Continua..)

(Espero que estejam gostando e qualquer coisa é só dizer nos comentários :)


Autor: Andrey D. Menezes. 



28/10/2017

Figura paterna

Os passos de meu pai ecoando a certa distância no corredor eram minha canção de ninar quando eu era jovem. Na quietude da noite, quando minhas costas estavam viradas para a porta, eu ouvia o familiar ruído de suas meias brancas e cinzas colidindo com o chão de madeira fora do meu quarto. A porta se abria, e uma pequena cascata de luz dourada, oriunda de onde ele estava vindo, pousava em minha cama. O som de seus passos ficavam mais sutis, abafados pelo carpete branco colocado no chão. E sobre minha testa, sua mão gentilmente afastava meu cabelo, e seus lábios frios se pressionavam calmamente em minha pele.

Ele sempre teve má circulação, e nas noites quentes de verão que eu passava sobre minhas cobertas, era um tanto bacana ter sua pele macia e fria contra a minha. Às vezes, me virava para encará-lo. Meu olhar sonolento se encontrava com o dele, e na escuridão, seus dentes brancos como pérolas brilhavam em um sorriso quente. E eu sorria de volta. Sempre permanecíamos em silêncio quando eu acordava em uma de suas visitas, normalmente encerradas por um aceno de minha mão e o desaparecimento de seu sorriso.

Eu nunca entendi por que, quando eu fiz 14 anos, suas visitas noturnas pararam. Ao perguntar minha mãe sobre isso, ela se virou pra mim, seu olhar suavizado e seus lábios entreabertos somente o suficiente para emitir palavras suaves.

"Bem", ela disse suavemente, "Conforme você envelhece... Você começa a ver fantasmas cada vez menos."

27/10/2017

INFESTATIO

Para quem não conhece a série:

Parte - I
Parte - II
Parte -III
Parte - IV & V
Parte - VI
Parte - VII
Final - Vol.I



FINAL - VOL.II







Rua Matheson, entrada principal da Infestatio.

Capitão Lahey tragava sem moderação de seu cantil, era forte, era whisky.

O time estava postado esperando pelas ordens do beberrão, exceto Cruz que ficara de pronto no veículo cumprindo sua função, mesmo que não fosse com eles, não tornava a situação mais segura para o mesmo, afinal estava de chamariz, ainda que não tão exposto.

Lahey era simplesmente um soldado e agia como tal, não era bom em pensar, era bom em cumprir ordens. E as ordens eram basicamente para que fodessem com tudo que a vista pudesse alcançar, era o que fariam, deixaria que a bebida pensasse por ele, deixaria que o ímpeto tomasse conta do gatilho e torcia para que seus olhos injetados pudessem ver além, assim seria capaz de casar mais dano. O cigarro de filtro vermelho pendia de um lado da boca, os óculos escuros circulares encontravam-se na metade do nariz, revelando assim apenas parte de seu olhar penetrante, deu sinal para Chumbo.

O homem asiático, de poucas palavras que contava com seus mais de 130 quilos facilmente, levava consigo uma arma extremamente pesada e de difícil manuseamento, uma XM214 Microgun de 16 quilos aproximadamente, uma metralhadora estúpida, por assim dizer. Com uma rajada moeu a porta dupla de vidro que dava boas vindas aos não amistosos visitantes.

Ramirez com sua Colt m16a2, que também era uma metralhadora, mas como se fosse a irmã caçula dentre 7 comparada com a de seu amigo, adentrou o local para reconhecer o perímetro. Avistou o balcão de recepção e se escondeu atrás dele, nos 4 segundos de investida, foi capaz de localizar as 6 câmeras que vigiavam o local.  Destruiu uma após a outra, se expondo minimamente. Deu sinal para o Capitão Lahey que já levou o grupo ao primeiro elevador disponível.

Frank ficava sempre atrás, apenas observando os veteranos, esperando por ordens, já que não sabia muito o que fazer. Iriam direto a sala da diretoria, onde provavelmente encontrariam Kaba.
O destino era o 7º andar, pelo elevador conseguiram alcançar o terceiro andar, a partir daquele ponto era necessário uma senha de acesso para que pudessem progredir.

" SENHA DE ACESSO REQUERIDA. APENAS FUNCIONÁRIOS AUTORIZADOS."
 A mensagem brilhava em vermelho e amarelo no painel que indicava os andares.

- Sara, está me ouvindo? Aqui é Frank. - Pelo comunicador.

-Estou na escuta Frank, vejo que estão dentro da Infestatio, do que precisa?- Respondeu de maneira calma.

- Estamos dentro do elevador, ele parou no terceiro andar, pede um código para que possamos subir para os demais andares, alguma chance de você descobrir ?- Aguardou.

Um ruído perturbador acabara de começar.

- É possível... Mas o computador pode levar de 1 a 23 minutos para decifrar o código, isso porque temos acesso as senhas utilizadas na empresa em um banco de dados, infelizmente não temos como saber qual senha condiz com o que necessitam, é uma loteria, vocês dispõe de tempo hábil?

Lahey tomou o dispositivo de seu recruta e não poupou: - Olha mocinha, tem um barulho esquisito pra cacete bem em cima da gente, e esse barulho é tenso pra caralho, estou quase me cagando nas calças, tá me entendo? - Sua expressão jamais mudava.

- S...Sim senhor Capitão.- Não esperava pela agressividade. Mas entendia, pois eram combatentes de linha de frente e a situação não parecia favorável.

- Olha, não entendo merda nenhuma de engenharia, mas tenho certeza que tem alguma merda acontecendo com as merdas dos cabos de aço dessa merda de elevador... Que merda! - Resmungava.

- Capitão, o programa está rodando, como eu disse pode ser que leve de 1 a 23 minutos para que a senha seja descoberta. Pelo que entendi estão em situação de proeminente perigo, existe a possibilidade de deixarem o elevador agora mesmo enquanto descobrimos?

Frank sacou uma das lâminas que levava consigo e passou pela fina fresta da divisória das portas do elevador, conseguiu  estreitar um pouco e enfiar sua mão esquerda no vão, com ajuda dos outros pouco a pouco ia se abrindo a medida de que o barulho aumentava e fizera com que o transporte que ocupavam tremesse.

- É dizer o óbvio, mas teremos companhia em breve.- Disse Ramirez.

Assim que todos passaram pela porta o elevador que rangeu escandalosamente,  desceu alguns centímetros.

- O Próximo elevador está a poucos metros de vocês, precisam seguir o corredor em frente, contornar a cafeteria e aguardar, qualquer coisa entrem em contato.- Despediu-se Sara.

Apesar de estarem em plena luz do dia o edifício era vedado, quase tão escuro como a meia-noite, guiavam-se pelas luzes artificiais que trouxeram para a missão.

Frank sentia algo ruim crescer em seu âmago, não era simples resguardo ou afobamento, era algo real e sabia que os outros também sentiam o mesmo pois a sensação era pesada.

Ao invés de 14 metros o corredor parecia ter 14 km, se cansou enquanto percorria em linha reta, ansioso e angustiado. Depararam-se com a cafeteria limpa, vazia e organizada com os pés das cadeiras voltados para o alto.

Chumbo se manifestou: - Segundo a mocinha nerd é só virar a esquerda e esperar pela senha do elevador, se é que já não está tudo certo.

- Shhh, shhh, shhh.- Com a ponta do dedo indicador, sob uma grossa luva de couro, continuou: - Estão ouvindo isso ? - Questionou Lahey.

- Ouvindo o quê, capitão?- Indagou Ramirez.

Um barulho de ferro sendo entortado e arranhado, uma breve iluminação de faíscas e foram capazes de ouvir algo se movimentando em direção a eles, havia saído do teto do elevador que ocupavam.

- Vamos, direto para o elevador, talvez esteja liberado. - Disse Frank para o grupo, que já se aprontava para tal.

- Não! Todos parados. - Interrompeu o Capitão.
- Não queremos ser encurralados em um corredor qualquer por alguma criatura de merda, vamos nos espalhar e nos esconder, aqui mesmo na cafeteria. - Tomando um pouco mais.

