07/03/2015

O Jogo do Celular - Parte I

Olá, tudo bem? Você pode me chamar de Jack. Não é meu nome verdadeiro, mas é o que posso passar por enquanto. Calculo que a hora para contar minha história chegou. Acredite ou não, aqui está. Sugiro que você aprenda as lições que ela ensina, mesmo que a dispense como besteira, assim como 98% de outras histórias na internet.

Porém, há mais verdade nessa história do que em qualquer outra que você conheça.

Bem, estou fora do ensino médio há três anos, mas é quando esse evento em particular acontece, então vou ter que voltar meu relógio um pouco para contar a história.

A princípio, no começo do ensino médio, eu ia à escola na parte sul da América, próximo ao golfo. Nós tínhamos todo tipo de histórias de fantasmas crescendo e se tinha uma lição que nossos pais superconservadores nos ensinavam era esta: não se meta com coisas que você não entende.

Bem, eu realmente não era popular na minha escola no Sul. Meus primeiros anos foram realmente dolorosos porque eu era um grande idiota e todo mundo me zoava. Eu era um solitário e o que eu realmente fazia na sala de aula era jogar no meu Game Boy o dia todo antes de correr para casa para jogar um MMO que eu era viciado.

Tudo isso mudou no meu penúltimo ano, quando o trabalho da minha mãe nos fez mudar para o Oeste.

Eu comecei a frequentar uma pequena escola católica com não mais que 250 estudantes. Foi nessa época que finalmente comecei a me ajustar e fazer amigos. Ninguém ali sabia o quão idiota eu era, então eu optei por “esconder meu nível de poder”, como dizem nos animes, e tentar fazer amigos pela primeira vez na vida. Quem sabe? Talvez eu pudesse até conquistar uma namorada gatinha se eu fosse cuidadoso.

Comecei a conhecer o pessoal da escola. Como a escola era pequena, você acaba conhecendo todo mundo da sua sala.

Em meu primeiro dia eu fiz um amigo chamado Sam e na hora do almoço eu escolhi sentar com ele e seus amigos. Ele me falou sobre as outras pessoas da escola – quem era o mais popular, quem eram os atletas e assim por diante.

Ele também me apresentou a seus amigos: Jim, um cara grande que pesava uns 100 quilos; Volgeman, o hacker nerd da mesa; e Thomas, que tocava guitarra.

Também conheci Stephanie, a garota asiática e descolada do colégio. Alguns dos garotos diziam que ela era uma vadia, mas ela parecia ser bem legal. Ela estava sempre jogando e nunca mexeu com nenhum de nós. Ela até parecia pensar que eu era engraçado, talvez seja por isso que ela tenha começado a me ligar às vezes depois da escola.

Sam me contou todo tipo de história sobre ela, como ela costumava fazer lanches pros garotos da escola e borrifava Viagra sobre a comida, ou colocava laxante dentro, então quem comesse sofreria com sua piada dolorosa e indiscutivelmente cruel. Eu apenas ria e, educadamente, recusava sempre que ela me oferecia alguma coisa.

E tinha o Rottenbacher. Seu nome verdadeiro era Jason, mas todos o chamavam de “Rottenbacher” ou “Kraut” porque ele era um nazista da pesada. Ele era marginalizado e solitário, ninguém queria ser associado a ele. Todo dia ele ia para a escola usando uma braçadeira com uma suástica vermelha por baixo de sua jaqueta, onde os professores não podiam ver, mas toda vez que esquentava e ele tirava a jaqueta – ou toda vez que ele se trocava no vestiário – ele estava vestindo a braçadeira nazista.

Além disso, no Halloween e nos eventos à fantasia da escola, quando ele sabia que poderia se safar, Rottenbacher sempre usava um uniforme completo da Schutzstaffel (SS), como as vestes da Gestapo, com o chapéu preto e as botas longas.

Ele era um completo filho da p%amp;. Sempre que alguém contava sobre ele a algum professor ou perguntava a ele sobre essas coisas nazistas, ele dizia insultos racistas e étnicos, xingava e gritava “Heil Hitler!”.

Além disso, uma coisa peculiar que chamou minha atenção e que eu não pude deixar de notar foi que Rottenbacher sempre andava mancando ligeiramente, como se estivesse com dor. Sam me contou uma vez que alguém o viu no vestiário apertando uma cinta de cilício em sua perna, como a que os padres católicos usavam para punir a si mesmos por seus pecados.

Aquela era uma escola católica, então eu, como a maioria das pessoas, apenas supus naquele momento que talvez ele usasse o cilício porque era um cristão devoto. Isso era um pouco estranho para um amante hardcore de Hitler como Rottenbacher, mas era o Ensino Médio e nenhum de nós preferia pensar muito sobre coisas como esta.

