24/02/2014

Não acorde o papai

Mamãe disse que o papai estava dormindo lá em cima, ela disse para não acorda-lo – então, tento brincar em silêncio enquanto mamãe vai fazer compras, ela disse que voltaria logo e que eu não deveria esquecer o aviso:

“Não acorde o papai.”

Continuo brincando até ficar escuro lá fora. Mamãe ainda não voltou, e o papai continua dormindo. Fico um pouco preocupada com a mamãe e decido subir para o quarto do papai.

Mamãe disse para não acorda-lo, mas ele não se importaria. Mamãe já deveria estar aqui, e eu já estava começando a ficar com medo. Subo as escadas e vou para o quarto deles.

Bato na porta e abro lentamente, olhando para dentro – a cama estava vazia. Papai já devia ter levantado... e era estranho já que não o ouvi... tento chama-lo enquanto volto pelo corredor. Sem resposta.

Chamo outra vez, ainda sem resposta. Então percebi que a porta do banheiro estava entreaberta, uma pequena faixa de luz escapando para o corredor.

Fui para a porta e a abri lentamente encontrando o chão do banheiro todo molhado, a banheira cheia de água. Me aproximei da banheira, agora muito assustada... então vi o papai... dormindo na banheira?

Não… não estava dormindo.. o papai estava morto! Um grande machucado na testa, como se alguém o tivesse atingido com algo bem pesado e com bastante força.

Fiquei olhando o papai por algum tempo e logo comecei a cambalear para trás, e de repente, bati em algo atrás de mim. Pulando de susto, me virei e vi a minha mãe – como ela chegou aqui tão rápido? E por que eu não a ouvi chegando...

17/02/2014

Pokemon: Dead Channel

Eu fui introduzida ao “reino dos videogames” um pouco mais tarde do que as outras pessoas. Na minha infância fui isolada das outras crianças e não podia interagir com elas. Meus dias eram passados em uma prisão como a escola e minhas noites assistindo TV. Minha vida estava chata e entediante, tudo que eu tinha eram os meus bichos de pelúcia e brinquedos de plástico para conversar.

Foi aí que eu recebi um Gamecube.

Foi no natal de 2003, eu acredito. Eu não acreditava que tinha meu próprio videogame. Ele veio com o Super Mario Sunshine, Pac Man World 2 e Pokemon Channel. Todos esses jogos estão em um lugar especial do meu coração hoje. Logo quando conectaram o Gamecube com a minha TV eu comecei a jogar imediatamente.

O primeiro jogo que eu joguei foi Super Mario Sunshine. Esse foi o jogo que me introduziu aos jogos do Mario. Depois de jogá-lo por muitas horas, achei um level que eu não conseguia passar. Logo, comecei a jogar Pac Man World. Incrivelmente, eu fiquei presa no level 2. Furiosa, eu saí do jogo e comecei a jogar o meu primeiro jogo de Pokemon:

Pokemon Channel.


Logo quando eu comecei o jogo eu sabia que ele iria ser diferente dos outros dois. Não demorou muito para eu me apaixonar pelo jogo. Até que chegou a hora de eu nomear meu Pikachu. Eu o nomeei BRVR, abreviação para “Brother”. Eu não sei o que me dei para o chamar assim, isso não parecia nem um pouco como “Brother”. Eu nunca vou saber o porque, mas eu gostei muito de jogar aquele jogo.
Não tem jeito de descrever o amor que eu sentia por aquele jogo. Aquilo era tudo que eu sonhava. Naquele jogo eu tinha um amigo que eu podia brincar. Eu podia assistir TV com meu melhor amigo BRVR, podia pescar com ele, podia jogar damas com ele, falar com os outros Pokemons com ele, plantar um jardim com ele, construir um boneco de neve com ele, explorar as ruínas com ele, tocar musicas com ele, sentar em volta de fogueiras e contar histórias com ele, admirar as estrelas com ele, todas as coisas que eu nunca podia fazer na vida real eu podia fazer nesse mundo virtual. Com BRVR. O melhor amigo que eu nunca tive.
Eu estava obviamente viciada nesse jogo, mas eu não tinha nada para fazer com meu tempo, então eu preferia passá-lo jogando. Insensível as coisas que aconteciam no mundo real, eu preferia viver nessa fantasia Pokemon com meu melhor amigo BRVR.

BRVR parecia mais do que apenas uma animação 3D forçada a fazer ações baseadas na programação do jogo, ele parecia real para mim. Se eu estava triste em um dia, ele aparecia e agia como se estivesse deprimido também. Se eu estava com raiva, ele podia expressar minha raiva enquanto eu jogava também. Se eu precisava de alguma coisa para me animar, ele podia agir como um palhaço e fazer coisas idiotas também. Mais tarde, quando eu cresci, eu assumi que nenhuma dessas coisas estranhas tinha acontecido. Quando eu era pequena eu apenas tinha imaginado isso. Mas ainda era divertido imaginar que era real.
Os anos passaram e eu ganhei mais jogos. Eu também ganhei um Gameboy, que veio com muitos outros jogos de Pokemon, onde eu podia ter mais do que um Pikachu. Meus interesses giravam em volta de diversas séries como Mario e Sonic. Depois de jogar Pokemon Channel muitas vezes, sempre fazendo as mesmas coisas, ele começou a ficar um pouco entediante. Eu comecei a jogar mais jogos, mas eu sempre jogava Pokemon Channel de vez em quando.

Eventualmente, eu mudei de escola e minha vida mudou. Eu fui de uma escola particular cristã para uma escola pública e meus olhos se abriram para a realidade. Eu comecei a aprender mais coisas sobre a vida real, que me ajudaram a gostar mais dela. As pessoas não eram cruéis comigo, elas me diziam “oi” quando eu passava por elas nos corredores. Eu descobri que eu podia fazer mais do que jogar videogames, eu podia desenhar, ouvir milhares de músicas.

Mas a melhor parte foi que quando eu ganhei uma amiga. Uma amiga de verdade. Uma que tinha sangue e carne. Ela era engraçada, e me ajudou a me acostumar a escola. Ela era uma pessoa que eu podia falar, além de meus pais. Nós duas tínhamos a mesma personalidade imatura. Tínhamos tudo a ver. Eu finalmente tinha uma melhor amiga.

Quando eu crescia (tanto no corpo quanto na mente) Pokemon Channel foi lentamente sendo esquecido. Eu comecei a jogar jogos melhores. Quase todos as coisas que eu podia fazer no jogo eu podia fazer na vida real agora. BRVR foi substituido por minha melhor amiga da vida real. Ele e o jogo foram ficando obsoletos, esquecidos numa prateleira empoeirada no canto escuro do meu quarto.

Nos próximos anos da minha vida foram dourados. Todo dia eu conseguia aprender uma coisa nova e eu me divertia com a minha melhor amiga. Eu fiz outros amigos também, mas nenhum podia se comparar a minha melhor amiga. Eu sempre conseguia jogos novos, dinheiro, desenhar alguma coisa, ouvir musica e fazer coisas com a minha melhor amiga. Eu nunca desejei nada mais.
Coisas boas não duram para sempre.

Eventualmente, eu tive que me mudar. Eu protestei, mas nada adiantou. Tentei parar as lágrimas que caiam dos meus olhos. Eu disse adeus a minha melhor amiga no meu ultimo dia de aula. Nos próximos dias eu chorei enquanto tentava dormir em minha nova casa, mas eventualmente eu parei. Ter uma das minhas principais razões de viver minha vida foi rasgada, meu coração nunca vai ser completamente curado, mas a dor começou a ficar mais fraca.

Eu continuei a ter contato com a minha melhor amiga. Nós duas tínhamos contas no Youtube e falávamos pela internet. Ainda nos chamávamos para dormir nas casas uma da outra e as vezes ver um filme juntas. Mas doía eu não poder vê-la na escola. Eu fiz novos amigos em minha nova escola, talvez até mais do que na minha escola antiga, mas nenhum deles conseguia ser engraçado como a minha melhor amiga. Nenhum podia a substituir.

Mas quando eu me acostumei com esse estilo de vida, uma das coisas mais terríveis aconteceu. Para a segurança dela, eu não vou dizer o que minha amiga fez, mas ela fez uma coisa horrível e minha mãe se recusou a me deixar falar com ela ou vê-la novamente. Meu coração foi quebrado em milhões de pedaços. Não havia mais nenhum motivo para eu viver. Eu sentia como minha única amiga tinha ido embora para sempre.

Eu agora tive que voltar aos meus velhos hábitos, jogar videogames e me isolar do resto do mundo. Eu não passeava mais como antes. Eu me recusava a sair do meu quarto, além de ir para a escola, comer, usar o banheiro e visitar meu pai todo fim de semana, Agora minha melhor amiga foi tirada de mim, eu não tinha nada para fazer na vida real, então eu tinha que ter alguma coisa para substituir o que eu fazia.
Procurando na minha velha estante de jogos, eu encontrei o Pokemon Channel. Eu tirei o pó da capa. Eu sentia como se fosse uma eternidade dês de que eu tinha visto o jogo pela ultima vez. Eu inseri o jogo no Gamecube, agarrei meu controle e esperei por meu velho amigo virtual BRVR.