Ramirez já havia analisado o local, olhou para cada membro e apontou com firmeza onde deveriam se proteger. Fizeram em silêncio.

Era Rhea, uma das Três Bestas de Kaba.

Com sua pelagem completamente negra, reluzente e saudável, em sua forma quadrúpede tinha aproximadamente 1 metro e 20. Sua cabeça era gigante, as presas eram enormes, capazes de perfurar por completo o corpo de um humano adulto bem como suas garras que se destacavam na enorme pata.

Parou no centro da cafeteria, sabia que estava cercada. Foi aí então que ficou bípede, com o corpo ereto concentrou-se no focinho.

Os soldados prenderam até a respiração.

Ela foi capaz de localizar um a um pelo olfato, sabia a posição deles e sabia que estavam tramando, assim como as outras duas Bestas, tinha essa capacidade aprimorada.

- MIIIIIIIIP. - Vociferou a fera.

Encostou as patas dianteiras no solo novamente e correu em direção a um amontoado de cadeiras.
Ramirez viu que não havia como se esconder, tratou de ficar de pé e mirar diretamente entre os olhos da criatura que se esquivou da primeira rajada, tendo apenas duas balas atravessando uma de suas chamativas orelhas, a esquerda no caso.  Sangue e pedaços dela voaram o que não foi suficiente para conter o avanço do animal em sequer um único centímetro.

Ao atingir uma distância próxima de sua agressora, Rhea baixou a cabeça, virando bruscamente para o lado, fazendo com que seu enorme e bem nutrido corpo girasse sob as quatro patas, desferindo um golpe com a sua cauda, acertando Ramirez em cheio.

A soldada fora arremessada e deslizou pelo piso bem encerado, batendo na parede, confundindo suas ideias e percepções.

Frank aproveitou o momento de distração da criatura e lançou em sua direção duas adagas quase que juntas, uma passou de raspão em sua barriga realizando nada menos que um arranhão e um tufo a menos da grossa pelagem da Besta a outra atingiu o vão entre as costelas esquerdas dela. Que gritou enfurecidamente: KYAAAAAAAHHHH.

Seus olhos brilharam num vermelho intenso, pareciam chamas. Tomou um curto fôlego, parecia que estava canalizando energia...  se acalmando, raciocinando.

Rhea partiu novamente em direção a Ramirez, ao invés de atacar a soldada, preferiu apenas segurá-la com a boca, usando-a de escudo humano. Esperava que com essa atitude os companheiros tentassem se postar atrás dela, acabaria com eles com suas poderosas rabadas. Não aplicava força suficiente com suas presas pois sabia que uma vez morta, estaria vulnerável.

Lahey correu, sacou ambas pistolas automáticas, com uma atirou contra a janela, com outra, atingiu a máquina de bebidas quase que atrás da criatura, ao mesmo tempo ambos disparos. Rhea deu dois passos para trás e sentiu novamente adagas perfurarem parte de seu corpo, o ferimento fez com que fincasse um pouco suas presas em Ramirez que acordou com a dor: - PORRA, ME TIREM DAQUI. - Tateava o próprio corpo em busca de algo que pudesse usar e agredir o monstro.

Em um trote magnífico e esquecendo de todo treinamento que recebera, Chumbo estava praticante embaixo da fera. Havia soltado sua Gatling Gun, com a mão direita espalmada, aplicou um golpe logo abaixo da garganta do roedor, que de súbito cuspiu Ramirez pra fora da boca.

O homem pesado, segurava agora a enorme criatura pelas presas, em uma disputa de força.

Frank pegou uma de suas bolas de ferro, envolveu em uma tira de pano e começou a girar o artefato no ar. Lahey atirava incontáveis balas em Rhea que não desistia de sua disputa um tanto quanto pessoal.

O Rato Gigante se desvencilhou e cravou uma acintosa mordida no ombro direito de Chumbo, que ficou de joelhos imediatamente. Sangrava muito, talvez só estivesse consciente devido a determinação que empregou a causa.

O rabo de Rhea se debatia incontrolavelmente, rachando o piso em cada descida bruta. Seu corpo estava perfurado, faltava pelo, faltava partes, mas seguia lutando. Lahey se aproximou para estourar os miolos dela agarrando seus bigodes, Chumbo perdera a disputa e teve o corpo rasgado ao meio pelo poder de suas garras. Guinchou triunfalmente : - MUHRWAAAA.

E engoliu a parte superior do corpo do homem, deixando a cintura e as pernas para trás.

Esse fora o último ato de Rhea, que caiu morta, os olhos continuavam abertos, porém sem o apelo flamejante que emanava. 
O Capitão levantou a blusa de sua subordinada, fez menção para que Frank a segurasse. Pegou alguns projéteis não disparados da arma do recém falecido, desafixou sua base e despejou uma grande quantidade de pólvora no corte de maior gravidade.

- Segure bem amigão. Essa merda vai doer pra caralho!- Disse ele.

Deu três tapas leves para que ela acordasse e já tinha o cantil em mãos.

- Filha, é bom você tomar bastante, bastante mesmo.

O fez, tossiu algumas vezes, torceu o rosto devido ao elevado teor alcoólico da bebida, já se sentia entorpecida. Suava bastante, sua franja estava emplastrada em sua testa, recostou a face no chão frio e reconheceu os restos mortais de seu amigo. Quando os olhos começaram a marejar um clarão fez com que ficasse temporariamente cega. Sentiu o cheiro da própria carne tomar conta do ambiente, parte de sua barriga estava em chamas, no intuito de que o sangramento fosse estancado, a ferida esterilizada e devidamente fechada.  A insuportável dor, o sofrimento horrível, a agonia intensa não durou muito tempo, voltou a apagar.

 Com um leve sinal sonoro o elevador indicava que estava pronto para subir novamente.

Frank pesou a atual situação, perderam um membro, a pessoa mais inteligente dentre os três estava enfraquecida e o Capitão não parecia muito sóbrio, optou ao invés de se entregar ao desespero, se entregou ao momento, tomando o cantil da mão do homem liquidando com o seu conteúdo.











24/10/2017

Acampamento Omega

Eu tinha cerca de doze anos quando meus pais me mandaram para aquele buraco de merda. Eles estavam muito determinados em me levar ao acampamento. Não apenas aquele acampamento, mas qualquer um. Eu levei aquilo como um código para "Nós-estaremos-no-trabalho-a-semana-toda-e-não-confiamos-em-você-sozinho". Meus pais me mostraram o folheto, na verdade até parecia divertido! O folheto apresentava slides, atividades, e qualquer coisa que uma criança de doze anos iria querer em um acampamento. Era bastante legítimo. As crianças pareciam estar se divertindo na imagem. 3Eu pensei sobre e acabei cedendo.

Me lembro como se fosse ontem. Acampamento Omega na encosta da montanha Virginia em alguma cidade pequena. Era como qualquer outro acampamento, beliches para dormir, fogueiras à noite e monitores amigáveis. Pensando melhor, talvez amigáveis demais. Na época, pensei que estavam sendo amigáveis  porque era seu trabalho. Eu nunca estive tão errado.

O Acampamento foi divertido no começo, embora as atividades fossem um pouco estranhas. Nós tínhamos que fazer esses bonecos que se pareciam conosco. O meu tinha palha para o cabelo e olhos de botão azul. Então tínhamos que fazer pulseiras com nossos nomes nelas. Tudo era personalizado como eu esperava do Acampamento. Tínhamos fogueiras e compartilhávamos nossos sentimentos até nos conhecermos muito bem. Havia cerca de 23 outros campistas e 15 monitores. Uma campista chamou minha atenção, seu nome era Jeanette. Ela era legal e não falava muito. Eu também era tímido, então nos conectamos facilmente por aproveitar o silêncio.

Foi o último dia do Acampamento de uma semana. Eu estava tão feliz em ir pra casa no dia seguinte, o Acampamento era divertido, mas eu sentia falta de casa. Nós sentamos ao redor da fogueira, todos, incluindo os monitores. Eu não tinha certeza se era o fogo mas eles pareciam diferentes. Pareciam familiares mas seus rostos estavam pálidos como fantasmas. Encolhi os ombros e ouvi a próxima atividade.

