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Acorde, meu amado.
Essas
aconchegantes palavras me acordam de um sono profundo, de sonhos caóticos,
insanos. Olho ao meu redor mas não há nada para ver; tudo está na mais perfeita
escuridão. Tento me basear em outros sentidos, mas de alguma maneira, eu não
consigo me mover. Por algum motivo, eu simplesmente não consigo me sentir
incomodado com a situação.
Já
completamente desprovido da névoa abençoada do sono, tento falar com a estranha
voz que havia sido tão carinhosa comigo.
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Onde eu estou?
Por
algum tempo, só o silêncio responde a minha pergunta, até que o estranho fala
novamente.
-
Tudo no seu devido tempo, meu amado.
Tudo
naquele lugar não me era familiar, até mesmo a voz, que me tratava com tanta
gentileza. Por algum motivo, não entro em pânico.
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E agora é tempo de que?
Pergunto,
percebendo que realmente ansiava para descobrir a resposta.
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Agora é tempo de acordar.
Fico
confuso e falo:
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O que o leva a crer no fato de que ainda não acordei?
Mais
uma vez, apenas o calar do ambiente responde a minha dúvida. Começo a perceber
a estranheza da situação na qual estava, preso em uma cama, em um local que
desconheço, com alguém que eu nunca vi o rosto tratando-me como a um amante.
Logo o silêncio é quebrado pelo som de sua voz, em um tom duvidoso.
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O fato de você ainda não ter começado a gritar.
Fico
divagando por longos minutos a respeito da estranha frase. Logo respondo.
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E por qual motivo eu gritaria?
Desta
vez, a resposta vem logo a seguir: “A maioria grita quando acorda”.
A
situação começava a fazer sentido, de uma maneira irônica.
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Mas segundo a sua própria lógica, eu ainda não acordei!
Ele
logo começa a rir, uma gargalhada contagiante, que também me faz rir
histericamente.
“É
um bom argumento!”, diz ele, voltando a seriedade.
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Você poderia acender a luz? - Pergunto.
“Tem
certeza de que quer ver o que está acontecendo?”.
Respondo
sem nenhuma dúvida.
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Sim, acho que eu deveria ver o que está acontecendo.
Ele
também não parece ter duvidas em sua resposta. “Não foi isso que eu te
perguntei, mas sim, eu acenderei a luz”.
Uma
luz fraca de um abajur antigo logo ilumina o ambiente, revelando o fato de eu
estar completamente nu, com minhas partes íntimas expostas e eretas, amarrado
em uma cama em um quarto de paredes acolchoadas. Este lugar faz eu me lembrar
do passado.
“Eu
estou louco?”, pergunto, achando estar em uma instituição psiquiátrica.
“Louco
é uma palavra com sentido muito amplo, mas acho que não. Porque a pergunta?”.
Ele parece realmente curioso.
Respondo,
com o máximo de sinceridade possível. “Apenas supus que as paredes acolchoadas
e o fato de eu estar amarrado significassem que eu estou em um hospício”.
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Acredite em mim quando digo que uma instituição para doentes mentais é bem pior
do que este lugar.
E
eu realmente acredito. Rebato minha própria pergunta com outra.
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E você, é louco?
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Por que a pergunta?
Penso
em uma resposta apropriada para a questão elaborada.
“Você
parece ter pelo menos alguma experiência com este tipo de lugar”. Finalmente
paro e olho para ele, que está vestido apenas com suas roupas de baixo (que
revelam um familiar volume, também ereto). Olho também para o seu rosto – um
belo rosto, aliás –, e para seus olhos, que bizarramente eram de duas cores
diferentes.
“Por
que os seus olhos são assim?”, pergunto cauteloso, para não ofender o homem que
fora tão educado comigo.
-
É uma anomalia genética. Heterocromia. Eu nasci assim.
Decido
parar de fazer perguntas, e ir direto ao ponto. “Por que eu estou aqui?”.