Uma lágrima caiu dos meus olhos quando as memórias foram voltando enquanto eu olhava para a tela de título. Depois do momento de nostalgia, eu selecionei “continue”. Eu soquei o botão “Yes” quando ele me perguntou se era aquele save data que eu queria carregar. A transição de pokébolas passou na tela. Eu não conseguia esperar mais para ver meu amigo BRVR de novo.

Quando a transição acabou, eu apareci no meu quarto. A cutscene do Pikachu que está dormindo no topo da estante não tocou, mas naquele momento eu não estava ligando para isso. A única coisa na minha mente era BRVR. Eu o procurei pelo quarto, mas ele não estava em lugar nenhum.

“De bi de? De bi dee!”

O Delibird que entregava as coisas que você comprava no Shop ‘N Squirtle estava na porta. Eu sorri. Eu lembrei que eu comprava coisas praticamente todo dia naquele canal quando eu era pequena. Eu pensei que eu tinha comprado alguma coisa da última vez que eu joguei, eu não lembrava direito. Curiosa do que estava na entrega, eu fui ansiosamente para a porta.

“Pikaa...”

O som de um bocejo me parou antes que eu pudesse chegar a porta. Eu “me virei” e vi BRVR surgindo de baixo da cama e subindo-a. Ele parecia deprimido. Eu nunca vi ele subindo na cama assim, exceto quando nós estávamos procurando pelo Pokemon Mini Game no começo do jogo. Quando ele se virou e me viu, ele parecia surpreso. Como acontece sempre.

“Hey Brother, sou eu!” eu sussurrei mesmo sabendo que ele não podia me ouvir. Em vez de seu olhar feliz, “Pika Pikaa!!” ele parecia furioso. Eu estava um pouco confusa. Por que ele estava zangado? Mas antes que eu pudesse refletir sobre isso, “De bi dee!!” O Delibird chamou de novo na porta.

Excluindo aquele pensamento, eu virei para a porta. Eu fui recebida pelo Delibird segurando uma caixa. BRVR sorriu e celebrou quando o Delibird voou. “Uma caixa chegou com a mercadoria do Shop ‘N Squirtle!” Eu rapidamente pressionei A assim que a mensagem apareceu.

Eu me perguntei o que tinha lá dentro. BRVR entrou dentro da caixa e tirou os itens que havia lá dentro. “Você recebeu uma Pikachu TV Z! A Pikachu TV Z vai ser mostrada”. Uma TV horripilante substituiu minha velha TV Voltorb. Ela parecia como um Pikachu com a face virada para você. Dentro de sua boca estava a tela da TV. Parecia que a “pele” do Pikachu estava rasgada e costurada e sangrando em algumas partes, também era como se a tela da TV fosse muito grande para a boca. Eu estava um pouco chocada de como a TV parecia.

“Você recebeu um Red Wallpaper Z! O wallpaper vai ser mostrado” Eu engasguei quando eu vi que o papel de parede era vermelho escuro como sangue. Os Pikachus eram estranhos, sorrisos maquiavélicos estavam em sua face. Eles eram vermelho claro. Eu estava começando a ficar assustada.

“Você recebeu um Pikachu Doll Z! O boneco vai ser mostrado” Eu congelei de medo quando eu vi o Pikachu mórbido sendo colocado em uma das prateleiras. Ele tinha os mesmos olhos dos Pikachus no papel de parede, exeto pelos caninos enormes. Seus olhos eram pequenos, vermelho rubi e dilatados. A ponta de sua cauda era inclinada como um gancho, e tinha garras afiadas. Vários pontos de sangue estavam em seu corpo.

“Você recebeu um Pikachu Doll Z! O boneco vai ser mostrado”
“Você recebeu um Pikachu Doll Z! O boneco vai ser mostrado”
“Você recebeu um Pikachu Doll Z! O boneco vai ser mostrado”
“Você recebeu um Pikachu Doll Z! O boneco vai ser mostrado”

A mesma coisa aconteceu de novo e de novo até que o quarto inteiro foi coberto pelos pequenos bonecos perturbantes. Eles substituíram todos os outros bonecos que eu havia colocado no quarto.
BRVR se levantou e olhou para o quarto. Ele concordou satisfeito e andou para a TV. Eu estava sentada em minha cadeira, tendo arrepios de medo. Eu joguei esse jogo por anos, eu sabia que esses itens não estavam incluídos no jogo. “Pikaa” BRVR me chamou. Ele estava em frente a TV, com brilho nos olhos. Eu sabia que ele estava me chamando.

Eu andei até a TV e a liguei. Ele abriu no canal que normalmente aparece quando eu ligo a TV, o Report channel. Mas para meu terror a tela estava com sangue pingando. Eu mudei de canal e parecia que todos estavam do mesmo jeito. Eu rapidamente abri meu diário, que nesse jogo estava no “start menu”, e cliquei na aba “TVS”. Eu esccolhi a Voltorb TV, mas logo que meu diário se fechou eu me encontrei com BRVR, olhando para mim desapontado.

BRVR se virou para a TV e mudou para o “Fortune Channel”. Esse canal pareccia normal, exceto pelo sangue pingando na tela. “Escolha seu biscoito!” as palavras escorreram no canto da minha tela. Eu escolhi o biscoito do topo, como sempre faço. O biscoito voou para as mãos da Chansey e se abriram.
“Você realmente quer saber sua sorte?” As palavras apareceram na tela. Eu congelei de medo. Alguma coisa sobre aquela sorte me pareceu estranho. Apareceu que o Chansey na tela estava gargalhando.
BRVR mudou o canal de novo. Ele mudou para o Relaxation Channel. Em vez do Mareep fofo, quem me recebeu foram dos Pikachus mórbidos que apenas pareciam como bonecos pulando uma cerca. Eu rapidamente apertei B e voltei ao centro do quarto. Normalmente BRVR iria virar para mim e me observar, mas daquela vez ele não parecia ligar.

Eu andei para uma pintura antiga. Uma bela pintura de um Jirachi com um Pikachu a sua volta. Eu suspirei de alivio. Pelo menos alguma coisa ainda continuava normal. Eu fiquei observando o quadro por alguns instantes, porque eu não queria olhar para o papel de parede ou aqueles bonecos sinistros.
“BRVR está olhando para a pintura também”

Calafrios percorreram a minha espinha quando aquela mensagem apareceu. Mesmo que fosse normal que os Pikachus olhassem os quadros com você. Eu aperte B para ter certeza de que BRVR estava na frente do quadro. Ele pareceu estar triste, como se estivesse pensando em memórias perdidas. Ele virou para mm, com a mesma expressão deprimida. Ele parecia que estava prestes a chorar. Eu sentia muito por ele e desejei que haveria alguma coisa para animá-lo.

BRVR veio para perto de mim e me perguntou algo, o que é comum para um Pikachu perguntar coisas. Mas meu sangue congelou quando eu vi o que estava sendo perguntando: “BRVR quer saber se você continua a amá-lo” Havia um O (Sim) e um X (Não). BRVR nunca perguntou aquilo antes. Eu rapidamente cliquei O. Ele sorriu, e ele parecia estar gargalhando. Eu estava confusa. Por que ele estava rindo? Quando ele terminou de rir ele olhou para mim com um sorriso medonho. Uma mensagem apareceu no topo da tela: “BRVR sabe quando você está mentindo”. Ele então virou-se e continuou a assistir TV.

Naquele ponto eu não sabia o que fazer. Eu sabia que nada disso devia estar acontecendo. Talvez se eu reiniciasse meu Gamecube tudo poderia voltar ao normal. Eu me levantei e pressionei o botão de reiniciar, mas quando eu o pressionei nada aconteceu. Eu o apertei uma segunda vez, e nada aconteceu.
“O jogo não pode ser reiniciado agora” A mensagem apareceu na minha tela. Meu coração parou de bater por um segundo. Depois de ficar olhando para o aviso por um minuto eu voltei a me sentar e decidi continuar jogando. “Melhor ver o que está acontecendo...” eu sussurrei para mim mesma.

Eu olhei a minha volta por um minuto. Outras coisas além do papel de parede, bonecos e a TV pareciam normais para mm. Eu tente sorrir olhando aos velhos posters que eu tinha, mas eu não podia fazer isso. A música fofa e animadora pareça fazer o quarto ficar mais assustador e sombrio. Me parecia que os bonecos mórbidos pareciam ter seus olhos fixados em mim, como se eles estivessem prestes a chegar perto de mim e me agarrar, e lentamente me cortar e devorar minha carne.

“BRVR quer ir para fora” a mensagem apareceu no topo da tela. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, BRVR foi para fora e me obrigou a segui-lo.

Minha respiração parou por um instante quando eu fui para fora.

O céu estava um vermelho sangue, muito mais sombrio com as nuvens vermelhas pairando nele. Em todo o campo estavam cadáveres de Pokemons. Eu não podia dizer quantos eram, muitas de suas partes estavam arrancadas, suas faces estavam picadas e espalhadas para todos os cantos. Eu me senti mal, como se eu pudesse vomitar.