Gostaria de não ter ouvido.

Todos nós tínhamos nossos bonecos que se pareciam conosco. Eu segurei o meu em minhas mãos e tentei não olhar para ele, seus olhos de botão vazios me encaravam. "Isso representa o antigo você. Você antes do Acampamento", o Monitor principal disse a todos nós. Então eles nos fizeram jogar os bonecos na fogueira. Eu assisti enquanto o meu era envolvido pelas chamas, estalando enquanto o fogo consumia sua pele de lona. "Você é uma nova pessoa agora." A monitora chefe nos disse.

Após a queima dos bonecos, eles nos disseram que haveria um jantar e uma cerimônia de despedida. Dois dos monitores nos levaram de volta às cabines e nos disseram para embalar nossas coisas. Eles explicaram que a cerimônia de celebração era em um celeiro na margem da propriedade. O outro monitor saiu, então estava apenas um com a gente. O nome dele era Scott. Ele era sempre muito legal r tinha ótimas piadas. Esperou na fogueira enquanto todos reuníamos nossas coisas. Ele estava agindo estranho quando ao lado dele para esperar os outros. Estava encarando o fogo silenciosamente, com um olhar perturbado em seu rosto. "Eu amo vocês", murmurou quando nos reunimos. Eu não sabia com quem ele estava falando, então presumi que tinha ouvido errado. "Eu amo vocês, e faria qualquer coisa por vocês." Ele disse claramente então todos nós ouvimos.

Todos nos olhamos com expressões confusas, mas foi um gesto legal então dissemos que o amávamos também. Ele sorriu e levantou "Estamos prontos", ele afirmou e então nos guiou pela floresta até a margem do Acampamento. Estava escuro e o ar ficou mais denso. Eu estava entusiasmado para a cerimônia. Estava pronto para ir embora e ir pra casa onde tinha TV a cabo e internet. Já tive o suficiente ao ar livre.

De repente, saímos da floresta e o celeiro surgiu da escuridão. Todos os monitores do Acampamento estavam ao redor dele em um círculo com tochas na mão. Senti meu estômago se embrulhar. Sabia que algo não estava certo assim que nos levaram ao celeiro.

Era uma estrutura antiga e em péssimas condições. Tenho certeza de que de aquilo não cumpria o código dos padrões de construção e também tinha certeza de que não deveríamos estar lá. Os monitores entraram e formaram um círculo ao nosso redor, fechando a porta atrás deles.

A monitora chefe saiu do círculo e ficou diante de nós: "Jeanette Lewinski, por favor dê um passo a frente para sua partida." Todos ficamos desconfortáveis mas Jeanette seguiu adiante. Fiquei feliz por ela; talvez ela conseguisse uma fita ou algo legal para levar para casa.

Os monitores saíram do círculo ao redor do celeiro e foram para o círculo ao nosso redor, todos segurando suas tochas. Eu podia sentir meu coração batendo mais rápido conforme eles se aproximavam.

E esfaquearam Jeanette no pescoço.

Ela não gritou e de repente foi um pandemônio súbito quando os monitores jogaram sua  tochas nas paredes do celeiro. Eu não percebi que todos os monitores tinham longas facas serrilhadas com eles. Tentei correr, mas o celeiro estava começando a ruir. As crianças corriam e gritavam antes de seres esfaqueadas pelos monitores.

"Nós temos que sair daqui!" Gritei antes de ir direto para Scott.

"Carl, você não quer ficar para a cerimônia?" Ele me perguntou, seus olhos estavam completamente pretos e tinha um sorriso sádico em seu rosto.

Eu o soquei no estômago e corri, fugi por uma abertura no celeiro. Nunca tinha corrido tão rápido na minha vida. Olhei para trás, brevemente. Gostaria de nunca ter olhado para trás. Podia ver figuras escuras, apenas a silhueta pela luz do fogo, sendo esfaqueados pelos monitores.

Ouvi um canto ecoado, no início não consegui entender, mas ficou mais alto:

"Nós sabemos o que é melhor para você, nós o amamos."

E se repetia. A bisão do último suspiro de Jeanette enquanto sua boa enchia de sangue passava pela minha mente, corri.

Corri para a floresta, meu coração batendo como um tambor. Eu não sabia onde estava indo. Estava apenas correndo na direção de onde tínhamos vindo. O canto me seguiu. "Nós sabemos o que é melhor para você, nós o amamos." Se repetia como um disco arranhado.

O brilho do inferno iluminou a propriedade vagamente, então pude sair pelo outro lado, onde as cabines ficavam. Eu olhei para trás novamente; Pude ver uma movimentação atrás de mim, e o canto ficando mais alto. Como eles me encontraram? Como eles me seguiram?

"Nós sabemos o que é melhor para você, nós o amamos."

Corri mais rápido, mas senti uma mão puxar minha camisa. Eu caí e a pessoa caiu junto comigo. Olhei para trás e vi o monitor, ele estava segurando meu tornozelo com uma mão e uma faca com a outra. Seu olhos eram um buraco negro e vazio e sua pele era branca como um papel. Gritei e chutei a faca de sua mão com meu outro pé. Isso afrouxou seu aperto um pouco e me deu tempo te ficar de pé e correr para a saída,

O letreiro que dizia "Acampamento Omega" ficou assustadoramente acima da entrada. Corri diretamente através dele. Os passos atrás de mim pararam. Olhei para trás de mim novamente, e lá estavam eles. Parecendo presos dentro da área do acampamento estavam todos os monitores. Paarados como pedra. Como se soubessem que não podiam atravessar o portão.

Começou a chover e foi quando eles colocaram os capuzes. Eu não percebi os capuzes e as vestes antes. Mesmo na luz fraca, eu poderia dezer que eles estavam vermelhos de sangue.

"Nós sabemos o que é melhor para você, nós o amamos."

Começaram a cantar em coro novamente. Me afastei lentamente, os olhos arregalados de terror enquanto tiravam os punhais novamente. Eu pensei que eles iriam jogá-los em mim. Parte de mim queria correr e gritar, mas a outra parte estava paralisada, olhando a cena com curiosidade.

Em uníssono, eles levantaram suas facas manchadas de sangue e se esfaquearam no pescoço. Sangue brotava de todos os lugares. Eu podia ver se misturando com a chuva enquanto escorria pelo pescoço e caíam.

Tudo o que podia fazer era gritar e correr pela trilha para a pequena cidade. Parecia que eu tinha corrido semanas até encontrar a cidade e a delegacia. Alívio tomou conta de mim quando entrei pela porta de madeira. Devo estar parecendo um trapo. Meu cabelo estava emaranhado com uma mistura de suor e chuva. Provavelmente tinha sangue nas mãos. Olhei para eles.

Eles estavam limpos. A chuva deve ter lavado o sangue. Andei pela recepção tão calmamente quanto pude, a secretária olhando para mim. Tinha uma expressão chocada no rosto como se eu tivesse levantado dos mortos. Presumi que era por causa da minha aparência desgrenhada.

Expliquei tudo para ela. O Acampamento, os monitores, o que fizeram, tudo. Ela ficou chocada e me deu um copo d'água. "Você quer chamar seus pais, Carl?" Ela me perguntou.

"Sim, por favor." Ela me deu seu telefone e eu liguei para eles. Fiquei surpreso que eles conseguiam me entender já que eu estava engasgando em minhas próprias lágrimas e catarro que corriam pelo meu rosto e se acumulavam na minha boca. Eles vieram o mais rápido que puderam para me buscar. Uma hora depois eles chegaram à delegacia. Fiquei tão aliviado que eles me encontraram que assim que entrei no carro eu fechei meus olhos. Me sentia seguro.

Devo ter adormecido pois quando abri os olhos nós estávamos em um lugar que não me era familiar. Pisquei algumas vezes; nós tinhamos estacionado em frente a um prédio de tijolos com um ar tenebroso. Foi então que percebi algo. A mulher da delegacia, como ela sabia meu nome? Eu nunca disse a ela.

