08/04/2017

O artista de rua

Billy não gostava daquele artista de rua. Ele conseguia vê-lo, no outro lado da rua, usando pernas de pau, uma roupa folgada, vermelha e amarela, com maquiagem de palhaço. Por que artistas de rua usavam maquiagem de palhaço? Quem acha graça nisso? Não é engraçado. Não mesmo. 

“Pare de encarar, Billy. Não é educado!” sibila sua mãe, enquanto o puxa pela mão para dentro de outra loja. 

Enquanto ele sentava quieto dentro da loja, enquanto sua mãe procurava por algo e seu pai estava distraído, ele não conseguia parar de pensar naquele assustador artista de rua. Nem as decorações da loja, e nem a música que tocava na rádio conseguiam distraí-lo. Ele não queria voltar lá fora. No momento, estava feliz em ficar sentado dentro da loja. Mas todas as coisas boas chegam ao fim, e todas as coisas ruins precisam começar. Era hora de sair da loja. 

A rua principal estava apinhada. Pessoas saiam em massa, procurando por promoções antes que as lojas se fechassem. Vários artistas de rua também estavam em ação, tentando tirar alguma renda para si. 

Os três andavam diretamente para o artista. Billy não estava gostando disso. Ele não conseguia esconder o desconforto. Sua mãe o encarou. Sem palavras dessa vez, mas a mensagem foi clara. Ele deu o seu melhor para se controlar, mas ele não conseguia tirar os olhos do artista, que fazia malabarismos enquanto ainda estava sobre as pernas de pau. 

Ele sabia que era assustador, mas também sabia que, logicamente, não sentiria tanto medo de qualquer outro palhaço com pernas de pau. Havia algo especialmente arrepiante nesse palhaço em particular. Billy queria virar para o outro lado, mas não conseguia tirar os olhos dele. 

O palhaço virou-se para olha-lo por um breve momento. Ele o encarou por apenas alguns segundos, mas foi o bastante para Billy sentir o seu olhar perfurando-o. Ele sabia do seu medo. Quando o palhaço voltou-se para o outro lado, Billy estava tremendo. 

“Mamãe, não quero me aproximar daquele palhaço. Quero ir para outro lugar.” 

“Sinceramente, Billy! Ele é apenas um artista de rua. Agora comporte-se.” 

Então, Billy manteve seus medos para si mesmo. Seus pais não o entendiam, e nem queriam ouvi-lo. No lugar deles, ele também não ouviria. O arrepio que sentia quando olhava para o palhaço, parecia afetar apenas a ele. Para todos os outros, o palhaço era apenas mais um artista de rua. 

O palhaço começou a andar em sua direção, e ele congelou. Embora não tenha percebido, ele também segurava a respiração. Não, por favor não. Não venha por aqui. Não quero me aproximar de você… 

Sua mãe sussurrou, tirando-o da corrente de pensamentos. 

“Billy, o que falei sobre ficar encarando? Assim não posso leva-lo a lugar algum!” 

O palhaço olhou para Billy outra vez, e ali, começaram a se encarar. O palhaço começou a rir. Era uma risada assustadora. Seu estômago se agitou e ele encolheu apenas ao ouvi-la. Mesmo que o palhaço estivesse distante, Billy conseguia ouvi-lo como se ele estivesse bem ali do seu lado. As pessoas ao redor pareciam não notar nada, e isso era mais assustador que o próprio palhaço. 

No momento em que percebeu que Billy o havia notado, o palhaço começou a correr em sua direção, enquanto gargalhava. Billy não esperou pela aprovação dos pais, ele virou-se e correu. “Billy!” sua mãe gritava. 

“Billy! Volte já aqui! É apenas um palhaço!” 

Billy percebeu as pessoas ao seu redor olhando-o com desdém, como se ele fosse apenas um garoto malcriado com uma mãe que não conseguia controla-lo. Não conseguiam ver que ele estava sendo perseguido? Eles não se importavam? 