Ele
responde com uma rapidez que me leva a crer que já esperava a pergunta.
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Porque eu quero.
Considerando
a resposta dele, no mínimo interessante, decido continuar a conversa.
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E o que o leva a crer no fato de que pode mandar e desmandar na vida dos
outros?
Ele
responde com prontidão.
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O simples fato de que você, assim como muitas pessoas antes, simplesmente está
aqui sem poder ir a qualquer outro lugar.
Eu
fico encabulado com uma coisa e logo rebato. “Eu posso ter entendido isto, mas
digo, qual é o sentido de eu estar aqui? O que você vai fazer comigo?”,
pergunto algo que eu já sei, apenas para ver a sua reação.
Ele
me olha nos olhos e fala, com sinceridade: “Acredito que logo você vai ficar
sabendo, de qualquer maneira”.
Ele
começa a mexer em um criado mudo que estava ao lado de minha cama. Parecia
concentrado, mas continuou a falar.
-
É mesmo uma pena que eu tenha que começar logo, você é diferente dos outros.
E
eu, intrigado, pergunto: “Diferente de que forma?”.
Ele
fala logo, sem hesitação. “Pra começar, você é o único a ficar de pau duro no
processo inicial todo...”.
Neste
momento, ambos começamos a rir, em sincronia.
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Além do fato de que você não procurou fugir até agora.
Respiro
fundo e digo: “Fugir de que?”.
E
ele, começando a parecer irritado, responde brutamente.
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Sério que você ainda não percebeu?
Começo
a rir e o respondo: “Perceber o que? Que você é um louco? Que provavelmente eu
não vou sair daqui vivo? Você realmente acha que eu me importo?”.
Ele
responde em tom sombrio, enquanto finalmente acha o objeto que estava
procurando.
-
Então vamos começar, meu amado...
Noto
uma mudança no brilho de seu olhar, que agora parecia mais animalesco do que
nunca. Ele segura uma faca comum, de cozinha, e dá um risinho.
-
Acho que agora é tarde demais pra você.
E
eu, sinceramente respondo: “Eu realmente tive alguma chance?”.
Ele
não responde, apenas aproxima aquela faca cada vez mais perto de mim, e eu, ao
invés de sentir medo, apenas fico curioso. Ele faz um corte reto longo em minha
pele, logo após faz outro, e outro... Até completar um quadrado bizarramente
perfeito. A dor é insuportável, mas eu não consigo parar de olhar. Olhar para o
sangue saindo é quase hipnótico, tem uma cor forte familiar, vermelho vivo...
Percebo
que isso o excita. Não posso culpa-lo, eu mesmo estava com um puta tesão de ver
(e sentir) aquela dor maravilhosa. Ele parece um pouco decepcionado.
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Parece que eu vou ter que fazer melhor que isso para você começar a curtir, meu
amado.
Ele
pega outra faca, desta vez uma serrilhada, e se aproxima do meu pênis. Começa a
cortar, fazendo um movimento de vai e vem. Sinto o músculo se rasgando,
enquanto ele o corta fora. Logo antes de ele terminar, eu chego ao ápice do
prazer e tenho um orgasmo. O esperma sai junto com sangue do pedaço de carne que
um dia fora meu pênis. Ele pega o pedaço de pênis que ele retirou e come um
pedaço. Por algum motivo, aquela visão me faz rir, uma risada histérica. Ele
parece mais irritado do que nunca, começa a tamborilar com os dedos na
superfície da cabeceira de uma maneira irritante.
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Por que você não grita?
Eu
faço um sinal com a cabeça para ele se aproximar, e sussurro em seu ouvido:
-
Antes de sequestrar alguém, você deveria se perguntar se essa pessoa não é
louca também.
Dou
uma mordida leve em sua orelha. Ele parece mais irritado do que nunca.
De
repente eu percebo o quão irônica é a situação em que me encontro, e não
consigo conter uma gargalhada. Ele parece surtar completamente, e grita a
plenos pulmões:
-
Por que você não grita?