"Onde estamos?" Perguntei, apreensivo. Meus pais olhavam para mim com expressões tristes.

"Filho, estamos em uma instituição mental. Estamos preocupados com você." Meu pai declarou, sem rodeios. Aquilo me chocou.

"Vocês não acreditam em mim?", perguntei.

"Carl, você esteve desaparecido por uma semana. Você apareceu em uma delegacia de polícia nesta pequena cidade, falando algo sobre algum acampamento com monitores assassinos." Minha mãe disse. Permaneci em silêncio, tentando processar tudo.

"Carl, sabemos o que é melhor para você, nós o amamos." Eles disseram, em uníssono.



FONTE


Esse conto foi traduzido exclusivamente para o site Creepypasta Brasil. Se você vê-lo em outro site do gênero e sem créditos ou fonte, nos avise! Obrigado! Se gostou, comente, só assim saberemos se você está gostando dos contos e/ou séries que estamos postando. A qualidade do nosso blog depende muito da sua opinião!

23/10/2017

Tem mais alguém tomando vitaminas D-3?

Se sim, acho que você deveria parar. Porque as minhas acabaram de chocar.

Foram poucas delas, dentre muitas cápsulas pequenas e brilhantes no fundo do frasco.  Agora, pensando nisso, não me lembro de onde esse frasco veio. De qualquer forma, eu tinha certeza de que era novinho em folha. Fazia parte da minha rotina matutina; esse grande, progressivo esforço de cuidar melhor da minha mente e corpo. Eu acordava, fazia um chá quente de oolong, engolia uma mão cheia de suplementos e me alongava como um atleta profissional.

E agora cá estou, refletindo se alguma das cápsulas que tomei durante a semana eram a descendência de algum inseto estranho, sabiamente disfarçada como suplemento ósseo.

Os filhotes são pálidos e frágeis, com asas delicadas e um monte de olhos. Posso vê-los através dos lados translúcido do frasco, se contorcendo juntos uns aos outros. Parecem surpreendentemente fortes levando em conta o pequeno tamanho, empurrando comprimidos (ou ovos?) à parte em sua luta para alcançar o top de sua prisão de plástico. Tem alguém que eu possa chamar pra cuidar disso? Controle de pragas, ou meu velho médico, talvez? Mas eu não conseguia me levar até o telefone. Os bichinhos eram fascinantes de sua própria maneira. Não seria justo acabar com suas vidas.

Poderia mesmo existir vários deles dentro de mim? Se conseguissem eclodir na escuridão ácida do meu estômago, o que fariam lá?

Um desconforto perturbante toma conta de mim. Não por causa dos insetos, aliás. É o frasco. Me incomoda não conseguir lembrar de onde veio, ou por quanto tempo tenho o usado. Eu deveria saber essas coisas, não? Não posso esquecer coisas assim. Não mais. Fecho meus olhos e respiro.

Autocontrole. Autocontrole é o que eu preciso agora, autocontrole está dentro de mim, útil e pronto e acessível. "Vai ficar tudo bem", sussurro para ninguém em particular. Então, com as mãos trêmulas:

Alcanço o frasco.

Torço a tampa para abri-la.

Esvazio todo o conteúdo do frasco garganta abaixo.

Engulo tudo, empurrando com o chá de oolong.

Bom, agora os filhotes estão seguros dentro de mim. Mas, um segundo, era isso o que eu queria fazer? Eu devia mantê-los a salvo de mim, ou manter-me a salvo deles? Outra onda de pânico: não pensei nisso, fodi tudo, agi por impulso. Mas é tarde para fazer qualquer coisa sobre isso.

Sento com um suspiro e me dou conta de algo. Minha rotina matutina saiu MUITO do controle. Existem inúmeros comprimidos e suplementos para tomar. Toda aquela loucura médica. Dúzias de formas e tamanhos e cores. Talvez alguma coisa tenha me escapado. Não havia outra pílula que era muito importante? O doutor me disse para tomá-la todos os dias. Mas, estou cheio de insetos, então isso não me parece algo que ainda é relevante.

Me acomodo na minha poltrona.

Sinto o aconchego do chá.

Sinto os filhotinhos se contorcendo dentro de mim.

Logo suas peles sairão, assim como a minha.

Tudo está passando pela minha cabeça agora, o cúmulo da minha experiência de vida: louva-a-deus.

FONTE

Esse conto foi traduzido exclusivamente para o site Creepypasta Brasil. Se você vê-lo em outro site do gênero e sem créditos ou fonte, nos avise! Obrigada! Se gostou, comente, só assim saberemos se vocês estão gostando dos contos e/ou séries que estamos postando. A qualidade do nosso blog depende muito da sua opinião!

22/10/2017

Ballet (Part. 1)

Todos observavam à linda Molly Smith dançar em cima do palco do maior teatro da cidade; com seus passos perfeitos e cuidadosamente dados ela dava o seu show para uma plateia encantada. Um único holofote era ligado e não precisava mais do que isso para que parecesse um anjo, seu rosto não expressava nenhuma dor, suas sapatilhas brancas pareciam nem tocar no chão. 

Sua mãe Denise era a empresaria de Molly e quase toda semana tinham shows pela cidade, algumas vezes convites para se apresentar fora da cidade, mas por alguma razão evitava esses convites. 

‘’Sua filha é tão graciosa, parece uma boneca!.’’ – Disse a senhora que havia acabado de assistir a apresentação. Denise sorriu e agradeceu a gentil senhora pelo elogio e se dirigiu até o camarim.

Molly estava parada olhando fixamente para o espelho onde parecia procurar a si mesma, seu pensamento logo foi interrompido com o girar da maçaneta. Ela sabia que era sua mãe e que já era a hora de voltar para casa. Durante o caminho uma leve chuva começou a cair, as gotas escorriam pelo vidro enquanto as luzes da cidade pareciam se misturar com elas. A sensação de relaxamento tomava conta de seu corpo já extremamente cansado e seus pés dormentes. 

Cerca de uma hora depois  chegaram em casa; Denise sempre a carregava no colo ao sair do carro. ‘’Esse é o preço da dança filha, e você é uma grande estrela. ’’ – Falou orgulhosa enquanto Molly expressava cansaço nos olhos. Era notável o seu esgotamento físico e mental. 

Denise a colocou na poltrona e ligou a TV, esse era o programa favorito de Molly; ‘’Memorias da Dança’’.  Enquanto assistia, sua mãe fazia o dever de casa e cuidadosamente imitava a letra da filha. Era tão boa nisso que poderia ser uma golpista profissional se quisesse. 

As horas foram passando até que as duas pegassem no sono, a noite estava calma e a chuva ainda bem fraca, tudo perfeito  para uma boa noite de sono. As 23:00 o celular toca, o despertador avisa que está na hora dos cremes especiais de Molly que aliviam a dor. 

Então a parte mais difícil começa. ( Continua..) 

Autor: Andrey D. Menezes. 

(Olá! Estou sumido eu sei, mas sempre volto :) (Espero que gostem dessa creepy, está só começando.) 
(Logo mais novidades que eu quero compartilhar com vocês.) (Ps: Estou fazendo uma creepy com bastante cuidado, já tenho 7 paginas haha.) 

Você gosta de chiclete?

Sou funcionário de uma empresa que fabrica chicletes conhecidos como "Poc-Pac" isto, por causa do curioso barulho que fazem quando mastigados. Trabalho no departamento de marketing da empresa e sou o responsavél pela edição dos anuncios de nossa empresa.

Certo dia, estava terminando o ultimo anuncio antes de voltar para casa quando meu chefe, Jeff veio até minha mesa e disse: - Dan, você poderia ficar um pouco mais, pois as coisas estão ruins por aqui e como as vendas vem decaindo, adotamos uma nova fórmula para o chiclete, e estamos trabalhando no anuncio. Por isso, vim pedir para que você termine este anuncio e passe na sala de reuniões onde irei apresentar o anuncio ao departamento de marketing.

- Tudo bem chefe. Respondi.