BRVR circulou com volta dos corpos, virou-se e me deu um sorriso malvado. Ele andou e me perguntou: “BRVR quer saber se você gostou do que ele fez com o lugar” Eu imediatamente cliquei X. Aquele sorriso macabro cresceu ainda mais. Ele andou para um corpo de um Skitty e jogou ele para mim. As partes do corpo dele voaram e pularam pela tela. Depois de muitos minutos agonizantes tendo que assistir BRVR brincar com as partes dos corpos mortos, ele andou para o jardim.

Quando nos chegamos ao jardim, duas plantas estavam completamente crescidas. Em vez de frutas, elas tinham cabeças de Pokemons. BRVR pegou uma e começou a comê-la lentamente Meu almoço começou a subir para a garganta, mas eu o forcei para ir para baixo de novo. Eu tentei virar meus olhos para longe daquilo, mas algo os manteve presos a tela. Depois de um tempo BRVR andou para o outro lado e pegou outra cabeça. Quando ele terminou ele me deu um sorriso maquiavélico e saiu do jardim, me obrigando a segui-lo.

Eu estava esperando que ele acabasse e nós pudéssemos voltar para dentro. Mas eu preferia mais aqueles bonecos mórbidos do que as partes dos corpos. Mas ele ainda não tinha terminado de me mostrar aquele mundo que ele havia criado. Imediatamente quando nós entramos BRVR voltou para a porta. E quem foi obrigada a ir junto com ele?

Quando nós saímos não haviam mais nenhum corpo, para meu alívio. Mas o céu ainda estava naquele estranho vermelho sangue. Quando eu tentava ir para dentro ele não me deixava, BRVR apenas me olhava e sacudia sua cabeça negativamente, então eu estava presa ali. O ônibus para a Virdian Forest chegou e BRVR entrou nele antes que eu o mandasse ir. A transição tocou normalmente, o ônibus no mapa da Virdian Forest. Mas quando nós chegamos a floresta estava pegando fogo.
Pokemons mortos estavam em todo lugar, as árvores estavam completamente queimadas, os seus corpos sendo tomados pelas chamas. BRVR pareça insensível ao fogo. Ele foi para o trecho dos cogumelos. Eles pareciam que estavam sangrando. BRVR comeu um sem minha permissão e depois ele sacudiu a cabeça afirmativamente quando acabou.

Ele então correu para o sino que começa o Concerto Pokemon. Em vez de BRVR ser cercado por Clefairies, ele foi cercado por aqueles Pikachus mórbidos. Usando os sinos eles tocavam uma das mais horríveis músicas que eu já havia ouvido. Ele era muito alto, fez minhas orelhas doerem. Mas para meu desespero eu não consegui abaixar o volume. Depois de o que pareciam muitos anos aquilo parou de tocar.
BRVR pareceu satisfeito com a floresta em chamas, e retornou ao ônibus. De novo eu fui forçada a ficar parada para fora de minha casa, enquanto eu esperava pelas outras coisas horríveis que BRVR havia feito. Eu pensei que ele gostaria de tomar o ônibus para o Mt. Snowfall, mas ele tinha outras idéias. Em vez disso ele decidiu tomar o ônibus para Cobalt.

A mesma transição simples, a mesma cena horrível. A praia estava literalmente coberta por pedaços de corpos dos Pokemons que você normalmente encontraria enquanto estivesse passeando por aí. O oceano parecia sangue, e flutuando nele estavam mais pedaços de corpos dos Pokemons. Agora eu tinha certeza que BRVR não gostava dos outros Pokemons.

Então nós jogamos damas. Em vez de pedras, nós usamos órgãos como as peças. BRVR me derrotou rapidamente, porque eu não conseguia pensar em como eu podia usar as entranhas dos Pokemons enquanto eu era cercada pelos corpos mortos. Ele riu quando ele me derrotou, como ele fazia normalmente quando isso acontecia. Então por um longo momento ele exibiu uma face triste. Eu, dando tudo para confortá-lo, pressionei C para acariciá-lo. Mas mal quando eu o toquei com o mouse ele voltou a sua aparência maligna. Ele correu para a área onde pescávamos e eu tive que segui-lo.

BRVR sentou em sua pedra e jogou a sua linha de pesca para o oceano de sangue, esperando algum peixe morder a isca. Não havia nada que eu podia fazer, mas ele se virou e me olhou com brilho nos olhos, como se fosse para eu ajudá-lo. Foi aí que eu lembrei da isca. Eu cliquei no pote de iscas e em vez de um donut de chocolate era um cérebro decomposto. Ele estava se despedaçando e coberto por um musgo verde amarronzado. Eu rapidamente o jogue para o mar.

Rapidamente, BRVR puxou alguma coisa. Com um forte puxão uma criatura veio voando para fora do oceano.

Eu sei que essa criatura vai assombrar meus sonhos para sempre.

Parecia como um Magikarp roxo, mas em sua boca escorria sangue verde ácido. Muitos órgãos pareciam estar saindo de seu corpo. Partes de suas escamas haviam sido retiradas, o que nos deixavam ver alguns de seus músculos, e alguns dos músculos pareciam que haviam sido mordidos e deixados com os ossos para fora. Ele pulou e engasgou procurando respirar, enquanto sons demoníacos saiam de sua boca.
Eu gritei quando eu vi a criatura. BRVR se virou como se ele tivesse ouvido. Ele lentamente desceu da pedra, levando o maior tempo possível para deixar a criatura sofrer muito mais. Então ele começou a comer o Magikarp vivo. Eu gritei novamente e cobri minha boca com as mãos. Mas meus olhos continuaram a observar a cena. Quando ele terminou, ele virou para mim e me mostrou um sorriso, um sorriso alegre. Eu não podia acreditar que esse monstro já fora meu melhor amigo que eu via todo dia depois das aulas.
Depois daquela cena traumática, BRVR animadamente saltitou para a praia, voltando para o ônibus cantando “Pi ka Pi ka Chu~” A sua felicidade fez a situação ficar muito mais assustadora. Enquanto esperávamos para o ônibus para o Mt. Snowfall BRVR parou no meio de sua caminhada, olhando para mim. Sua face estava sem emoção. Mesmo sabendo que ele não podia me ouvir, eu sussurrei: “P-Por que... Por que você está fazendo isso...?” Uma lágrima escorregou dos meus olhos.

“BRVR fez esse mundo para te agradecer” Congelei quando eu vi a mensagem aparecer no topo da tela. BRVR me deu mais um sorriso doentio que ia de bochecha a bochecha. Mais lágrimas começaram a descer a minha cara. O ônibus para o Mt. Snowfall chegou.

As mesmas coisas de antes, transições inocentes, mas paisagens nem tão inocentes. Carcaças congeladas estavam em todo lugar naquela terra congelada, muitos deles enterrados na neve. Surpreendentemente não havia nenhum sangue ou entranhas no chão. Era uma atmosfera mais triste do que mórbida. BRVR caminhou lentamente até onde o Kackleon e o Jigglypuff normalmente cantavam, mas agora eles estavam mortos e enterrados embaixo da neve.

BRVR cantou a mais triste canção que eu já havia ouvido. A sua voz soava como violinos tocando. Ele tinha a expressão mais deprimida enquanto ele cantava a canção. Eu não podia controlar as lágrimas que escorriam de meus olhos enquanto ele cantava. Meu pobre e frágil coração partiu em dois enquanto eu ouvia a canção melancólica.

Depois do que se pareceu uma eternidade BRVR finalmente terminou. Ele me olhou com aqueles olhos deprimidos, melancólicos e sem esperanças que ninguém nunca tinha visto. Eu desejava segura-lo em meus braços para confortá-lo, mas ele rapidamente se virou e correu até a outra parte da Mt. Snowfall.
Nós paramos na frente das Ruins of Truth. Por muitos momentos BRVR apenas parou, como se estivesse morto, encarando as ruínas. Até que ele olhou para mim, um olhar significativo em seus olhos, e correu para dentro. Lá dentro estava escuro, como era para ser. Ele usou um choque para acender as flores elétricas que traziam luz para as ruínas. Em todas as paredes e no chão haviam palavras escritas com sangue “Me ajude” “Por quê?” “Eu preciso morrer” “ME MATE” “É tão frio” “Eu estou tão sozinho” “Onde ela está?” “Volte” “Por que eu não posso morrer?”

BRVR andou até o outro lado das ruínas, até o pergaminho da verdade e da mentira. Eu fui forçada a clicar nela.

“BRVR foi abandonado pela sua melhor amiga anos atrás e substituído por um novo melhor amigo que o deixou sozinho nesse mundo virtual. Verdade ou mentira?”

Eu finalmente entendi o que tudo isso significava. Todas essas palavras escritas nas paredes, elas foram escritas por BRVR. Isso era minha culpa. Eu o abandonei. Meu melhor amigo. Para morrer sozinho. Não, ele não podia morrer nem se quisesse. Ele foi forçado a arrastar sua existência miserável por anos. Eu não o culpava por querer vingança, eu merecia isso.

Eu dei um tapa na minha própria cara. O que eu estava pensando?! BRVR e Pokemon Channel eram só um jogo, eu não era obrigada a passar a minha vida intera o jogando. Eles eram criados para entreter a mente de uma criança. Eles não eram reais. Eu demorei um minuto para pensar no meu argumento, eles não eram reais. Eu pensei sobre todas as coisas que BRVR tinha feito para me traumatizar e ter vingança por eu ter o abandonado por tanto tempo.

