29/03/2020

Alguém observa através do espelho


Nos últimos 4 anos, morei em um apartamento no centro da cidade, mas desde que minha amiga Lisa voltou para o seu estado natal, fiquei em má condição financeira e não consegui pagar o aluguel sozinho por muito tempo. Tive que me mudar para uma área mais afastada da cidade, onde o preço dos aluguéis estivessem no mesmo patamar que o meu estado financeiro. O lugar em questão para onde me mudei foi uma cidadezinha nos arredores de Luisiana, onde consegui arrendar uma casa com um bom custo-benefício.

Assim que a assinei o contrato com o proprietário da casa, mudei-me uma semana depois. Embora a casa tivesse sido reformada há pouco tempo, dava para notar claramente que era uma construção antiga. Fora isso, estava de bom tamanho e atendia às minhas necessidades básicas.

Levei meus poucos pertences para a nova moradia e, depois de organizar tudo, caminhei pelo domicílio e procurei me aclimatar com o novo ambiente. A casa em questão era pequena, com dois quartos, um banheiro e um porão.

Depois de andar e verificar toda a casa, uma das primeiras coisas que notei foi que não havia espelhos em nenhum dos cômodos. E como sou um cara bastante vaidoso, teria que comprar um. E foi o que fiz no dia seguinte. Saí explorando a pequena cidade em busca de um espelho. Andei por cerca de 30 minutos e não estava encontrando nenhum lugar que parecesse ter o que eu queria. Já estava ficando cansado e pensando em voltar para casa, mas caminhei mais um pouco e foi quando avistei, de longe, o que parecia ser algum tipo de bazar, com produtos novos e usados.

Chegando lá, encontrei uma velha senhorinha, que parecia ter origem cigana. Ela estava sentada atrás de um balcão. Iniciei uma conversa, cumprimentando-a:

— Olá! Boa tarde.

E antes mesmo de eu abrir a boca novamente para dizer o que estava procurando, ela apontou para dentro do estabelecimento e disse, com uma voz rouca:

— O que você procura está nos fundos da loja.

Fiquei surpreso e espantado quando caminhei até o fundo da loja e encontrei um espelho de tamanho médio, apoiado sobre alguns tapetes velhos no chão. Peguei o espelho e apenas levei em direção ao balcão sem dizer nenhuma palavra. Ela o embrulhou em alguns papéis castanhos, fiz o pagamento e saí da loja perplexo e sem entender nada.

Carregando o espelho, caminhei de volta para casa, e quando cheguei em frente, me deparei com um senhor de idade. Ele parecia estar apreciando a velha construção recém-reformada. Então, fui falar com ele.

— Olá, boa tarde! O senhor precisa de alguma ajuda?

— Você mora aqui? — ele me perguntou, ignorando completamente minha pergunta.

— Sim, faz poucos dias que eu me mudei para cá!

— É uma bela casa, não é?

— Sim! O senhor mora por aqui?

— Eu já morei nessa casa anos atrás! Bem, meu nome é Marty McFly. E o seu, rapaz?

— Eu me chamo Rick!

— Prazer em conhecê-lo, Rick! — apertamos as mãos.

— E o que você carrega embaixo do braço, filho?

— Isso é só um espelho que acabei de comprar. Bem, já que o senhor morou aqui há um tempo, não gostaria de entrar para ver como ficou a reforma por dentro?

— Sim, claro! Seria um prazer! Vou poder relembrar o que passei nesta casa.

Então, caminhamos em direção à porta da frente. Assim que chegamos, peguei as chaves e abri a porta. Entrei primeiro; logo após, o senhor McFly perguntou:

— Com licença, posso entrar?

— Claro, fique à vontade!

Então, ele entrou. Eu lhe mostrei toda a casa e nós conversamos o resto da tarde, tomando um bom café enquanto ele me contava as histórias de quando morava ali. Em algum momento, ele olhou seu relógio e disse:

— Já é tarde, eu preciso ir!

— Tudo bem, acompanho o senhor até a porta!