Terminada a edição, me dirigi a sala de reuniõ para poder ver o novo anuncio. No caminho encontrei Mark o cara que tirava as fotos para cada um dos anuncios. - Hey Dan! Preciso te contar algo. O novo anuncio, parece que vai ser todo "rebuscado" por que o chefe nem pediu meus serviços. Ele contratou um cara de fora, que é tipo freelancer. Nem sei pra que ele vai gastar grana com um cara assim sendo que ele tem o champion aqui!

Mark era do tipo brincalhão que dica sério na hora certa. Sempre fazendo suas piadas, ele era quem animava a monotonia do departamento de marketing.

Chegamos na sala de reuniões, onde a maior parte do pessoal já estava reunido, esperando o chefe. Logo Jeff apareceu com seu famoso "Pendrive imortal" porque de acordo com ele mesmo, era o pendrive que ele usava desde de sempre para salvar suas coisas.

Jeff colocou o pendrive no Netbook da empresa e começou: - Bem, como sabem as vendas tem decaido até então. Mas com um pouco de criatividade, eu pensei em um novo anuncio para nossa empresa alçar voôs. Agora que estamos reformulando nossa fórmula, temos que reformular nossos anuncios também! então, com este pequeno discurso lhes apresento o novo anuncio da empresa!

O telão mostrou uma imagem grotesca, que mostrava um porco como arames nos cantos da boca como que forçando um sorriso. Mark se levantou e pediu licença para se retirar, com uma expressão que misturava horror e nojo.

Jeff percebendo o choque disse: - Ora vamos! está boa a imagem! Só alguns retoques de nosso amigo Dan e o anuncio ficará perfeito!

- Chefe, eu me recuso a editar isto. É extremamente horrivel e passa uma sensação de "venham! Comprem nossos chicletes! São feitos de porcos! Ha Ha Ha!" Eu, não posso editar isto. Dizendo isto, me levantei para sair da sala, quando Jeff, com seu tom habitual disse tranquilamente: - Dan! Nós não usamos porcos para fazer chicletes! Ficariam parecendo borracha de pneu! A nova fórmula, além de trazer novos sabores, também adiciona um novo ingrediente. Por isso, amanhã te mostrarei o novo ingrediente e como preparamos ele para adiciona-lo ao chiclete. Esteja aqui. Irei te mandar a imagem pelo Email. Agora, Todos Dispensados!

Eu estava com ódio fervendo dentro de mim. Jeff so podia ser louco ou pelo menos estava ficando louco. Não havia sentido naquilo. Naquela imagem. Não havia sentido em nada!

No outro dia, cheguei na empresa e a primeira coisa que fiz foi abrir meu computador e checar meus emails para ver se Jeff realmente havia mandado a imagem ou se era piada com a nossa cara e o anuncio novo seria melhor. Quando abri o email senti a furia crescendo dentro de mim, lá estava a maldita imagem do porco. E junto do anexo um emoticon feliz. Aquele homem, ele era louco! Por que diabos ele insistia em publicar um anuncio com uma imagem tão horrivel?

Fechei o email e fui atrás de algum jogo para download, estava determinado a não fazer aquela porcaria, como havia dito na reunião.

O dia foi passando enquanto eu jogava aquela porcaria entediante. Jeff chegou em minha mesa quando eram umas 6:15, perto do meu horário de saida.

Com um sorriso no canto de sua boca disse: -Então Dan vou te mostrar o novo ingrediente e como é o preparo dele. Só espero que você não se impressione... Saimos andando até encontrarmos uma porta onde se lia: "Entrada de visitantes." Jeff, abriu a porta e entrou, com um sinal de venha para mim. Eu, fui seguindo.

Passamos por vários locais onde se via o preparo do chiclete e tudo mais. Até chegarmos em uma porta onde se lia: "Sala de remoção". Jeff me disse em tom calmo: - Aqui é onde obtemos o novo ingrediente para preparo. Depois deste processo, ele passa para a sala de preparo e por fim é adicionado aos chicletes.

Entramos na sala e pude ter a visão mais grotesca de minha vida. Um cirurgião ao som de musica classica, removia as cartilagens de um porco e ia colocando em uma bandeja. Senti a

bile subindo pela minha garganta e não pude conter, me ajoelhei no chão da sala e devolvi todo almoço daquela tarde.

Jeff observava sem nenhuma reação, como se fosse normal para ele ver uma cena daquelas. Eu sabia o motivo pelo qual eu havia vomitado, além da cena, eu havia mascado 2 ou 3 chicletes de menta que havia comprado na cantina da empresa.

Jeff disse: - Dan... Qual é o problema? A cartilagem, deixa o chiclete extremamente mais elástico. E com a adição de alguns copos a mais de açucar e corantes, ele fica perfeito para aumento das vendas! Acredite em mim, foi a melhor que já tive em toda minha vida para crescer esta empresa!

- V-Você só liga para si mesmo, esta empresa estúpida e dinheiro NÃO É?

- Ora Dan... Não seja assim... Afinal, sempre tiramos a cartilagem de porcos. Então pensei em te trazer como o cobaia n° 1 para ver se cartilagem humana é boa e tão elástica quanto a do porco!

A ultima coisa que me lembro, é de uma pancada na nuca, e das risadas de Jeff ecoando em minha mente.

Continua...

Bom, pessoal. Esta, é a primeira parte de uma creepy que venho planejando! Com a aprovação de vocês, posso continuar esta creepy! Então, boa leitura!

Autor: Franklin Domingos

21/10/2017

A Outra Rede

Rumores sobre a Outra Rede tem existido por algum tempo, mas acredito que eu sou a primeira pessoa a investigá-los propriamente. Estou certo de que sou o primeiro a compartilhar o que descobri. Eu não vou forçar tudo pela sua garganta e fazer com que pareça ser maior do que é, nem vou te dizer tudo que vi. Eu não vou responder quaisquer mensagens sobre o assunto, mas vou deixar instruções para vocês que tiverem motivação o bastante para refazer minha viagem.

Não sei se você já esteve em North Wales. Muitas montanhas e vales, e poucas grandes cidades. Em sua maioria, comunidades rurais. Eu visitei um amigo em Bangor algumas vezes, então eu sabia o caminho para a costa. De lá, foi uma questão de ir para o sul, para o sopé do Monte Snowdon.

Demorou algum tempo para encontrar o velho centro de pesquisas. Foi abandonado há anos, e por isso seu endereço não estava em meu SatNav, mas alguns dos moradores da região que saíram para fazer trilha me mostraram o caminho certo. Se você planeja ir até lá, te aconselho a fazer o mesmo. É fácil se perder nessas estradas rurais.

Como era de esperar, lá estava a placa que eu li a respeito: as palavras originais, "Centro De Pesquisa Climática Gwynedd" estavam pouco visíveis através da camada enfraquecida de tinta preta que foi aplicada sobre a placa. No lugar dessas palavras havia sido simplesmente escrito "fim".

Passando esse belo exterior, eu passei por um espaço apertado, onde as cercas vivas cresciam altas e embaraçadas com ervas daninhas. Não me refiro a apertado como "ah, vai ser complicado se eu encontrar outro carro vindo na direção oposta". Me refiro de algo do tipo "trinque seus dentes durante todo o caminho porque você vai ouvir os arbustos arranhando os lados do seu carro". O pavimento da estrada virou brita, e então fez um ângulo para cima, extremamente agudo. Meus pneus começaram a derrapar, os mecanismos interiores rangeram dolorosamente, e ficou claro rapidamente que eu não iria conseguir subir. Eu dei ré na curta distância que eu consegui cobrir e estacionei, pegando meu laptop e colocando a Maglite de meu pai no bolso. Era uma manhã cinza, e eu não sabia qual seria o estado das luzes do prédio. Abotoando minha jaqueta, eu subi a colina.

A porta não estava trancada, mas eu decidi esquadrinhar o perímetro. Estava exatamente como no post online original: janelas tapadas, nenhum poste de luz ou telefone alimentando o prédio e uma carcaça exterior coberta quase que completamente por grafites. Nenhum veículo estava à vista, e as câmeras de segurança estavam mortas em suas gaiolas. Bom o bastante para mim.