Ele parou e virou-se. E nesse momento, viu que o palhaço já estava sobre ele. Ele o agarrou pelo ombro e o levantou como se fosse leve como uma pena. Sua gargalhada era ensurdecedora, agora que estava perto, e seu rosto era abominável. Com uma pintura branca rachada, um sorriso duas vezes maior que um rosto humano poderia sustentar sem deformações grotescas, e os olhos. Olhos selvagens e cheios de malícia. Enquanto o rosto era uma distração, sua mão descia para puxar do cinto uma reluzente faca de cozinha. 

Billy se sacudiu, e se contorceu, e tentou se livrar do palhaço, e ele gritou, tão alto quanto seus pulmões suportavam, para que qualquer um por perto o ouvisse. 

“Socorro! Socorro! Alguém! Esse palhaço quer me matar!” 

Mas tudo que ele conseguia, eram murmúrios como, “Onde estão os pais desse pirralho?” ou “Eu não deixaria meu filho fazer isso.” 

Essas pessoas estavam loucas?! Eles perceberam o que estava acontecendo? O que estavam vendo? O comportamento do palhaço parecia normal para eles? Aos olhos deles, eu era o único errado? Se era assim, então não havia nada que eu pudesse fazer. Nenhum maneira de escapar com vida. 

Billy começou a soluçar silenciosamente, e fechou os olhos com força. Houve uma repentina e lancinante dor abaixo de seu peito, como uma dor que jamais tivesse sentido. Ele não pôde deixar de gritar diante da inexplicável agonia. Ele havia acabado de ser esfaqueado no peito. A sensação de choque que veio ao perceber que fora esfaqueado, era pior que a própria dor. Ele não queria ver, então manteve os olhos fechados, e continuou soluçando. Ele conseguia sentir algo quente e salgado no fundo da garganta, enchendo-a ate que ele engasgasse. Sua vida estava acabando, e em seus últimos momentos, ainda conseguia ouvir a gargalhada do palhaço, e os murmúrios de desaprovação, que vinham das pessoas que passavam, sobre um pirralho que gritava e chorava no meio da rua. 

Cyanwrites

18 comentários:

  1. É por isso queria nunca se deve confiar em palhaços, crianças

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  2. Só para mim parece que o garoto REALMENTE teve um ataque de histeria?!?!

    Se morreu de verdade, a creepy foi top!

    Se não, se foi só um ataque histérico... Mais top!!

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  3. Isso parece um daqueles pesadelos estranhos, que você acorda ainda em choque. Gostei, ten'ten

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  4. Tudo isso acontece mesmo na cabeça de uma criança.
    Eu como mãe não ignoro nenhum medo do meu filho

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  5. Esquizofrênia em estado alarmante...

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  6. Voçes tem que concertar isso ai, o texto sai da parte preta, e algumas partes nao da pra ler, alem de ter algumas partes sobrepostas a outras.

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    1. Tem razão. Tive que usar "CRTL - " para reduzir o tamanho do zoom. Dai o texto se ajeitou num tamanho pequeno.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Eai? Era tudo fruto da cabeça dele ou o artista de rua realmente esfaqueou ele? De qualquer forma, muito boa a creepy, gosti

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  9. Não entendi nada. Eu sei que os adultos são estúpidos, ainda mais pais de crianças pequenas, mas não tanto assim!

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  10. Boa creepy, relativamente detalhada. Aposto na teoria de ser apenas um surto histérico. No mais, é do tipo de história com uma natureza indefinida, deixando uma semente de dúvida sobre se é verdadeiro ou surreal.

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  11. Amei essa creepy, foi meio revoltante ver os adultos não fazendo nada mas eu gostei mesmo assim!

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  12. Gostei bastante, mas acho que merecia um fim dizendo se o menino tava tendo um surto ou sonhando. Se tava, show de bola, mas se não tava achei meio zoado, ninguém vê um adulto em cima de uma criança e não faz nada.

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  13. Histeria ou realidade??? Só sei que gostei​ muito

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