Mas era tudo tão real.

Eu selecionei O para verdade, porque era. Eu admiti que eu havia abandonado BRVR. Em vez do pergaminho voltar a mesa, ela brilhou em verde como se dissesse que eu estava certa. A tela começou a, lentamente, desaparecer e ficar preta.

Exceto por BRVR.

Ele parou no centro da tela com um olhar cansado, zangado e triste. Eu não sabia o que pensar dele. Eh o odiava e desejava que eu pudesse matá-lo, mas eu queria pedir desculpas pare ele com todo o meu coração e fazer as coisas melhorarem.

“BRVR sente a mesma coisa por você”

As mensagens não me surpreendiam mais. Era o que eu estava esperando. Depois de muitos momentos nos encarando, eu finalmente abri a boca e perguntei: “O que você vai fazer comigo agora?”

“BRVR quer que você sofra do mesmo jeito que ele sofreu.”

Ele me deu um último e doentio sorriso, o mais terrível que eu já havia visto, e a tela ficou completamente negra. Depois de um momento a tela de início apareceu. O botão de continuar sumira. Eu suspirei aliviada. Aquela coisa horrível havia acabado. Eu me levantei e olhei para a minha mesa.

Nela estava um Pikachu Doll Z.


15/02/2014

O bosque

No coração das Montanhas Rochosas (EUA), há um bosque de árvores crescendo num círculo perfeito. Um bosque que, apesar de sua forma geometricamente perfeita, parece perfeitamente normal quando visto de fora. Se alguém entrar nesse bosque, entretanto, verá que o interior é tão escuro quanto uma noite sem luar numa dessas florestas densas, mesmo que ainda seja dia e o sol brilhe. Aqueles que entraram nesse bosque raramente saem em qualquer condição de dizer o que acontece lá dentro; a grande maioria sequer sair. Mas se você for corajoso (ou tolo) o bastante, você pode tentar acampar nesse bosque.
Entre com seus olhos fechados, deite em seu saco de dormir, e não importa o que você ouça, não importa o que você sinta, não os abra novamente. Se você conseguir dormir antes que o bosque tire sua sanidade, você acordará na manhã de um dia ensolarado, no meio de um bosque. Um bosque que, apesar de sua forma geometricamente perfeita, parece perfeitamente normal quando visto de fora. Se alguém sair desse bosque, entretanto, verá que o exterior é tão escuro quanto uma noite sem luar numa dessas florestas densas.

10/02/2014

12 minutos

No outono de 1987, um Canal de notícias local (WSB-TV 2 de Atlanta) deveria ter uma lacuna preenchida em sua grade de programação nas manhãs de domingo.

Depois de algumas solicitações da população local, foi decidido que o jovem Reverendo Marly Sachs deveria pegar o horário disponível para fazer um show religioso. O show estreou no dia 18 de Outubro sem muita divulgação.

Era apenas um programa religioso normal em que o reverendo se sentava em uma cadeira simples e lia passagens da bíblia, discutindo suas interpretações e significância para a nossa vida moderna. O show recebia um razoável número de telespectadores e assim continuou até meados de Dezembro. Foi nessa época que o estúdio começou a receber estranhas queixas dos telespectadores do “Palavras de Luz com o Rev. Marly Sachs”.

As queixas eram de mulheres (apenas mulheres), que se referiam aos desconfortos que sentiam principalmente em alguns intervalos durante o programa. Descreviam náuseas, dores musculares, tontura e visão borrada. Essas mulheres, por alguma estranha razão, estavam convencidas de que a causa desses sintomas era o programa. Mas tarde, depois de 3 semanas de reclamações, foi determinado que esses “sintomas” surgiam com intervalos de 12 minutos durante o programa.

A equipe do pequeno estúdio checou todos os equipamentos de gravação, áudio e vídeo, e não encontraram falhas. Quando o reverendo tomou conhecimento dos incidentes, ele meramente deu de ombros e disse, enigmaticamente, que “Alguns não conseguem lidar com a voz de Deus...” O diretor do estúdio, com a falta de explicações para a causa das reclamações, decidiu continuar com o programa.

Em fevereiro, a audiência caiu drasticamente e foi decidido que o show seria cancelado. O diretor achou que seria mais prudente gastar o tempo do show com as últimas noticias que estavam sendo transmitidas por outros dois canais locais: o surto de abortos. Começando em novembro, o número de mulheres grávidas saudáveis sofrendo aborto na área metropolitana de Atlanta já estava alcançando os 300. O CDC não pôde descobrir uma causa para as terríveis ocorrências.

O reverendo aceitou o cancelamento do show mostrando apenas indiferença. Quando informado, ele não protestou, nem demonstrou qualquer outra reação. Ele deixou o estúdio após filmar o último episódio e sem dizer uma única palavra desapareceu da face da terra. Ninguém nunca mais ouviu sobre ele, nem a sua congregação e nem os membros da igreja. O estúdio preencheu o horário com comerciais e continuou a se concentrar nos casos dos abortos.

Um ano e meio depois, um estagiário do estúdio descobriu as fitas do “Palavras de Luz” e começou a analisa-las á procura de imagens para montar uma matéria sobre o impacto da religião na cidade. O Incidente Atlanta (como o surto de abortos ficou conhecido nos jornais) perdeu forças e cessou três meses depois do cancelamento do programa do reverendo, e já estava desaparecendo das lembranças do público. Enquanto o estagiário verificava as gravações, ele acidentalmente fez uma descoberta perturbadora.

Quando tentava pausar uma gravação em 10 minutos e 45 segundos, ele acidentalmente travou o botão para avançar. Enquanto a gravação avançava, ele tentava destravar o botão com uma chave de fenda. Assim que conseguiu destravar, a gravação tinha pausado aos 36 minutos e 1 segundo. O estagiário caiu da cadeira quando viu o que estava pausado na tela: a imagem de uma cabeça decomposta preenchia completamente a tela. Após se recompor, ele retrocedeu e avançou gravação algumas vezes, e então percebeu que não era uma ilusão. Ele analisou todo o resto da gravação e logo descobriu que a cada intervalo de 12 minutos a imagem aparecia rapidamente.

Pensando que era uma pegadinha para os novatos, ele mostrou a gravação para um dos técnicos, pronto para as zombarias. O técnico ficou tão confuso quanto ele. Ninguém havia tocado nas gravações desde o cancelamento do show. Durante a noite no fim do turno, o estagiário convenceu o técnico a ajuda-lo a analisar todas as outras fitas do show.

Eles descobriram que todos os episódios possuíam essa mesma anomalia. Eles também descobriram que enquanto o show progredia a imagem se tornava mais nojenta, enquanto vermes começavam a corroer a cabeça e pedaços de cabelo e pele pareciam cair com frequência. O técnico deixou claro para o estagiário que o que estavam vendo era tecnicamente impossível como o próprio filme não mostrava sinais de corte. E o próprio técnico estava presente em todas as filmagens e edições do show e sabia que em nenhum momento aquela imagem tinha sido inserida no vídeo.

Tudo isso foi apresentado ao diretor do estúdio, que, temendo algum tipo de reação caso saísse no ar, ordenou que todas as fitas fossem destruídas. Ele disse para o estagiário e para o técnico que não tinha interesse em descobrir quem fez aquilo, apenas que... “Cobrir falhas é tudo o que importa agora.” Ele ordenou que não mencionassem isso para ninguém.

O técnico aceitou facilmente, lembrando da descoberta apenas como uma anedota pessoal sombriamente engraçada, mas o estagiário não esqueceria. Ele copiou o máximo de fitas que pôde antes de serem destruídas e guardou as cópias para tentar descobrir algo que pudesse apontar quem fez aquilo ou por que fez.

Alguns dias depois, o estagiário tentou outra vez pedir ajuda ao técnico, dizendo que acreditava ter descoberto algo mmais perturbador que a própria imagem da cabeça: quando os pequenos frames contendo a cabeça foram editados juntos em ordem cronológica, a boca da cabeça parecia se mexer como se tentasse formar palavras. O técnico, temendo pelo emprego, pediu que o estagiário se livrasse das cópias e não voltasse a falar sobre aquilo.

 ...


Uma semana depois, a policia respondeu um chamado de emergência feito por uma senhora em um dos subúrbios de Atlanta ao anoitecer. Ela tinha ouvido gritos terríveis vindos da casa vizinha onde morava um casal de jovens. A senhora disse para a emergência que a jovem vizinha estava grávida e ela temia que algo ruim tivesse acontecido. Quando os policiais chegaram à casa dos jovens 20 minutos depois, encontraram a porta da frente aberta e a casa completamente escura. Eles entraram cautelosamente e seguiram para a sala.

Na sala, encontraram a jovem morta, com um grande corte no abdômen. O corte estava aberto e uma trilha de sangue levava do corpo para o sofá no outro lado da sala. Ali o marido estava sentado, o estagiário do estúdio, pelado, e com o corpo da criança prematura aos seus pés. Em sua mão estava a faca de cozinha que utilizou para cortar a mulher grávida. A televisão estava ligada passando em uma repetição de 18 segundos um vídeo que mostrava uma cabeça decomposta pronunciando palavras ininteligíveis.