Abri a porta. Ele saiu e caminhou até a calçada. Quando parou, virou-se e disse:

— Até logo! Foi um prazer conhecê-lo, Rick! Esta sempre foi uma bela casa!

— Obrigado! Até logo, senhor McFly!

Depois disso, o Sr. McFly foi embora, caminhando lentamente.

Fechei a porta e, logo em seguida, fui procurar por um prego e um martelo para pôr o espelho na parede do meu quarto. Feito isso, já estava escurecendo e fui para o banheiro, tomar um bom banho. Meus planos naquela noite eram apenas relaxar e gastar o tempo vendo alguns filmes de ação. Algumas horas se passaram e eu já estava ficando com sono, então desliguei a TV e fui em direção ao meu quarto.

Cheguei à porta e comecei a caminhar em direção à cama. Durante o momento que passei em frente ao espelho, com o canto dos olhos pensei ter visto uma sombra desfocada, como uma névoa negra que flutuava do outro lado. Rapidamente me virei para poder ver melhor, mas não havia nada lá, apenas o reflexo de mim mesmo. Não me importei muito; apenas pensei que fosse coisa da minha cabeça, já que eu estava com bastante sono. Então, fui dormir.

Na manhã seguinte, levantei e fui até a porta da frente para pegar o jornal, reparando que a grama estava bastante alta. Decidi que, depois do café da manhã, iria cortar a grama. Tomei café, li o jornal com as últimas notícias e, logo após, desci até o porão para pegar um velho e empoeirado cortador de grama. Subi as escadas e fui até porta da frente. Quando a abri, tive uma surpresa: o Sr. McFly estava parado em frente à minha casa novamente. Saí até a varanda e o cumprimentei:

— Bom dia, Sr. McFly!

— Bela casa!

E ele foi embora, caminhando lentamente, sem dizer mais nada. Achei aquilo estranho, mas não me importei muito, já que eu tinha um trabalho para fazer e logo iria chegar uma forte tempestade.

Algumas horas se passaram. Assim que eu havia terminado de aparar a grama, a tempestade chegou; o céu escureceu e uma forte chuva parecia varrer o chão. Peguei o maquinário e levei para dentro de casa. Fui em direção ao porão para guardar todo o material, mas assim que abri a porta e acendi a lâmpada, notei um forte brilho de algo que resplandecia a luz elétrica. Coloquei a mão em frente aos meus olhos para que a luz refletida não atrapalhasse minha visão e desci as escadas até o brilho intenso.

Quando me aproximei, não acreditei no que eu estava vendo. De alguma forma, o espelho havia ido parar no porão, exatamente no lugar onde estava o cortador de grama. Sem entender nada, parei por alguns segundos e pensei se teria sido eu quem, em algum momento, teria o levado até aquele lugar. Confuso, peguei o espelho, subi as escadas e fui em direção ao meu quarto. Chegando lá, segurei-o à minha frente e coloquei-o na parede. Assim que tirei as mãos do espelho, a sombra apareceu do outro lado como um flash de luz negra. Meu corpo tremeu em medo e paralisou instantaneamente. Fiquei em paralelo com a sombra. Sua forma, agora, era diferente de quando vi com o canto dos olhos na primeira vez: ela parecia mais nítida, como se sua forma houvesse se condensado. Ela pôs o que parecia ser sua mão para fora do espelho, avançando em direção ao meu peito, e, depois, retornou lentamente, como se estivesse puxando todas as minhas energias. Minha visão escureceu e eu caí no chão, desmaiado.

No dia seguinte, um rápido flashback com tudo que eu havia passado percorreu minha mente e acordei em pânico. Estava ofegante e suando frio. Olhei em volta e tudo parecia normal; eu estava em minha cama, com as roupas que eu geralmente uso para dormir. “Será que tudo foi um pesadelo?”, perguntei para mim mesmo. Me levantei e encarei o espelho. A única coisa que apareceu foi o reflexo do meu rosto com uma expressão de não estar entendendo nada. Dei uma volta pela casa e tudo parecia estar em seu devido lugar. “Devo estar ficando louco”, foi isso o que eu disse enquanto ria de mim mesmo.