Depois de me apresentar a todo mundo, Sam me contou velhas histórias da escola – incluindo uma lenda urbana que circulava sobre Kaylee, uma garota que morrera misteriosamente depois de jogar um tipo de “jogo do celular”. Claramente, ele pôde me mostrar a garota no livro anual e todo mundo recordou que a polícia declarou que ela havia desaparecido sob circunstâncias misteriosas; ela foi dada como morta pouco depois. Se você perguntasse o que exatamente aconteceu, ninguém poderia dizer uma maldita coisa. Eles sempre diziam apenas que foi porque ela jogou o “jogo do celular”.

Sam. Stephanie, a bonita e maliciosa asiática. Rottenbacher, o autotorturador nazista. O jogo do celular. A investigação policial sobre o desaparecimento de uma adolescente. Todas essas pessoas e eventos estavam prestes a se unir para me arrastar até algo de que eu não queria fazer parte. Não tem nem dois anos que eu finalmente entendi como e porque tudo veio a baixo daquela forma.

Em todo caso, o penúltimo ano da escola veio e se foi, e o longo verão passou por nós como uma batida do coração; finalmente estava na hora de começar nosso último ano na escola.

Todos estavam de volta para o novo ano letivo, empolgados para começar o mais preguiço e divertido ano de nossas vidas escolares. Até Rottenbacher, que ainda mancava pela escola com aquela cinta de cilício, ainda jorrando aquele lixo nazista toda vez que alguém decidia mexer com ele.

O ano começou estranhamente silencioso. A conversa era que havia mais dois desaparecimentos relacionados ao “jogo do celular” ocorridos durante o verão com um garoto e uma garota de outra escola, e que a polícia estava investigando um possível assassino em série. Segundo o jornal, o único elo comum que a polícia havia encontrado era que cada desaparecido tinha recebido um SMS que dizia “Bem-vindo ao jogo”. Nenhuma das mensagens havia sido enviada do mesmo telefone, então esta evidencia tinha sido considerada como circunstancial.

Para mim as coisas não estavam ruins. Era o ano em que finalmente eu começava a me abrir mais para as pessoas. Eu tinha feito um bom círculo de amigos em quem eu confiava e eu me sentia mais calmo sendo eu mesmo nesse ponto. Aos poucos fui me encaixando mais e mais e logo eu era muito popular em certos círculos.

Stephanie gostava de andar comigo mais e mais por causa do quão engraçado ela pensava que minhas piadas eram. Pouco tempo depois, um dia – que eu continuo lembrando como um dos dias mais felizes da minha vida – ela veio até mim no meio do pátio depois da escola e me olhou com aqueles lindos olhos puxadinhos, aquele longo e escuro cabelo e um sorriso de matar. Me perguntou bem assim : “Jack, quer sair comigo?” 

Eu ri, corri e pulei de alegria. "Claro que quero," eu disse, e dancei com ela na frente de todo mundo. Finalmente teria uma namorada. Era um dos dias mais felizes de toda minha vida, se não O mais feliz. Tínhamos encontros, nos encontrávamos depois da escola e ela começou a almoçar com o Sam, Jim, Volgeman e eu todos os dias. 

Talvez eu não estivesse sendo tão feliz se eu soubesse o que estava para a contecer. 

Um dia no almoço ela estava sentada conosco, quando ela mencionou que quando dormiu na casa de uma amiga outra noite, elas ficaram acordadas até tarde com umas meninas de outra escola falando sobre o jogo do celular. 

Ela disse que essas garotas sabiam sobre as regras do jogo e elas haviam explicado tudo a ela nos mínimos detalhes. 

Supostamente, você pode jogar a qualquer momento enviando um SMS ao número certo a meia-noite. A mensagem de texto teria que dizer “eu desejo o poder de amaldiçoar”. Se fizesse isso certo, você receberia uma mensagem de volta, “Bem-vindo ao jogo”, e, supostamente, essa era a razão de a polícia ter encontrado a mensagem no celular de todos que desapareceram. 

Stephanie passou a falar sobre o jogo. Nós ouvíamos atentamente o que ela estava dizendo. 

Ela nos contou que uma vez que a pessoa estava no jogo, estaria também em perigo. Em duas semanas teria que completar um número de diferentes tarefas ou alguém seria arrastado para longe durante a noite. 

Eu a interrompi bem nesse ponto. “Arrastado para longe? Pelo quê? Para onde?” 

Ela ficou em silêncio por um momento. 

“Eu não sei” ela sussurrou antes de continuar a história. 

Ela disse que para se proteger de ser arrastado, Você poderia fazer duas coisas: 

A primeira era encontrar um item protetor especial. Isso poderia ser qualquer coisa. Você nunca sabia o que poderia ser, mas parecia que qualquer item que fosse, faria o portador sofrer de algum jeito. Esse era considerado um preço pequeno em troca de proteção pelo tempo em que usasse o item. 