Hoje, o que contam na delegacia, é que o estagiário não parava de murmurar: “A luz de Deus chama por eles...”enquanto era arrastado para fora da casa.




RoboKy


06/02/2014

O portador do começo

Em qualquer cidade, em qualquer país, vá em qualquer hospital e peça para visitar aquele que se auto entitula "O guardião do começo". Um pequeno sorriso aparecerá no rosto do atendente, como se dissesse "Seu tolo".

Você será levado por um longo corredor - long o bastante para fazer você achar que ele leva para fora do prédio. Entretanto, numa clara violação das leis de espaço e da física, ele levará para o mais profundo interior do prédio. O corredor sempre estará silencioso, mesmo que você tente fazer barulho. Gritos serão sufocados antes mesmo de sair de sua boca, e passos serão abafados. Ao invés de falar, seu guia irá, simplesmente, apontar para a porta.

Atrás dela há um quarto bastante acolhedor, com um aroma agradável porém impossível de identificar. No centro desse quarto, uma mulher estará sentada, com os braços vazios como se ninasse um bebê. Esse quarto ficará tão silencioso quanto o corredor, até que você pergunte uma única questão: "Por que eles foram separados?" A mulher irá explicar, em detalhes extremamentes explícitos, cada detalhe horrível da história. Cada surra. Cada guerra. Cada estupro. Cada assassinato. Nenhum evento da história do universo escapará de seus ouvidos. Quando ela terminar, tudo voltará ao mais completo silêncio, e você poderá sair. Cabe a você decidir o que fazer com essa informação.

A mulher é o Objeto 2 de 538. Você deve decidir se eles devem ser reunidos ou não.

04/02/2014

Uma alma alternativa

Às 12:17, em qualquer noite, você tem a oportunidade de acordar uma alma alternativa. A maneira mais comum de conseguir vê-la? Através de um espelho.

Comece o ritual exatamente à meia noite. No quarto ou banheiro, nenhuma luz, exceto a de uma única vela, que deve ficar atrás de você e refletir no espelho.

Por 10 minutos, você deve se concentrar no silêncio, focado somente no seu reflexo. Não quebre o contato visual: será interpretado como fraqueza, e você será subjugado.

Após os 10 minutos, você deve tirar seu próprio sangue e esfregar na linha dos olhos do seu reflexo. Fazer isso irá cegá-lo, e você verá seus atributos começando a mudar drasticamente.

Devagar e gradualmente, seu reflexo se tornará uma criatura assombrosa, uma além da compreensão daqueles que nunca a viram antes. Você não deve, sob hipótese alguma, quebrar o contato visual.

Logo esse contorcionismo irá acabar. Então, um som não humano irá ecoar ao seu redor. A criatura vai começar a se aproximar do vidro.

Se você não apagar a vela exatamente às 12:17, a criatura vai escapar.

Esteja avisado, caso você tenha êxito: em qualquer superfície polida, seja um espelho, madeira ou uma janela, seu reflexo sempre estará te observando.


A equipe Creepypasta Brasil não aconselha a fazer quaisquer coisas relatadas no blog, e NÃO se responsabilizará por o que venha acontecer se você tentar.

29/01/2014

Episódio perdido: Chaves - Invasão zumbi

Vocês conhecem Roberto Gómez Bolaños, o eterno Chaves? Vocês acham que já assistiram todos os episódios dele?

Bom, o ano era 1976, Roberto estava ficando sem ideias para novos episódios e acabou criando um episódio bastante diferente. Por fim, entregou uma cópia do episódio para que alguns funcionários assistissem e pudessem expressar suas opiniões.

Infelizmente eu era um dos funcionários.

Nos reunimos e iniciamos o episódio que começava assim:

A sequência de abertura era normal. O episódio começava com Chaves entrando no pátio principal equilibrando uma vassoura na mão. De repente surgia a voz do Seu madruga gritando: “CHAVES VENHA AQUI.”

Chaves se esforçava para equilibrar a vassoura enquanto tentava olhar pela janela da casa do Seu Madruga e perguntava “Cadê você?” Nesse momento surge na janela um homem com os lábios desfigurados, olhos saltados e com o nariz pendurado. Claro que a maquiagem não estava perfeita, mais você conseguia perceber que tentaram fazer o melhor, afinal, era apenas um programa de comédia, não uma superprodução de cinema. A cena cortava e pulava para o pátio principal, dessa vez com Chiquinha perguntando para Quico “Onde tá o Chaves?” Quico respondia “Deve estar lá fora.” Então a tela ficava completamente verde e voltava com os dois olhando para cima.

Um disco voador estava descendo e preparando-se para aterrissar bem no meio da vila. Dava para perceber que era o mesmo disco voador que o Quico ganha em um dos episódios, porém, esse era maior.

Chaves entrava correndo na vila enquanto zumbis começavam a sair do disco voador. De repente começava a passar várias cenas em que Quico era atacado pelos zumbis, Chiquinha entrava correndo em casa e um Chaves ensanguentado se contorcia no chão. Depois de alguns cortes e chuviscos na tela, vemos Chiquinha saindo de casa e correndo para o outro pátio da vila.

No outro pátio vários figurantes estão sendo atacados por zumbis. Nhonho também estava entre os figurantes. Logo os zumbis começavam a derruba-lo. Chiquinha corria de volta para casa se escondia embaixo da mesa e começa a chorar. Então vinha o corte para comerciais.

O episódio voltava com Chiquinha soluçando enquanto andava pela vila deserta e gritava os nomes dos personagens. O episodio acabava com Chiquinha encontrando o corpo de Chaves no chão e falando entre soluços “Cha...vi...nho...” e o episódio terminava em silêncio.

Falamos com o Roberto sobre como o episódio ficou ‘terrível’. Roberto disse que era um projeto para o Halloween, e que ele fez apenas para os amigos. Ele também disse que a fita não estava com o episódio completo, tinha apenas algumas cenas que ele queria que víssemos.

Ele pediu a fita de volta e decidiu manter esse episódio guardado e esquecido junto com vários outros episódios secretos e obscuros do seu programa.

Hoje, não consigo assistir um bom episódio de Chaves sem lembrar daquele episódio horrível.

Na TV

Minha amiga Lisa e eu estávamos observando um álbum de família quando encontramos uma antiga foto dela. Nada chamou minha atenção de primeira, mas Lisa ficou com um olhar que me deixou assustado. Seus olhos ficaram arregalados e começaram a esquadrinhar toda a sala como se procurasse por algo, antes se fixarem na TV.

Assustado com essa reação repentina, perguntei para ela o que aconteceu. Depois de algum tempo ela se recompôs e disse que quando era criança costumava conversar com a TV quando estava desligada ou com estática.

Seus pais pensaram que era apenas um caso de imaginação fértil e não se importavam quando ela falava que tinha "alguém na TV". De fato, a própria Lisa não se importou muito com isso até agora.

Eu perguntei qual era o problema. Ela deu uma risada nervosa e ficou encarando a TV.

Foi nesse momento que dei uma segunda olhada na foto e percebi o que estava na tela.

24/01/2014

Rostos na tempestade

Acho que vou ficar louco…

Já faz vinte e oito dias desde dezessete de Dezembro, e a chuva não diminuiu por um único segundo. Continua caindo pesada, descendo do céu como uma cachoeira. Lá fora, você sente como se fosse se afogar andando.

Quando tudo começou, eu não sabia se as pessoas ligavam muito para isso. Quero dizer, esse pesadelo parecia apenas mais uma tempestade de inverno. Tudo começou em um local estranho, no Atlântico Norte, em frente ao Golfo de São Lourenço, mas acho que isso não significava muita coisa para as pessoas que não eram meteorologistas ou oceanógrafos. A tempestade começou a se expandir rapidamente. Não tenho certeza se ainda continua crescendo, já que a TV parou de funcionar três semanas atrás, mas tenho certeza que ela continua no mesmo lugar.

As coisas começaram a ficar mais bizarras quando o vento não conseguiu deslocar a tempestade. Ela continuava crescendo para a Nova Inglaterra, se espalhando pela costa para o Maine e atingindo o Condado de Nassau, que é o local onde vivo. O boletim do tempo mudava em poucos minutos, com os meteorologistas prevendo trovões, ou alguns centímetros de neve, ou uma grande nevasca e que todos deveriam permanecer em casa.

Porém, a minha esposa, Sara, não poderia dar atenção aos avisos. Ela tinha que trabalhar, enquanto eu ficaria em casa cuidando da nossa filhinha de cinco anos, Tanya. Quando a minha mulher saiu de casa naquela manhã, eu a prometi que manteria Tanya em segurança. Enquanto observava Sara manobrando para sair da garagem, eu não imaginava que seria a ultima vez que a estava vendo.

Enquanto o dia passava, a tempestade piorava. Parecia que os meteorologistas estavam certos, prevendo uma das piores tempestades. Fiquei surpreso por ainda ter energia até a noite, disso eu não tinha que reclamar. Você nunca sabe como é ruim um blackout quando se tem uma filha de cinco anos que teme o escuro.