Decidi ir ao mercado fazer compras naquele dia. Talvez eu só precisasse ocupar minha mente com alguma coisa. E foi isso o que fiz. O dia passou e voltei para casa à noite, com todas as coisas que eu havia comprado. Organizei tudo e, logo após, tomei um banho de água quente. Me sentia exausto, como se tivesse corrido uma maratona. Então, fui para cama e desabei.

Eram por volta das 10 da manhã quando acordei com batidas na porta. Minha amiga Lisa, que antes dividia o apartamento comigo, estava de passagem pela pequena cidade e teria vindo me visitar. Eu a abracei muito e convidei-a para entrar. Fiquei feliz que ela tivesse aparecido — realmente precisava de alguém para conversar, e Lisa e eu somos bastante próximos, já que nos conhecemos desde a infância.

Passamos o dia inteiro conversando e relembrando os melhores momentos da nossa infância. A noite havia chegado e Lisa perguntou se ela poderia dormir na minha casa, naquela noite. Respondi que sim. Claro que ela poderia. Afinal, somos velhos e bons amigos e não teria mal algum. Então, preparei o outro quarto para que ela pudesse ficar à vontade. Demos boa noite um ao outro e cada um foi para o seu quarto dormir. No outro dia, acordei um pouco cedo e preparei o café da manhã antes de que ela acordasse.

Fiquei esperando Lisa acordar por quase uma hora e o café já estava esfriando, então decidi ir até o quarto onde ela estava para acordá-la. Quando cheguei lá, me deparei com o quarto vazio. Lisa havia ido embora mais cedo e eu não pude me despedir e agradecer por sua visita. Então, peguei meu celular e a liguei para agradecer:

— Alô! Lisa?

— Sim, Rick! Como está você?

— Estou ótimo, só liguei para lhe agradecer pela visita de ontem!

— Visita de ontem?

— Sim! Fiquei muito feliz por você ter vindo me visitar. Eu realmente precisava de alguém para conversar um pouco.

— Rick, eu ainda não o visitei desde que você se mudou para sua nova casa. Estou a quilômetros de onde você mora e ter te visitado ontem seria impossível.

— Mas... é... você... você veio... desculpa, foi só uma brincadeira. Só liguei para saber como você está. Tenha um bom dia, Lisa.

— E como você...

Desliguei o telefone antes de que ela pudesse terminar sua fala. Voltei ao quarto que eu havia preparado para Lisa passar a noite e tudo parecia em ordem.

“Então, tudo isso foi um tipo de ilusão? Será que ainda estou sonhando?”

Foi isso o que me perguntei durante algumas horas. Talvez eu estivesse chegado ao ápice de minha loucura e acabei decidindo que precisava de um médico. Por sorte, a empresa onde trabalho cobria um plano de saúde no qual os médicos atendem a domicílio 24 horas. Então, eu não precisava ir muito longe. Peguei meu celular e rapidamente liguei e agendei uma consulta a domicílio. Os únicos horários vagos disponíveis naquele dia eram durante a noite. Agendei assim mesmo, só precisando segurar as pontas até o médico aparecer.

Durante o fim de tarde daquele dia, eu saí de dentro de casa e sentei-me na varanda para pegar um ar. Passados alguns minutos, vi uma silhueta de um homem ao fim da rua, caminhando lentamente em minha direção. Eu não consegui identificar de início, já que o sol da tarde estava contra a minha visão. Então, apenas o observei chegar mais perto e mais perto, até que finalmente chegou e parou em frente à minha casa. Meus olhos foram se ajustando à luz enquanto eu o olhava dos pés à cabeça. Assim que meus olhos se ajustaram completamente, pude ver que era o senhor McFly ali, parado na calçada novamente. Ele observou por alguns segundos mais uma vez a casa e disse:

— Bela casa.

Em seguida, saiu caminhando sem dizer mais nada, como ele sempre fazia. Observei sua silhueta perante a luz do sol, se afastando, até que se cobriu completamente o fim da rua. Talvez o senhor McFly só estivesse caminhando pelo bairro, mas eu não conseguia entender sua obsessão por minha casa. Não me importei, apenas pensei que, com sua idade avançada, suas condições mentais não estivessem indo bem.