O interior estava escuro, como eu previ. Acendi a Maglite, e deixei que iluminasse as paredes encardidas e o chão poeirento. Estranho que estivesse tudo tão intocado, qualquer um pensaria que isso fosse o paraíso de um vândalo, ou pelo menos entulhado de agulhas usadas e embalagens de camisinhas, como a maior parte de prédios abandonados costuma ser. O grafite ainda estava lá, mas parecia mais "hesitante". Estava muito espaçado e sem força, quanto mais para dentro do corredor eu ia. Finalmente acabou alguns passos de distância da mesa da recepção. Os adolescentes locais tinham obviamente perdido a coragem.

Achei a caixa de fusíveis atrás da mesa e acionei algumas das chaves de maneira experimental. Nada aconteceu. Se os fusíveis estavam todos queimados ou se não havia energia em absoluto, eu não sabia, mas eu definitivamente não tinha a capcidade de consertar isso. O email que eu recebi sobre o assunto me disse para não me preocupar com a eletricidade, mas (e pode me chamar de covarde se quiser) tendo que escolher entre luzes e me enveredar por um prédio isolado e escuro por minha conta, eu preferiria a primeira opção.

Após subir uma escada para o andar seguinte, eu consegui alguma luz. As janelas não estavam cobertas, e grandes raios de sol haviam passado pelas molduras vazias. A única coisa "assustadora" sobre esse lugar era o quão organizado estava. Sim, uma grossa camada de poeira cobria tudo, e quaisquer móveis que ainda estivessem lá estavam empilhados em um canto, mas não havia qualquer sinal de pertubação humana. O tipo de lugar que um explorador urbano mataria para encontrar, sem dúvidas. Eu quase senti como se não fosse bem vindo ali. O melhor exemplo que posso encontrar de algo do tipo é quando você chega muito tarde para a aula na escola. Sabe quando todo mundo se vira para olhar pra você e você sente como se não fosse bem vindo? Pois é, eu estava com a mesma sensação no meu estômago quando encontrei aquele lugar.

Era basicamente como o email havia descrito: um grande, amplo escritório, com marcas no chão e teto onde os cubículos uma vez estiveram, e uma grande quantidade de cadeiras de escritório largadas em um canto. Havia apenas uma mesa no escritório: empurrada contra uma parede distante. Conforme eu me aproximei, percebi que eastava completamente livre de poeira.

Eu tirei o laptop da minha bolsa e coloquei na mesa. Era uma porcaria de laptop barato modelo 2000, que eu comprei online por mais ou menos £30, reformatei e instalei apenas as funções básicas. Foi especificamente para a excursão: eu não ia arriscar minha máquina de uso pessoal em uma história interessante que eu li na internet.

Uma vez que estava tudo ligado, eu peguei o cabo de internet. Era um velho e cinza: o tipo que você atribui a tons dial-up e pais reclamando por você estar ocupando a linha telefônica. Uma ponta foi para o notebook, e eu passei a outra por trás da mesa, me agachando sob ela, e encontrando a entrada do cabo de internet. Meus dedos perceberam um cabo já conectado, e eu o removi e substituí pelo meu. Quando eu me ergui, notei que o cabo que eu removi estava partido: como se a outra metade tivesse sido removida tão abruptamente que o plástico tivesse partido e os cabos no interior também. Ainda tenho esse resto de cabo no meu escritório, na verdade.

Nada aconteceu. Nenhum ícone apareceu anunciando que eu havia conseguido me conectar à rede, e o pequeno símbolo de força de sinal no canto inferior direito da tela insistia que eu não estava online. Confuso, eu chequei a versão impressa do email. Nenhuma menção a isso. Talvez a falta de eletricidade fosse um problema, ao contrário das informações que me foram passadas.

Eu abri o CMD e tentei mandar um ping. Um ping, a propósito, é um tipo de mensagem que o computador envia, para testar a conexão. Ou ela volta, ou recebe uma resposta de outras máquinas e servidores na mesma rede que você. Para minha surpresa, eu recebi duas ou três respostas automáticas. Estava online, sem dúvidas.

O próximo passo era a internet. Minha homepage estava configurada para ser o Google, mas estranhamente, o programa passou uns bons 10 minutos em uma página em branco, antes de me redirecionar para outro site de buscas. Era similar ao Google em seu minimalismo; plano de fundo branco com uma barra de texto central, mas o endereço era:

"www.patriotsearch.com". Em lugar do logo do Google, havia uma simples imagem, no estilo rascunho, de um soldado com semblante estóico, segurando uma bandeira britânica em uma mão e uma americana na outra. As palavras "Semper Fidelis" estavam marcadas em seu capacete. Eu tentei abrir o Youtube, mas a página deu um erro 404 por alguns instantes antes de me redirecionar para o site patriotsearch novamente. Minha boca secou após eu clicar na opção de busca, e fui para o site da BBC News. Esse, aparentemente, ainda estava online.

Conforme eu li as manchetes, quaisquer dúvidas que eu ainda tivesse rapidamente se apagaram.

"A Segunda Guerra Civil Americana cresce em tamanho e intensidade."

"Tropas americanas são relocadas do Afeganistão, Egito e Turquia para defender o solo de origem."

"França e Espanha estão abaladas após terroristas detonarem um dispositivo termonuclear em suas fronteiras."

"A polícia no texas circula imagens de homens que, acredita-se, são responsáveis pelo sequestro e morte de mais de cinquenta mulheres desde 2008."

"Proibição de porte de armas deve se tornar lei em todo território americano após o atentado na Casa Branca na última semana."

"EUA e Reino Unido permitirão que Austrália e Canadá se juntem à 'Aliança Patriótica'."

"Terroristas do Reino Unido continuam assassinatos nas cidades fronteiriças; exigem a independência da Escócia."

"Físicos Teóricos da Alemanha são presos por agentes americanos, sob acusação de traição. Pesquisa de universos alternativos e viagem interdimensional entre os itens confiscados."

Eu me sentei, coloquei um cigarro em minha boca e o acendi. Eu não tinha a menor idéia do que eu havia encontrado, e ainda não tenho, mas era grande. Uma espécie de Realidade Alternativa? Notícias do futuro? Era grande demais para ser um truque. Enfim, como o email havia me dito, essa "outra internet" era uma espécie de sobreposição entre o nosso mundo e um outro. Eu voltei para o site patriotsearch e comecei a digitar tudo que veio a minha mente: "Olimpíadas", "Facebook", "Ato de Direitos Humanos", "poderes da polícia", "atual mapa do mundo".

Devagar mas sem dúvidas, uma imagem começou a se formar. Uma imagem do mundo além do meu laptop, e do pequeno cordão umbilical que era o cabo. Eu era um homem cego, sentindo o caminho através de uma caverna, pedaço por pedaço. Quanto mais eu lia, mais assustado eu ficava. Muita coisa ruim havia acontecido. Eu não tenho o tempo ou a paciência para listar tudo que havia lá. Você não pode esperar que eu descreva toda uma timeline alternativa, mas eu vou dar alguns exemplos: a polícia nos EUA e no Reino Unido estava sendo gradualmente apagada, e o exército estava tomando seu lugar. Pelo que pude absorver, os únicos crimes propriamente investigados eram traição e fraude, permitindo que todos os assassinos e pervertidos fossem livres para fazer o que quisessem. Alguns até mesmo ganharam cultos de fãs. Eu encontrei um site dedicado a alguém chamado "Dockyard Butcher". Tinha uma galria de imagens e vídeos na barra lateral, e as coisas que eu vi me deixaram nauseado. O mundo estava superpopulado, mas não apenas como o nosso: eu não estou exagerando. Londres estava cheia de favelas: o tipo de coisa que você não esperaria encontrar fora de um país de terceiro mundo. Havia tanta informação para absorver, que eu provavelmente estou esquecendo boa parte conforme escrevo...