Ele
repete essa pergunta diversas vezes enquanto pega a faca de cozinha e a levanta
logo acima de mim. Eu sei o que virá a seguir, e isso só me faz rir mais.
E
ele o faz, a faca sobe e desce diversas vezes, penetrando minha carne. A dor é
insuportável, mas eu não consigo me importar. Começo a expelir sangue pela boca
entre as gargalhadas. Minha visão escurece e eu percebo que vou morrer ali, mas
penso que não é um fim tão ruim. Se tudo der certo, é capaz até de eu aparecer
na capa de algum jornal por aí.
Ou
não.
Afinal,
quem se importaria com a morte de um assassino?
Penso
também na burrice do cara que me matou (bom, tecnicamente eu ainda não estou
morto, mas eu chego lá), que não reconheceu minha face dos jornais. É uma
grande ironia eu morrer pelas mãos de alguém tão parecido comigo.
O
que será que minhas vitimas pensariam disso?
Meus
pensamentos ficam confusos, e eu começo a perder a consciência. Só consigo
distinguir uma última frase.
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Adeus, meu amado.
Autor:
Carlos E.P.F.
Revisão:
Gabriela Prado
Eu nao deveria ler isso antes de almocar
ResponderExcluirCaramba, 10/10. Amei o jeito que escreveram :3 e o final foi ótimo, parabéns.
ResponderExcluirobrigado!(0bs: fui eu que escrevi) kkkkkk
ExcluirMeu grande amigo Carlos essa história é realmente perturbadora e extremamente brutal. Eu adorei!!!
ExcluirCaraca, o que falar desse texto que acabei de ler mas já considero pacas?
ResponderExcluirAmei demais <3
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirAI QUE DELICIA DE REFERENCIA CARA
Excluir9.5/10 o.o
ResponderExcluirNo que a opinião pessoal pesa, eu não curto muito gore, e a parada do "você não acordou ainda" sem dúvidas vai muito melhor com creepypastas de seres sobrenaturais, mas toda a atmosfera e a escrita da creepy compensam completamente! A creepy se desenvolve de um jeito muito calmo e estranho. Não é o louco daquele tipo "hurr eu sô pesicopata asasino xD jefe dequiler", a creepy injeta uma naturalidade nisso.
''hurr eu sô pesicopata asasino xD jefe dequiler'' YGDSUFHYGDSHGSYDYFHGSUDFHGOUSDFHKHVUKDHFGSDKFUGHIUDSFGDFUHGKDFHGSDF
ExcluirSOCOR JDFGHIDSHFGDKFJGHIDSFKULGDFSLUKGHDFLKUGHDFKGU
Demais! Adorei! O autor está de parabéns!
ResponderExcluirobrigado!(obs: fui eu que escrevi) kkkkkk
ExcluirFiquei excitada lendo kkkk
ResponderExcluirPensei que era só eu
ExcluirHauahuahau somos três
Excluir4.
ExcluirMuito bom
ResponderExcluirMuito bom, o climax dessa creepy foi bem intenso, congrats!
ResponderExcluirCara, que delicia de texto
ResponderExcluirGosto dessas coisas calmas e hipnóticas:3
perfeito
ResponderExcluirA parte do pau duro cortou meu clima, mas adorei 10/10!!!
ResponderExcluircaraca. muito tenso, bem mórbido e "impiedoso" esse texto. consegue ser bastante gráfico mas ao mesmo tempo atiça a curiosidade do leitor com essa situação tão peculiar.
ResponderExcluirnota: 8.0
Amei😍completamente insano assim q eu gosto
ResponderExcluirAmei a Creepy e, bem, acabei ficando excitado por algum motivo .-.
ResponderExcluir10/10. Ótima história.
Parei no "O que leva a crer no fato que ainda não acordei", é uma pessoa falando ou um livro de alto ajuda.
ResponderExcluirashjjsajh cade o aviso +18
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