Fiquei ali, sentado o resto da tarde, e observei o cair da noite. Minha consulta estava agendada para as 20 horas, mas já haviam se passado duas horas desde o horário marcado. Pensei que o médico tivesse sofrido algum tipo de acidente ou ele houvesse tido algum problema. Então, resolvi não esperar mais, já me preparando para dormir. Foi quando, de repente, ouvi batidas na porta. O médico finalmente havia chegado. Fui até a porta e o convidei para entrar.

Eu o contei tudo pelo que havia passado nos últimos dias. Ele me examinou por alguns minutos, e, depois, se afastou de mim. Foi até sua bolsa e misturou alguns medicamentos, preparando, assim, uma injeção. Ele falou que seria necessária a aplicação dos medicamentos no braço esquerdo. Fiz o que ele mandou sem questionar, já não estando em posição para isso. Minha sanidade não estava bem.

Assim que ele terminou de aplicar aquilo em minha veia, senti meu corpo ficando leve e minha visão escurecendo. Depois de poucos segundos, apaguei completamente. Acordei na manhã seguinte, sem saber qual era o horário do dia. Meu corpo parecia arder por dentro e por fora, então me levantei desnorteado e procurei o médico pela casa, mas não o encontrei. Caminhei em direção ao banheiro para tomar um banho gelado. Assim que tirei a roupa e entrei debaixo do chuveiro, a água caiu sobre meu corpo e eu vi o que parecia ser sangue escorrendo pelo meu estômago. Olhei para o meu peito e vi o que parecia ser um pentagrama desenhado com sangue, e, em cada ponta do pentagrama, havia uma cruz invertida. Comecei a esfregar meu peito com as mãos para tentar remover aquilo. Tentei muitas vezes, mas não obtive nenhum resultado. A marca continuou em meu mim.

Sem entender o que estava acontecendo comigo, saí do banho, enxuguei-me com a toalha e andei em direção ao meu quarto. Eu me sentia vazio e meu corpo não parava de arder. Cheguei em meu quarto e fui até o espelho para poder ver melhor aquela coisa desenhada em mim, mas, quando olhei para a parede, estava vazia e o espelho havia sumido. Então, comecei a andar por toda a casa, procurando-o.

Vasculhei todos os cômodos e já estava quase caindo de cansaço. Sentia meu corpo fraco. Foi quando me lembrei do único lugar que o espelho poderia estar... o porão. Fui até lá e abri a porta. Desci as escadas, fazendo muito esforço para não cair. E quando acendi a lâmpada... meu corpo tremeu. Havia um homem que estava de costas em meu porão... e ele disse:

— Esta é uma bela casa, não é mesmo?!

Claro que reconheci aquela voz... era o senhor McFly. Ele se virou lentamente e, em suas mãos, segurava o espelho. Pude ver que a mesma marca do meu peito também estava desenhada ao centro dele. Meu corpo rapidamente paralisou e minha visão escureceu. Caí ao chão, desmaiado novamente.

Uma rápida retrospectiva de memórias percorreu meu cérebro e, novamente, acordei em pânico e suando frio. Eu estava em minha cama, com as roupas que uso para dormir. Lembrei do que havia passado e, logo, levantei minha camisa para verificar se havia alguma marca em meu peito, mas não havia nada. Olhei para o espelho e ele estava lá, em seu devido lugar. Então, levantei e fui até a varanda, à frente da minha casa, para pegar um ar e pensar melhor.

Chegando lá, sentei-me nos degraus e comecei a pensar se tudo por que passara nos últimos dias teria sido real ou apenas uma ilusão. Fiquei pensativo por longos minutos, e não encontrei nenhuma resposta para acabar com a dúvida que pairava em minha cabeça.