Ah, e algo aconteceu com Nova Iorque. Haviam muitos registros sobre ela, datando até o fim dos anos 90, mas então eles simplesmente pararam, como se nunca houvessem existido. Eu não consegui encontrar essa cidade em nenhum mapa. Nenhuma discussão em fóruns públicos. Não sei se foi um exemplo isolado ou se houveram outras cidades que deixaram de existir, mas se alguém quiser investigar, é algo interessante para pesquisar. Eu realmente...

... Eu realmente aconselho que você não o faça, no entanto.

Um "bleep" me assustou. Eu deixei a janela do CMD aberta após testar minha conexão. Estava me notificando a respeito de um "ping". Eu abri a janela, e, sem dúvidas, eu havia recebido um ping. Momentos depois, um outro ping apareceu na janela. Uma diferente fonte, no entanto: o endereço I.P. estava listado sob a notificação. Até onde se sabe, esse prédio era o único conectado à "Rede", então esses pings não haviam vindo desse lado. Conforme eu tentava entender o que estava acontecendo, um terceiro ping apareceu. Algo clicou em minha cabeça, e eu senti meu estômago revirar. Eu havia olhado para o desconhecido, e agora o desconhecido estava olhando de volta. Pessoas desse "outro mundo" haviam percebido minha tola investigação, e estavam, agora, nos investigando.

Foi aí que meu laptop ficou completamente insano. O mouse parou de responder a meu uso: na verdade, o ponteiro sumiu completamente da tela. O navegador travou, e então me levou a um outro site: uma página em branco que abriu quase instantaneamente. Um arquivo começou a carregar na máquina: seu ícone era um globo ocular pálido e sem pupila, e seu nome um espaço em branco. Embora eu não estivesse particularmente preocupado com o bem estar do laptop, a mera idéia de algo desse "outro lugar" forçar sua entrada em minha realidade era terrível. Eu caí de joelhos e exatamente quando o download chegou a 75%, eu arranquei o cabo da parede. Um alto som de estática saiu das caixas de som, e a barra de download congelou na tela.

Eu derrubei meu cigarro na pressa, então, me sentei, acendi outro, e olhei para a entrada do cabo na parede: arranhada e levemente deformada devido à minha brusca saída do mundo que existia além dela.

Eu não tenho idéia de para que o programa em forma de olho servia, e não tentei descobrir. Eu desmontei o laptop ali mesmo, e cuidadosamente esmaguei cada peça sob o solado do meu sapato. Tudo que restou do interior do notebook é uma confusão de pedaços de plástico verde e metal retorcido.

Quanto ao que o futuro guarda para o velho prédio de Pesquisa Climática: eu não tenho idéia. O conselho de Gwynedd vem falando sobre demoli-lo há anos, e talvez um dia eles façam isso. Serei honesto: quando esse prédio não for nada além de entulho e cinzas, não lamentarei sua perda. Até lá, a entrada de internet, essa pequena janela para o desconhecido, ainda estará lá. Se você quer tanto investigar, não posso impedi-lo. Ainda asism, é óbvio que qualquer mundo que A Rede represente é uma sombra cruel e maliciosa da nossa. Apenas um alerta para qualquer outro de vocês que queiram brincar de pioneiros: se eles tentarem fazer contato, ignorem, e se eles tentarem forçar entrada, neguem.

Cientistas acreditam que, se universos alternativos existem, então seria praticamente impossível transferir objetos físicos de um para outro. Mas informação consiste apenas de impulsos elétricos, energia, portanto uma força que pode ser trocada entre duas "realidades" simplesmete abre caminho para outros, bem menos desejáveis visitantes. Acredito que quaisquer possibilidades que a Outra Rede tenha para nós são superadas pelos riscos. Porque o que se encontra atrás do véu não é um monstro ou demônio, mas sim uma humanidade fria e odiosa. Ela sabe com pensamos, e sabe que voltaremos. Se nada disso te desencorajou, então por favor, por favor tenha cuidado.

INFESTATIO

PARTE - I
PARTE - II
PARTE - III
PARTE IV & V
PARTE - VI
PARTE - VII

FINAL - VOL.I




Sara juntamente com outros membros da Contritio traçaram duas diferentes estratégias de investida, a primeira envolvia um ataque a própria Infestatio, após estudarem as plantas da fábrica e como proceder uma vez que atingissem o perímetro, as rotas das quais utilizariam para chegar e sair. Esse era o trabalho do Time Alpha que contava com o Capitão Lahey(Carinhosamente chamado de Capitão Ressaca ),Chumbo, Frank, o piloto Cruz e Ramirez.

 Também analisaram o mapa detalhado dos esgotos, levantaram novamente a questão em relação a uma área específica que parecia ser uma câmara, ninho ou algo parecido, sentiam que aquilo seria parte essencial para derrubar a ascensão de Kaba. Trabalho dedicado ao Time Bravo liderado pela Capitã Marreta, Marta, Veronica, Cristie e Alan.

Antes de saírem, tomaram uma injeção da qual não souberam muitos detalhes, que causou efeito imediato, sentiram-se mais fortes e algo do qual haviam a muito esquecido a GULA.

Realizaram um banquete invejável, naquele dia comeram mais do que nas últimas três semanas, estavam revigorados, satisfeitos, cheios de energia e sentindo-se capazes de qualquer coisa.
O sol raiava impiedosamente, 37 graus centígrados com uma "agradável" sensação de 40, era um tremendo castigo para eles que faziam uso de trajes protetivos  e revestidos por mais e mais camadas.

Cruz estacionou o caminhão e aguardava pelos passageiros, usaram um caminhão "disfarçado" em ambas laterais contava com um gigantesco anúncio em roxo claro " AQUA CURE- FUJA RUMO AO ÊXTASE - JÁ NAS LOJAS" Não que fizesse alguma diferença, não haveria quem os fiscalizasse, não haveria nada... O transporte poderia ser transparente que nada mudaria.

Cruz dirigiu quase que até o limite de municípios para deixar os membros do time Bravo, utilizariam o trajeto menos elaborado e "esquecido" de toda a rede de esgotos, que desembocaria próximo do local do qual gostariam de atingir. Fora um local que não apresentou nenhum tipo de manutenção nos últimos 7 anos, julgaram que era provavelmente a melhor opção.

- Hey meninas, sei que é dispensável dizer porque vocês são fodonas, mas... Se cuidem! Fiquem bem, acredito em vocês.- Disse em tom de despedida.

- Você também Cruz, vocês todos! Esteja aqui para nos buscar mais tarde e poder cozinhar algo legal para comemorarmos. - Respondeu Veronica.

- O que vocês quiserem, da maneira que desejarem, é uma promessa. - Deixando o local vagarosamente.

Marta cochichou: - Mal posso esperar, já estou com fome outra vez, ele é um ótimo cozinheiro! Vou pensar em algo bem trabalhoso pra ele preparar hahaha.

Acenou para elas através do retrovisor, com um largo sorriso e nunca mais voltaram a se ver.

- Ok pessoal, mantenham sempre a formação, todos são indispensáveis e necessários para a missão, MANTENHAM a formação, ela é essencial para o nosso sucesso, organização e prontidão. - Disse Marreta em um tom firme e severo.

A pequena Cristie completou: - Um único momento de hesitação, uma titubeada, uma leve distração pode levar seu companheiro a morte, mantenham isso em mente.

Para dar uma aliviada nas palavras Alan também se pronunciou: - O que Cristie quis dizer é que nenhum de nós aqui é egoísta, já que estamos arriscando nossas vidas para o bem de todos, é claro que em nenhum de nós impera o individualismo, se aqui nos encontramos é porque nos importamos com toda a humanidade, não será difícil tomar as decisões necessárias em prol do grupo.

Em certo ponto as duas novatas se sentiram seguras e seguiram em fila indiana pelo grande túnel de entrada em direção ao subsolo da cidade.

O odor era forte como esperado, demorou um bom tempo para chegarem perto de um sinônimo para: "nos acostumamos com o cheiro de diarreia líquida brutal e mijo concentrado". Em relação a temperatura, impossível que se ambientassem, vertia suor em bicas de todos eles, o ar era quente e pesado, atrapalhava o raciocínio, locomoção e até mesmo a própria respiração que se tornou muito pesada.