A segunda coisa a fazer era trazer mais alguém ao jogo. Isso poderia ser feito enviando a mensagem de texto “Bem-vindo ao jogo” ao celular de outra pessoa. Se alguém recebesse o texto de alguém que estivesse no jogo, então isso significaria que agora a pessoa que recebeu o SMS estaria no jogo e também sujeita as mesmas regras e consequências. Se a pessoa não encontrasse um item protetor ou não trouxesse outro para o jogo, então ela seria arrastada para longe. 

O detalhe sobre a segunda opção era o seguinte: enquanto um item protetor, se encontrado, poderia proteger enquanto mantivesse com você, trazer outra pessoa para o jogo traria apenas um período de carência. Na primeira vez que você trouxesse alguém ao jogo, você teria mais duas semanas. Na segunda vez, só mais uma semana. Eventualmente, o período de carência ficaria cada vez mais curto, até você mal ter tempo de trazer mais alguém para o jogo. Nessa altura você precisaria ter encontrado seu item de proteção. 

Apesar de sempre ter sido fã de Arquivo X, eu não gostei de ouvi-la falando sobre essas coisas, então disse a ela que era um monte de coisas sem sentido. 

“Você realmente acha?” Ela perguntou. “Se for verdade, isso explicaria o que a polícia encontrou. E imagine que legal seria ser capaz de amaldiçoar alguém que mexeu com você a trazendo para o jogo! Você poderia se livrar de qualquer um e ninguém jamais saberia.” 

Havia um tom na voz que eu nunca tinha ouvido antes vindo da Stephanie. Ela soava quase intoxicada por pensar isso. Verdade seja dita, isso me assustou um pouco. 

“Não diga isso” eu disse a ela. “Coisas como essa estão além de pessoas como você e eu. Não deveríamos mexer com essas coisas. E se você se envolve nisso e é tudo verdade? O que eu faria se alguma coisa te acontecesse? Prometa que você não vai se envolver nessas coisas.” 

Ela me deu um olhar engraçado. “Nunca pensei que você seria o tipo de pessoa que fica assustado com coisas bobas como essa, Jack.” 

“Bom, eu não acho que é certo mexer com coisas que você não entende, tá bom?” Eu a olhei preocupado. “Agora me prometa, Steph. Prometa que você não vai tentar isso.” 

Ela suspirou irritada. “Tá bom, tá bom. Eu não vou jogar o assustador jogo do celular. Está feliz agora?! 

Eu disse a ela que estava, mas a verdade é que eu estava assustado. Não acreditava nela. Em todo o tempo que a conhecia, nunca tinha visto ela trair alguém, mas ela sempre tinha sido trapaceira e mentirosa, e mentiria para qualquer um sobre algo que a beneficiaria sem machucar ninguém. Mas, sendo honesto, eu sempre achei isso bonitinho e apenas aceitei como sendo um de seus defeitos. Mas dessa vez era sério. 

Então, poucos dias depois, quando ela voltou e nos contou que ela havia entrado no jogo do celular eu fiquei irado.

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CONTINUA...

25 comentários:

  1. Caraca, a quanto tempo que eu nãonão comentava aqui.
    Bem interessante essa creepy

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  2. Ja li e ouvi essa creepy ela é bem legal da vontade de jogar o jogo do celular :3

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  3. Ja li e ouvi essa creepy ela é bem legal da vontade de jogar o jogo do celular :3

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  4. Ansiosa pela segunda parte. Só espero que não tenha um fim como o do carinha da guarda real...

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  5. Já tinha lido essa creepy, acho ela mto legal!

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  6. Acho a já tinha lido essa creepy aki no cpbr, ela é MT boa, mas a da Ana Maria Braga é épica

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. HEIL HITLER :v Ja li essa creepy em inglês

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  9. Parece boa, esperando pela segunda parte

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  10. Já li essa creepy em inglês. Ela é bem legal ♡

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  11. A menina tem o mesmo nome que eu.... '-'

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  12. Já li essa creepy e achei ela muito foda :3

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  13. Ah, sim! Me lembro dessa creepy e acho que foi aqui mesmo que li. É muito boa! :)

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  14. Este comentário foi removido pelo autor.

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  15. Já li, detestei o final, a Steph morre :v (eu acho) e ele continua o mesmo idiota, vdd.

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  16. Obrigado pelo Spoiler Peke...ainda bem que ja li essa creepy :v

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  17. Lgl curti mt ein
    alg me passa o numero? (._.

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  18. mano, eu li essa creepy quando eu tinha 10 ou 11 anos em 2015, eu sempre quis descobrir quem era o autor. pqp essa creepy é MUITO boa. Parabens ao escritor

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