A última vez que vimos a previsão do tempo na TV, eles disseram que a tempestade havia se espalhado para o sul de Nova Jersey, e que poderíamos esperar sessenta centímetros de neve durante a noite. Acho que já eram quase 18:23. Alguns minutos depois o canal da previsão do tempo saiu do ar, e todos os outros canais mudaram para um aviso mandando que todos saíssem de Nova York através de qualquer ponte que pudessem passar e evitassem Manhattan.

Tentei ligar para o trabalho de Sara, mas o telefone não funcionava. Eu ainda não sabia o que estava acontecendo, mas resolvi atender aos avisos na TV e tirar a minha filha da cidade. Lutei contra a ideia de abandonar Sara, que trabalhava em Manhattan, mas quando sai de casa, percebi que não poderia me arriscar indo até lá. Era a vida da minha filha que eu deveria proteger no momento.

Ao sul, no horizonte, as nuvens escuras da noite estavam pintadas com um vermelho em chamas.

O trafego estava horrível. Muitas pessoas estavam relutantes em partir. Todos pareciam estar em choque. Dirigi pelas estradas entre Nassau e Queens, vendo várias pessoas em pé na beira da estrada assistindo as sombras das chamas tremeluzentes contra o céu. Algumas pessoas seguiam lentamente á pé para fora da cidade, e com o passar do tempo, o trafego começou a piorar, mas de alguma forma consegui sair de Nova York antes que ficasse preso por lá.

Ainda me lembro de olhar através do porto no caminho de Queens para o continente, e ver toda a Manhattan em chamas. Acho que nunca esquecerei isso. Tanya olhava pela janela, em silencio, e cansada também. Eu não sei muito bem a que horas foi isso, mas acho que já tinha passado das 23:00.

Dirigi a noite toda pelo campo, tentando achar uma estação de rádio que pudesse me dizer o que estava acontecendo. Não encontrei nada, exceto noticias do mandato de evacuação de Nova York. Eu achava estranho ter visto poucos policiais e nenhum soldado para orientar a população. Agora, pensando naquele momento, acho que já estavam todos em outro lugar, ou mortos.

No dia seguinte as coisas estavam piores. O tempo começou a esquentar, e a neve a virar chuva. Pilhas de neve na beira da estrada estavam derretendo, e o asfalto estava coberto de água e lama. As nuvens continuavam escurecendo enquanto o dia passava, e o trafego começava a ficar agitado, com pessoas vindo do litoral da Nova Inglaterra. A ordem de evacuação do rádio já estava sendo transmitida para todos de Massachusetts a Nova Jersey.

Quando a noite caiu, já estava bem difícil diferenciar a noite do dia. Tanya começou a perguntar pela mãe, então tive que mentir e dizer que Sara estava em um local seguro. Na verdade, eu estava mentindo para mim também. Pensei que ela pudesse estar em alguma estrada, segura em seu carro. Agora não tenho duvidas de que ela já estava morta.

Logo tivemos que sair da estrada e dormir dentro do carro. Havia uns sons estranhos na noite escura ao nosso redor, e a minha filha continuava acordada, com medo que o monstro que ela acreditava estar vivendo embaixo da cama dela em Nassau estivesse ali conosco, vivendo embaixo do carro. Eu disse para ela que era apenas imaginação, mas não pude deixar de perceber algo arranhando embaixo do carro, ou um baixo grunhido vindo de algum lugar na noite escura.

Pela manhã, tudo parecia normal outra vez. Isto é, até cairmos na estrada novamente. Eu queria acreditar que os sons que ouvi na noite passada, e a sensação sempre presente de algo no escuro fossem apenas coisa da minha mente, mas o que vi pelas bordas da estrada varreu essa agradável ideia da minha cabeça. Por todos os lugares havia carros ainda parados na beira da estrada, com as janelas quebradas, e as portas arrancadas. Na frente de alguns carros, marcas de algo que foi arrastado na neve para a distância.

Nada me faria sair do carro naquela noite. Ao invés disso, escolhi encontrar uma casa vazia e... arromba-la. Para ser sincero, bati na porta, ela estalou e abriu sozinha. Não havia ninguém dentro, então decidi que passaríamos a noite ali. Consegui deixar a porta bem fechada e firme, e parecia que estávamos em segurança.

Ficamos na casa desde então.

No inicio ficamos no andar de cima da casa, porém, como o dia e a noite se juntaram em uma grande massa escura, decidimos que o porão seria mais seguro. Poucos minutos depois de descermos para o porão, ouvi algo destruindo a porta da frente, tropeçando na mesa e derrubando a televisão.

O tempo passava lentamente. A temperatura continuava esquentando, até parecer que estávamos em pleno verão. Então chegou uma noite em que (acho até impossível de acreditar) parecia que estávamos dentro de um grande forno.

Eu estava quase derretendo. Um pouco de água começou a passar pela janelinha do porão e nós tivemos que nos afastar para não nos queimarmos na água fervendo.

Essa foi a noite em que vi algo que desejava não ter visto.

Minha filha foi dormir cedo. Ela estava cansada, e acho que um pouco doente. Deixei-a dormindo sozinha por um tempo para que eu pudesse dar uma olhada lá fora por alguma das janelas em que não estivesse passando água.

De primeira não vi nada, apenas a escuridão da tempestade. Então, percebi algo lá fora. Umas manchas verdes luminosas, vindas de alguma coisa que eu não conseguia enxergar. Fiquei observando por um tempo enquanto as luzes saltavam pela escuridão.

Logo vieram os clarões dos relâmpagos, e pude finalmente enxergar de onde vinham as luzes verdes.

Era algo grande, algo que eu nunca poderia imaginar. Grande como uma montanha. Ainda estava muito longe, mas eu conseguia perceber claramente que não era algo normal, mesmo na versão distorcida da realidade alternativa que veio junto com a tempestade. Eu podia sentir o calor vindo da coisa, e passando pela janela. Da direção de onde a coisa vinha eu podia ver as chamas devorando a floresta ao sul de Nova York, jogando uma trilha de fumaça negra para o céu escuro.

Os relâmpagos pararam, mas as luzes verdes continuaram. Fiquei observando por mais alguns minutos antes de voltar para Tanya, com aquelas imagens que ficariam cravadas em minha mente para sempre.

No dia seguinte o tempo tinha voltado a esfriar. Os dias foram passando e a temperatura caindo ainda mais, assim como o nosso estoque de comida.

Os donos da casa tinham uma reserva de comida para algumas semanas no porão. Aparentemente, eram fazendeiros que costumavam manter a velha tradição de armazenar o que produziam.

A comida durou mais do que pensávamos, mas agora não temos nada. Acho que teremos de sair daqui. Se o carro funcionar, vamos seguir. Se não funcionar… vamos bolar alguma coisa.

Tem água por todo lugar, e já está quase na altura dos joelhos na terra plana. A terra já saturou e não consegue drenar a água. Não sei o que vai acontecer se continuar chovendo; acho que essa parte de Nova York vai se juntar ao Oceano.

Estou começando a achar que talvez possamos encontrar segurança em algum lugar. Tem que haver algum lugar que a tempestade não atingiu. Estou deixando essas anotações aqui, caso alguém acabe encontrando. Eu só quero deixar alguma lembrança minha, de Tanya, e Sara nesse mundo. Não quero que sejamos apenas mais três rostos na tempestade.



-C.S.B.-


23/01/2014

Uma oportunidade única na vida

Todos sabemos o que é uma supernova, certo?

Uma estrela que de repente aumente consideravelmente seu brilho devido a uma explosão catastrófica que expande sua massa.

Bem, e se em uma fração mínima de tempo essa explosão abrisse um buraco em nosso universo, formando um canal de comunicação entre a sabe-se-lá-qual-dimensão e a nossa?

Dizem que toda vez que uma supernova explode, uma pequena passagem é formada entre nosso universo e as profundezas do inferno.

E se nesse pequeno espaço de tempo em que a abertura existe alguém conseguisse passar por ela e ganhar um bilhete só de ida para o desconhecido?

Apenas as criaturas do outro lado saberiam o que aconteceria com essa pessoa tão curiosa. Mas sabe como dizem: a curiosidade matou o gato.

Existe uma pequena chance dessa pessoa conseguir sair da dimensão desconhecida, sendo duas vezes mais sortuda do que ao conseguir entrar.

E se uma pessoa do nosso universo consegue entrar lá, uma criatura desse outro universo conseguiria entrar no nosso também. Se isso acontecer, provavelmente nosso destino estaria selado nesse momento. Quem sabe?

Essa teoria é muito, muito, muito improvável, entretanto, não é impossível. É como dizem: uma oportunidade única na vida.

19/01/2014

Eco

Esse é o último trecho do diário de Ethan Baker, um explorador de cavernas. Ethan é, desde então, oficialmente considerado desaparecido. Seu diário foi encontrado nas redondezas de Da Nang, Vietnam, alguns dias depois do último trecho ser escrito.

12 de novembro, 2009 - Da Nang, Vietnam

O Vietnam é famoso por suas mais variadas cavernas que possuem semelhanças com catedrais.Foi aqui onde encontrei uma caverna remota perto da cidade de Da Nang. No momento em que escrevo isso, estou escondido e pra ser sincero, acho que não tenho muito tempo de vida. A polícia não pode - nem quer - me proteger e minha família acha que estou louco, porém foi nessa caverna, há algumas semanas, que um passeio turístico tornou-se o pior dia da minha vida.