Voltei para dentro de casa e a única coisa que se passava em minha mente era que o espelho fosse a fonte de tudo aquilo. Então, fui até minhas ferramentas no porão e peguei um martelo para colocar um fim em tudo isso. Fui até meu quarto e comecei dar marteladas no espelho. Depois de desferir uns cinco ou seis golpes, notei que nem chegou a trincar; eu batia com mais força e mais força. O espelho parecia indestrutível. Então, peguei meu cobertor e fiz o que parecia ser um tipo de embrulho. Saí de casa furioso para levar o espelho de volta para onde eu o havia comprado.

Chegando lá, encontrei novamente a velha senhorinha com traços ciganos, sentada atrás do balcão, fumando um cachimbo. Então, eu disse em tom de fúria:

Rick — Me livre disso, essa coisa só me trouxe problemas!

Assim que joguei o espelho em cima do balcão, ele se despedaçou.

Cigana — O que está acontecendo, meu jovem?

Rick — Essa coisa só me trouxe problemas! Deve ter algum tipo de feitiço.

Cigana — Impossível. Sou médium eu sentiria se o espelho estivesse envolvido com alguma magia.

Rick — Então, examine os pedaços! Essa coisa me fez passar por momentos que eu não sei se foram reais.

E assim que ela segurou um fragmento do espelho, seus olhos esbugalharam e ela deixou o fragmento cair ao chão, como se algo a tivesse assustado. Então, ela me lançou um olhar de espanto e perguntou:

Cigana — Onde você mora, meu rapaz?

Rick — Na velha casa recém-reformada, ao final da rua River.

Cigana — Você nunca deveria ter se mudado para lá. Naquela casa aconteceram coisas terríveis!

Rick — O que aconteceu lá...?! Me fale!

Cigana — Um homem se enforcou no porão da casa. Ele se matou depois de que se divorciou de sua esposa. As autoridades queriam que ele entregasse a casa para sua ex-mulher e filhos, mas se negou e falou que nunca entregaria, lançando uma maldição sobre a casa antes de se matar!

Rick — E qual era o nome desse homem...?

Cigana — Marty McFly!

Meu corpo tremeu em pânico quando ela terminou de falar. E eu disse:

Rick — Mas... é... é impossível. Eu conheci o senhor McFly e ele está vivo!

Ela me olhou novamente, com um olhar pasmo.

Cigana — Quando você o conheceu?

Rick — No mesmo dia em que comprei esse espelho. Ele estava parado na calçada, em frente à minha casa. Parecia estar a apreciando. Então, conversemos um pouco e eu o convidei para entrar; tomamos um café enquanto ele me contava suas histórias de quando morava na casa.

Novamente, um olhar de espanto.

Cigana — Você o convidou para entrar?!

Rick — Sim, ele parecia apenas um triste senhor com saudades da casa!

Cigana — Você nunca deveria tê-lo convidado para entrar. Não sabe que não se convida estranhos para entrar em sua casa?!

Rick — Mas... o que está acontecendo?!

Cigana — Nos últimos dias, quantas pessoas você convidou para entrarem em sua casa?

Rick — Foram três, mas não sei se foi real ou apenas uma ilusão.

Cigana — Quem foram as pessoas?

Rick — O senhor McFly, a minha amiga de infância, Lisa, e um médico que veio me examinar!

Ela olhou pra mim e seu corpo todo tremeu. Sua expressão era de puro pânico. E ela disse:

Cigana — O ritual está já deve estar completo...

Rick — Que ritual? Do que a senhora está falando?!

Cigana — O espelho que você comprou aqui, e que agora está em pedaços, foi o primeiro objeto pertencente a você que o McFly viu, certo?

Rick — É... é... sim!

Cigana — Ele usou o espelho como um portal para te observar e roubar suas energias enquanto o ritual se completava. Pela forma com que você jogou o espelho aqui, em cima do balcão, você já havia tentado quebrá-lo antes e não deu certo. Não é?

Rick — Sim... tentei quebrar com o martelo, mas parecia impossível. E quando joguei aqui em cima, pensei que não iria se estraçalhar.

Cigana — Bem... agora que o espelho está quebrado, isso só reforça minha teoria de o ritual estar completo.

Rick — Mas que ritual?!