O caminho era tranquilo, criando demasiadas suspeitas e expectativas no grupo.

Desceram por uma escada de ferro, eram simplesmente diversas vigas enferrujadas e tortas, fixadas no concreto poroso. Quando o caminho começou a ficar estreito se depararam com uma porta de ferro alaranjada que bloqueava o caminho. Marreta levantou o dedo indicador e o do meio unidos, sinalizando que era para pararem e ao mesmo tempo ficarem quietos.

Puderam ouvir um certo farfalhar atrás dela.

Marreta utilizou a mão que não segurava a Luger destravada para empurrar abaixo a maçaneta, rangendo de maneira estridente e insuportável a fresta da porta passou a se revelar, parou o movimento para se focar no som que cessara surpreendentemente. Virou o rosto com ar de dúvida para seus companheiros e antes de indicar que iria abrir de uma única vez fora puxada de maneira violenta para frente, escancarando a entrada e revelando o horror.

Com uma pata ainda na porta, a Aranha gigantesca arrastou a mulher bem debaixo dela, devia ter facilmente 1 metro e 40, 1 metro e 50. Seus oito olhos tinham o tamanho de uma bola de tênis cada um, suas quelíceras pareciam foices afiadas. Ela estava furiosa, as outras sete batiam no solo tentando perfurar o corpo da sua vítima. Baratas do tamanho de águias voavam em torno e estavam prestes a atacar.

A perplexidade quase tomou conta dos soldados, se não fosse por Veronica romper o inicio do iminente transe do qual se entregariam. Última do grupo, postada de joelhos e com o Rifle Enfield devidamente empunhado começou a abater os insetos gigantes que explodiam a cada tiro disparado, jorrando líquidos viscosos por todos os lados que exalavam cheiro nauseante. Marreta debaixo do pesadelo aracnídeo rolava de um lado para o outro fazendo acrobacias no chão sujo desviando dos ataques mortais da criatura, preocupava-se em se manter inteira, ignorando a Luger caída entre seus joelhos.

Alan berrou: - VERONICA, ACERTA A ARANHA, A ARANHA! - Sua .12, Pump Taurus focava então nas gigantescas baratas causando dando em uma área considerável, atirando no coração do enxame para diminuir sua força e abrangência.

Antes de recarregar Veronica acertou em cheio a cabeça da aranha duas vezes fazendo com que ela recuasse um pouco e rugisse assustadoramente. Cristie disparava a esmo sua HK G3, feriu a criatura maior e a si mesma no tornozelo esquerdo com um dos projéteis que ricocheteou no túnel cilíndrico.

Marreta teve tempo de reaver sua arma e disparar a queima roupa contra o abdômen do monstro, apertou o gatilho por volta de nove vezes antes de entender que já havia esvaziado o pente. Uma das inteligentes baratas conseguiu se esquivar das rajadas e investiu contra quem causava mais dano.

Ela "abraçou" Alan e arrancou grande parte do seu bíceps esquerdo tornando o braço musculoso do guerrilheiro em um volume inútil. Caiu no chão aos berros devido a dor excruciante, quanto mais se debatia, mais sentia os dentes afundarem em si,com a mão direita agarrou a pata dianteira da barata que devia pesar uns 19 kilos ao todo trazendo a cabeça dela mais perto de seu rosto.

 A fúria era incontrolável, não por si própria mas sim devido ao instinto de sobrevivência que havia se apoderado dele.

- POOOOORRA! AAAAH! Desferiu dentadas e mais dentadas na cabeça do predador sentindo uma pasta quente de gosto químico escorrer em sua boca, engolindo parte daquilo, ela conseguiu se soltar de seu agarre e chiou em direção ao teto. Aproveitou o momento em que foi obrigada a abaixar a guarda para quebrar e arrancar a pata afiada da criatura, com uma estocada atravessou seu crânio.

Cristie fora socorrer o colega ferido.

Marreta estava empurrando o corpo inerte que jazia em cima dela para sair debaixo da criatura quando sentiu o solo tremer... Algo vinha de longe.

Se pôs de pé e avisou, com fogo nos olhos : - ALGO ESTÁ VINDO AÍ, SE PREPAREM.

Marta colocou a mão em uma das paredes do túnel e sentiu a vibração ameaçadora e reforçou o aviso de sua Capitã - TODO MUNDO DE PÉ, VAI, VAI, VAI.

Segundo o mapa que possuíam, em trezentos, quatrocentos metros deveriam tomar o lado esquerdo de uma bifurcação, se tivessem tempo o suficiente, seja lá o que estivesse vindo de encontro a eles estaria bem atrás para persegui-los na tomada do caminho, isso se conseguissem chegar antes e não deparassem com o empecilho justamente na entrada.

Cristie mancava devido ao ferimento no tornozelo, Alan lutava para seguir consciente após perder uma quantidade considerável de sangue.

Corriam e corriam sem parar, sem se entregar. Marreta gritava para incentivar sua pequena tropa, de certa maneira surtia efeito, nenhum deles ali queria decepcionar uns aos outros.

Ofegante e sem diminuir o ritmo virou para amiga: - Desculpe Veronica, eu travei, não fiz absolutamente nada.- Pesarosamente lamentou Marta.

- Eu sei, mas entendo! Você vai compensar, precisamos de você, fique firme, estou feliz de que esteja bem.- Respondeu com um sorriso.

Enquanto avançavam pela tubulação escura, iluminada somente pelos neons que traziam junto ao corpo podiam sentir a estrutura que ocupavam balançar cada vez mais. Não tinham ideia do que iriam enfrentar, pareciam ter ultrapassado o que quer que seja, não estavam mais indo de encontro mas sim os tinham quase em seu encalço, talvez 1 minuto ou 2 a frente daquilo. Cristie achava que o túnel estava se enchendo de água e que morreriam afogados, mas não compartilhou o pensamento. 

Veronica achava que um enorme crocodilo surgiria a qualquer instante para os engolir vivos.

Quando Alan começou a ficar para trás, Marta juntou-se a ele ajudando nas passadas, não deixando que o companheiro desistisse, ele passou o braço bom em sua cintura e tentou acompanhar o ritmo. O tremor crescia, crescia e crescia, perderam campo e foram finalmente alcançados...

Marta olhou para trás e gritou: AÍ VEM!

Centenas de pontos vermelhos estavam aglomerados e pararam de repente, juntamente com o grupo de resistentes.

Ratos robustos e nervosos ocupavam todo o túnel, possuíam uma malícia que só podia ser encontrada nos seres humanos, apenas um estava mais a frente dos demais e os encarava com um ar sábio, todo cheio de si. O fim deles era eminente, poderiam ser devorados, pisoteados, esmagados, asfixiados... Havia inúmeras possibilidades de serem vencidos, mas nenhuma de vencer.

Ao perceber o movimento brusco, Caput avançou em direção a eles e desviou das balas provindas da Glock de Marta sumindo na escuridão, enquanto toda aquela massa se preparava para atacar.

De maneira firme e corajosa, Alan desfez a torniquete deixando o sangue fluir, molhou os dedos da mão direita até encharcá-los e como um maestro, regeu toda uma orquestra faminta espalhando seu sangue no ar.

SHHHHWEEEEE. Respondeu o grupo inquieto. Que só não havia avançado por falta de ordens do líder.

- Venham seus filhos de uma puta, venham me comer. Com o ombro do braço ruim empurrou Marta, mostrando a ela que possuía em sua outra mão uma granada sem o pino.

Ela não foi rápida o suficiente para perceber que fora surrupiada, mas fora rápida o bastante para saber que não havia como argumentar ou fazer com que o mesmo mudasse de ideia, sua expressão desesperada serviu de alerta para os demais que correram se afastando o máximo que podiam. O estrondo da explosão os ensurdeceu, juntamente com o barulho dos detritos que indicavam o desmoronamento de parte do túnel.

Um companheiro havia se sacrificado para que pudessem avançar, já que uma vez  com a saída obstruída não tinham a opção de voltar...