Enquanto adentrava a caverna, encontrei uma parte bem interessante lá no fundo. Os moradores da região dizem que foi ali que muitos vietcongs se refugiaram, porém as pessoas ficavam presas por meses e quando acabava a comida precisavam apelar ao canibalismo. Isso, obviamente, é um mito - eu pensei. Decidi gritar algumas coisas, porque o eco era fantástico!

Lembro de ter gritado três coisas:

"Olá".

Ouvi a resposta alguns segundos depois.

"Tem alguém aí?" como esperado, a resposta veio na minha voz.

Foi então que achei que seria engraçado se eu gritasse "Eu vou matar você" - afinal, eu ouviria a minha própria voz. Mas a resposta, posso dizer com toda a certeza, veio em uma voz bastante parecida com a minha, mas soava parecido com isso:

 "Không, nếu TAO giết MÀY đầu tiên"

Meu eco não veio e isso foi a única coisa que ouvi como resposta, mas soava exatamente como um eco. Decidi repetir o que havia dito:

"Eu vou matar você", "Không, nếu TAO giết MÀY đầu tiên" foi a resposta, dessa vez parecia ter vindo mais rápido, mas eu tinha certeza que era no timbre da minha própria voz. Tentei uma última vez:

"Eu vou matar você"

"Không, nếu TAO giết MÀY đầu tiên!"

Eu não gritei com qualquer raiva, mas a resposta parecia num tom completamente furioso, e eu me senti assustado. Obivamente, como eu ouvi essa resposta diversas vezes, memorizei seu som. Quando saí da caverna, perguntei ao meu guia o que aquilo significava. Ele pareceu assustado, perguntando se eu havia encontrado alguém na caverna. Eu disse que não, já que não achei que significava algo. E então... ele traduziu aquela resposta para mim.

"Eu vou matar você"

"Không, nếu TAO giết MÀY đầu tiên - Não se eu matar você primeiro"

17/01/2014

Orwin

Orwin é uma pequena cidade localizada ao sul da Carolina do Norte próxima a divisa com a Virginia. A população de Orwin é de exatamente 2,037, com outras duzentas pessoas que vivem na área rural. Próximo a Orwin, a cidade de Roan Valley é muito maior, com a população de quase dez mil, sem contar com os estudantes da Universidade Regional.

Muitas pessoas nunca ouviram sobre a pequena Orwin, e aqueles que ouviram geralmente não imaginam que aquele seria o lugar onde ocorreram os eventos de 14 de março de 2008. Orwin é o tipo de lugar onde as crianças da fazenda andam por ai dirigindo caminhonetes, vovós ainda fazem tortas de maça, e as maiores noticiais são sobre o time de football local. Porém, isso ainda não muda a realidade terrível do que aconteceu lá, mesmo que as feridas estejam se cicatrizando e a vida esteja lentamente retornando ao normal, não há tempo que limpe todo o sangue do campo próximo a fazenda Olberson.

A história sobre o que aconteceu em Orwin é tão complicada quanto terrível, mas de acordo com algumas fontes, as primeiras notícias sobre algo estranho ocorrendo na pequena e tranquila cidade vieram do Departamento de Policia de Orwin, as 19:34. Duas jovens estavam dirigindo em uma zona rural, ligaram para a policia dizendo que viram algo estranho na floresta atrás de uma área gramada. Quando pediram que descrevessem o que viram, elas disseram que era “algo grande”, mais obscurecido pelos galhos. A policia resolveu não enviar ninguém, achando que era algo que não valeria a pena se preocupar.

As próximas ligações vieram ainda antes do sol se pôr, as 19:53 e 19:55. Elas vieram de um fazendeiro, que ainda estava alimentando o gado, e de um jovem que estava saindo da floresta após uma caminhada. Este último descreveu o que viu como um “grande animal se movendo entre as árvores”. Assim como as jovens, ele não deu uma descrição detalhada do animal, mais acreditava que era algo muito perigoso, e ficou muito assustado com o que tinha visto. Mais tarde, em uma entrevista, ele falou que saiu correndo da floresta, com medo que o animal o estivesse seguindo, ou que pudesse haver outros por lá. O fazendeiro descreveu algo parecido. Disse que viu algo na floresta que ficava atrás de sua fazenda. Os animais ficaram assustados, principalmente as cabras, que não dormiram a noite toda.

Mais avistamentos continuaram antes da noite cair completamente, com uma crescente frequência, até que as chamadas chegavam ao departamento de policia a cada quinze minutos. Algumas vinham de pessoas que estavam completamente aterrorizadas com o que tinham visto; uma mulher, sozinha em casa, disse que ouviu um barulho na parede da cozinha, e viu algo que parecia couro preto passando pelo lado de fora da pequena janela acima da pia. Ela continuou na linha com a policia até que seu marido voltasse do trabalho, então seguiu com ele para passar a noite em um hotel, muito assustada para continuar em sua própria casa.

Depois das 20:00, a noite já havia caído completamente, e as coisas começaram a tomar um rumo preocupante. A coisa que estava na floresta parecia ficar mais ativa durante a noite, e também surgiu outro problema. Um problema mais humano.

Ás 20:36, alguns estudantes dirigiam por uma estrada escura entre Roan Valley e Orwin, quando viram algo que os deixaram completamente pasmos. Um grupo com quase oito homens, cobertos por mantos pretos, atravessavam a estrada forçando os estudantes a pararem. Um dos homens, de acordo com os estudantes, parou para olhar o carro antes de prosseguir. Um dos estudantes conseguiu dar uma boa olhada no homem, o suficiente para identifica-lo mais tarde como sendo Gregory Santiago, um banqueiro e membro respeitado da comunidade.

Além dos homens de manto preto, os estudantes reportaram algo mais atravessando a estrada, supostamente o mesmo animal que as outras pessoas da cidade já tinham visto. Eles descreveram o ser como “enorme igual a um mamute”, com seis patas, e pela negra. Eles o descreveram assim, embora não tenham visto muito além de suas grandes patas, eles acreditavam que o animal teria uns 12 metros de altura, com espinhos ou possivelmente tentáculos saindo das costas e apontados para o céu. Eles não descreveram olhos, mas disseram que a coisa tinha ‘rostos’ cobrindo os lados do corpo. Cinco ao todo, um deles tinha uma grande boca aberta em um grito permanente.

Os estudantes dirigiram para a cidade, e chegaram as 20:53, depois que outras duas pessoas já tinham reportado avistamentos de animais similares nos campos ao redor de Orwin. Nenhum dos relatórios vindos até aquele momento foram mais detalhados que o dos estudantes, no entanto, nenhum deles seriam tão estranhos ou terríveis quanto os que viriam posteriormente.

Eram 23:47 quando as ocorrências em Orwin deixaram de ser simples coisas estranhas, e se tornaram coisas piores. A alguns quilômetros fora de Orwin, Janet e Neal Olberson, junto com a pequena filha de seis anos Natasha, experimentaram um pesadelo que nenhum de nós poderia imaginar. Um grupo de invasores arrombaram a casa, destruíram a janela da sala de estar e mataram Neal Olberson com um tiro. Esses assassinos invasores mais tarde foram descobertos como sendo os mesmos oito homens que os estudantes viram atravessando a estrada, e também seriam membros de um culto, chamado ‘Sacred Arm of Cal U’hunlat’.

Depois de matarem Neal Olberson, os três cultistas que invadiram a casa, mais tarde identificados como Nathan Henson, Daniel Walker, e seu irmão, Norm Walker, sequestraram Janet e Natasha Olberson, levando-as para a floresta. Lá, as duas foram amarradas em uma pedra e cercadas pelos oito homens. Os oito cultistas formaram um circulo ao redor delas e começaram a cantar para as estrelas, pedindo que sua deusa aceitasse o sacrifício.

O que aconteceu em seguida gera muitas dúvidas e controvérsias. Há os que acreditem na confissão de Natasha Olberson, que depois de passar por duas semanas de psicoterapia intensiva, disse que uma coisa saiu da floresta e levou sua mãe. A descrição dessa coisa é diferente da descrição dos monstros vistos por outras pessoas da cidade; esse era bem maior e, de acordo com Natasha, parecia muito com um polvo. Ela diz ter visto a cabeça da criatura, que se estendia muito além das grandes árvores. Bocas, olhos, e tentáculos cobriam todo o corpo. Natasha disse para os investigadores que conseguiu fugir depois que o monstro pegou sua mãe, mas acreditava que o monstro a tinha matado. Os investigadores mais tarde afirmaram que, embora não pudessem aceitar o testemunho de uma criança que poderia estar sofrendo de um sério trauma psicológico, o básico do testemunho coincidia com o evento. Neal e Janet fora realmente mortos pelos oito homens que faziam parte de um culto.

Antes que os oito homens pudessem ser localizados e levados a julgamento, alguns desapareceram, e outros cometeram um ritual suicida. A policia acredita que dois teriam fugido para o México após o incidente, e o paradeiro de outros três é desconhecido. Os três homens que invadiram a casa dos Olberson estão mortos. Em suas casa, relíquias relacionadas ao culto do Cal U’hunlat foram encontradas, ligando o obscuro e quase desconhecido grupo ao terrível crime.