Cigana — Venha aqui, meu rapaz. Chegue mais perto!

Assim que eu me aproximei, ela levantou minha camisa.

Rick — Ei, o que você está fazendo?!

Cigana — Seu corpo está ardendo?

Rick — Sim, não sei o que está acontecendo comigo. Mas como você sabe disso?

Cigana — Me deixe ver a marca em seu peito!

Rick — Como você sabe da marca?! Mas não importa, ela não está mais em mim!

Cigana — Se você não a vir, não quer dizer que eu não possa senti-la! Agora, chegue mais perto e deixe-me ver!

Então, ela colocou a mão em meu peito. Pude ouvir um barulho igual ao que um hambúrguer faz quando é colocado em uma chapa de metal quente.

Cigana — AAAAAAH...! Sim, o ritual está completo!

Rick — Mas que maldito ritual é esse?!

Cigana — O velho McFly é um espírito possessivo e demoníaco muito forte. Minha mãe, há muito tempo atrás, baniu-o da casa, mas não conseguiu bani-lo completamente desse plano. Esse foi o último trabalho de minha mãe antes de ela morrer. Desde então, uma parte do velho McFly vaga pelos arredores da casa, tentando, de alguma forma, voltar para dentro, onde seu poder fica muito forte e estará no ápice. Todas as pessoas que você convidou para entrar em sua casa eram o McFly, e em todas as vezes que você as convidou para entrar, ele se tornava mais forte, deixando a áurea protetora que minha mãe havia lançado sobre casa cada vez mais fraca. A primeira pessoa era o McFly, com sua aparência real de quando era vivo. Nessa fase, ele queria que você lhe concedesse a permissão para que pudesse entrar. Na segunda pessoa, ele veio disfarçado como sua amiga de infância. Nessa fase, sua intenção foi alimentar-se de todas as suas boas lembranças. A terceira e última pessoa foi o médico... a pior fase de todas.

Rick — Pior fase de todas?! Ande logo, me fale!

Cigana — Sim! Nessa fase do ritual, sua intenção foi roubar sua alma para que ele pudesse trocá-la pela parte dos seus poderes demoníacos, que estavam aprisionados no Inferno.

Rick — Que dizer que... minha alma está... está no Inferno?!

Cigana — Infelizmente, sim! A marca em seu peito e a marca no espelho que senti quando segurei o fragmento são a prova disso. O ritual está completo! E é por esse motivo que seu corpo arde tanto. Sua alma, agora, não faz mais parte deste plano. E assim que você morrer, seu espírito vai estar condenado à dor e ao sofrimento eterno.

Coloquei as mãos em minha cabeça cabeça, desesperado. Meus sentimentos se aprofundaram em pânico e meu corpo todo tremia. Não sabia o que dizer ou fazer; simplesmente estava acabado. E disse:

Rick — Mas isso é impossível! E agora, o que podemos fazer?!

Cigana — O espírito demoníaco do velho McFly está com 100% dos poderes, nunca estando tão forte quanto agora. Lamento, filho; seu destino já está traçado e não há nada que você possa fazer...

Autor: Vhulto

11 comentários:

  1. Nossa, excelente creepy! Terá continuação?

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  2. Isso é realmente muito bom! alto nível!

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  3. Alto nível! Arrasaram. Queria que tivesse uma continuação (com final feliz)

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  4. Hoje, não sei dizer o porquê, lembrei desse blog e pensei: "será que ele ainda existe?"
    Acompanho vocês desde 2011, quando eu tinha 13 anos, mas parei de acessar e não me lembro exatamente o motivo. Eu amava ler as creepypastas daqui e nunca me adaptei a nenhum outro blog a não ser esse. Lembro-me de passar varias madrugadas lendo por horas e horas sem cansar.
    Fico feliz que vocês postam até hoje e desejo a todos da equipe.

    Keep it creepy

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    1. Nunca li um comentário que me identifiquei tanto kkkkkk

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  5. marty macfly n é o nome do protagonista do filme de volta para o futuro ? kkkk , boa creepy pt 2 pfv

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