Natasha Olberson atualmente está sob o programa de proteção a testemunha em um orfanato cuja localização é desconhecida. Apesar das várias testemunhas e relatos daquele dia, não há grandes evidência de que algo extraordinariamente fora do comum ocorreu em Orwin. O tempo vai passar, mas os túmulos de Janet e Neal Olberson permanecerão no cemitério sob dois solitários marcadores de mármore, testamentos para um pesadelo que alguns não poderiam imaginar, enquanto outros jamais vão esquecer.

-C.S.B.-

12/01/2014

Lua vermelha

18 de Julho de 2020. A NASA lançou uma nova nave. Seis astronautas embarcaram na Goliath I com o objetivo de preparar a primeira colônia humana na lua. Toda a preparação deveria levar um ano, mas a nave carregava suprimentos para mais seis meses em caso de emergência. A comunicação por rádio seria possível apenas no lado da lua que estivesse virado para a terra. Os astronautas foram ordenados que ficassem nessa área para manterem o contato.

Os astronautas desembarcaram na fronteira oriental do Mare Serenitatis. Essa área era coberta por basalto e tinha algumas crateras, tornando a área perfeita para colonização. O objetivo dos astronautas era simples; mapear a área para colonização e projetar construções. Relatórios deveriam ser enviados diariamente para a NASA, acompanhados por qualquer foto ou vídeo interessante.

As primeiras semanas de relatórios foram bastante normais. Os astronautas progrediam como planejado e no tempo certo. Não perderam tempo para preparar toda a área. Tudo de uma cidade normal estaria na cidade do futuro; um supermercado, uma escola, um hospital, dentre outras coisas. É claro que todos os principais materiais para construção seriam enviados por outras naves. A missão desses astronautas não era construir. Então, no dia 17 de setembro daquele mesmo ano, o relatório diário não foi enviado. Especulava-se que os astronautas teriam esquecido, mas o relatório também não foi enviado no dia seguinte. A comunicação por rádio também não funcionava, a NASA só recebia estática. A torre de rádio parecia estar funcionando perfeitamente. Mas parecia que os astronautas não estavam ao alcance. Vários vídeos foram recuperados do local por uma equipe de resgate. Abaixo está uma descrição de cada vídeo.


Os astronautas deveriam intitular os vídeos por datas. O primeiro vídeo era “SEPT 16 2020”. Durava quase 10 minutos e a maior parte mostrava os astronautas examinando pequenas crateras. Quase no fim do vídeo, um astronauta começa a gesticular assustado, apontando para dentro de uma cratera, mas nesse momento o responsável pela gravação desliga a câmera. O relatório enviado para a NASA no dia 16 de setembro não mencionava esse ocorrido.

O Segundo video era “SEPT 17 2020”. Esse vídeo também era centrado nas crateras, especificamente na cratera Bessel. Essa é uma grande cratera, com quase 14 km de diâmetro e 1.6 km de profundidade. O plano era construir uma grande ponte atravessando a cratera. Esse vídeo tinha quase a mesma duração do vídeo anterior. Os astronautas faziam notas sobre a cratera quando de repente uma força não captada pela câmera puxa um dos astronautas para dentro da cratera. Nesse momento todos ficam agitados e começam a correr. A câmera continuava ligada e tremendo muito. Após alguns segundos de correria, a câmera parece cair e a gravação termina abruptamente.


O terceiro vídeo estava intitulado como “CODE 7700 PLEASE HELP.” A data era desconhecida, mas poderia presumir-se que era do dia seguinte. O vídeo começa com um astronauta em uma tenda de oxigênio falado com a câmera. Ele explica calmamente que não conseguia contato através do rádio. Ele também explica como dois astronautas foram “horrivelmente trucidados”. Nesse ponto, seus olhos se enchem de lágrimas, mas ele continua falando calmamente. De repente algo parece entrar na tenda. A câmera é derrubada e arremessada para longe do homem, então não podemos ver o que está acontecendo. Vemos apenas o sangue espirando na parede da tenda. Toda a tenda parece tremer. Sangue espirra na parede pela segunda vez e também podemos ver os órgãos do homem sendo jogados pela tenda.

Coincidentemente, na noite de 18 de setembro foi quando ocorreu o raro eclipse que deixou a lua vermelha. Os corpos dos astronautas da Goliath I não foram recuperados. A colonização foi adiada. Os membros da equipe enviada para investigar as falhas de comunicação recusaram falar em público. Dos quatro membros, dois cometeram suicídio após retornarem para a terra. Junto com os três vídeos recuperados também havia uma foto. Ainda não há uma explicação para o conteúdo na fotografia.

06/01/2014

Cão encontrado!

“Que droga Max!” resmunguei enquanto dava a décima volta pela vizinhança. Minha namorada não estava muito longe, tentando a todo custo chamar pelo cão estúpido.

“Acho que ele não vai voltar dessa vez,” falei com ela, embora não soubesse se ela estava me ignorando ou se estava apenas ocupada sacudindo um arbusto ali perto. Como se a droga do cão estivesse tirando um cochilo no meio de um maldito arbusto.

O cão foi um presente dos pais dela, que não gostavam de mim e sabiam que eu não gostava de cães. Acho que eles pensaram que isso nos separaria, mas eu consegui tolerar aquele animal fedorento só para irrita-los.

Enquanto eu passava pelos postes, colava em cada um o aviso de “Cão desaparecido”. Eu queria arranca-los dali e parar com toda a palhaçada.

“Ei, amor,” minha namorada gritou para mim. “Pode ir à lanchonete da outra rua e me trazer um chocolate quente? Está tão frio, e eu não quero congelar aqui fora. Obrigada!”

Que beleza, então você poderia desistir de procurar e voltar para casa já que não quer congelar, Pensei.

“Claro,” respondi com um tom de sarcasmo, olhando sobre o ombro para vê-la espiando por trás de uma caixa. Eu amo essa mulher, mas, droga! Ela é bem estúpida as vezes.

Enquanto dobrava a esquina, quase próximo à lanchonete, um folheto chamou minha atenção.

O folheto exibia claramente: “CÃO ENCONTRADO”, e a foto de um cão que parecia com o nosso. Cheguei mais perto para ler, pensando em marcar uma consulta urgente com um oftalmologista.

“Labrador macho encontrado na Terça-feira, 14 de maio, às 5:20 pm, na esquina da Liberty e Franklin. O cão aparenta quase um ano. Preto com uma mancha em forma de coração no queixo. Uma cicatriz na pata traseira esquerda. Colar marrom sem identificação.” 

Maravilha! Pensei. Alguém encontrou essa peste. Havia algo escrito em letras bem miúdas no fim do texto, mas pensei que era apenas o endereço da pessoa. Cheio de alívio – não pelo cão encontrado, e sim pela busca ter terminado – chamei minha namorada.

“O que foi?” ela perguntou, encostando a cabeça em meu ombro. “Oh!” ela finalmente percebeu o folheto no poste a sua frente. “Olha! É o Max!” ela falou, lendo o aviso em voz alta, para confirmar se o cão na imagem era realmente o nosso.

“Meu Deus!” ela gritou e tropeçou para trás começando a chorar de repente.

“O que tem de errado?” perguntei. “Já encontraram ele.”

Ela não respondeu, apenas apontou lentamente para o aviso.

“Não entendi,” falei, voltando para o aviso e lendo outra vez, achando que tinha deixado passar algo.

Não encontrei nada de estranho, até que cheguei ao fim do texto e apertei bem os olhos para enxergar as letrinhas no final.

“Tinha gosto de frango”

05/01/2014

Cosmonautas perdidos

Quantos cosmonautas REALMENTE morreram no espaço? Especialmente os da União Soviética? Muitos crêem que o governo soviético acobertou a morte de dúzias de cosmonautas perdidos no vazio do espaço para que fosse possível manter uma postura de superioridade em relação aos EUA.

Imagine... Você está em uma cápsula. MUITO acima da Terra, pronto para reentrar a atmosfera. Paradas, festas e mulheres lhe aguardam. Quando as chamas começam a lamber a janela, você percebe que algo está errado... Muito errado. Você sente calor. Mais do que o normal, e o calor simplesmente não passa. O controle da missão fala com você por alguns momentos, e então... nada. O rádio parou de funcionar? Não. Eles sabem que você vai morrer. Suando, você vê que objetos na cápsula estão superaquecidos. Então, uma lágrima. Seu último pensamento é "Eu vou morrer, e ninguém jamais saberá o que aconteceu. Isso tudo foi em vão". Você começa a queimar, e então...
Boom.

Ou então pense nisso: algo deu errado, e você não consegue fazer com que a cápsula volte para a Terra. Um meteoro lhe atingiu e lhe tirou da rota? Ou talvez o impulso da partida foi tão forte que você foi lançado bem ao fundo do espaço? Tanto faz. Conforme você perde contato com a Terra, você percebe que só lhe restam duas opções: esperar até o oxigênio acabar ou abrir a cápsula e se lançar no vácuo. Você não vai conseguir gritar, pois o som não se propaga ali, e você vai morrer. Sozinho.

Milhões de quilômetros distante de casa.