05/05/2017

Creepypasta dos Fãs: O Bem e o Mal

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Eu sempre fui a pessoa mais pragmática da classe. Eu era aquele cara que achava que tudo era igual à discussão de futebol: existem dois lados; ou você está em um, contra o outro, ou vice-versa. Era assim com tudo: com política, com religião, com questões banais do dia-a-dia... E com a própria vida.

A minha “lógica” era a seguinte: ou você era ‘do bem’ e odiava o mal, ou era ‘do mal’ e odiava o bem. Simples assim. Não havia e nunca haveria meio-termo quanto a isso. Não existe um “bem-mal” ou um “mal-bem”. Ponto.

Curiosamente, foi um “criminoso” que quebrou a minha linha de raciocínio “infalível”. Seu nome era Curt Adrians, e era um dos meus amigos mais próximos. Saindo de uma festa, ele foi preso por “atropelar uma criança”. Curt nunca cometeu tal ato grosseiro, mas as testemunhas oculares viram a placa do carro OLK-3327, a placa do carro de Curt, e três testemunhas oculares dizendo a mesma informação não é algo que o júri ignore num julgamento. Ele foi condenado a vários anos de prisão na Penitenciária de Salvador, a 150 km de sua cidade natal. Um dia após seu julgamento, eu fui visita-lo na delegacia. Estava irreconhecível. Seu rosto estava vermelho e inchado, provavelmente de tanto chorar, e àquela altura, provavelmente nem tinha mais lágrimas para chorar.

Eu me aproximei e batemos um papo, para amenizar aquele clima duro e pesado que o rondava. Não sei como ou quando a conversa chegou naquele ponto, mas eu acabei citando Bento XVI: “A vida é mais forte que a morte; o bem é mais forte que o mal; o amor é mais forte que o ódio”. Ele ficou sério na mesma hora. Ele endureceu a cara e olhou fixamente nos meus olhos.

– Paulo... Eu queria muito que essa sua maneira de pensar fosse verdade, mas, infelizmente, não é. O mundo seria um lugar muito melhor se fosse verdade. Muito melhor, mesmo.

Eu parei e fiquei confuso. Quando uma ideia está tão impregnada na sua mente quanto aquela estava na minha, é difícil admitir que você está errado. E naquele momento, eu estava entrando em estado de negação.

 – Como assim, Curt? É obvio que é verdade! Em algum momento o mal venceu o bem, por acaso?

 Ele balançou a cabeça e fez “tsc, tsc”.

 –  Não se engane com sua utopia, Paulo. Os conceitos de bem e mal são relativos e podem muito bem serem modificados conforme os interesses de uma pessoa. Vou te dar um exemplo simples – ele apontou para si mesmo –Eu. O juiz e os jurados dessa corte acham que fizeram o bem. Aposto que só mudariam suas versões sob tortura. Mas e quanto a você, Paulo. Você acha que o bem ganhou ontem? Acha que eles fizeram o bem ou o mal?

– O mal –  respondi baixinho. Eu já sabia aonde ele queria chegar.
– Então, Paulo. Não existe bem ou mal. Existem pessoas contra pessoas. Quem decide quem era o bem ou o mal é o lado vencedor. Se Hitler vencesse a guerra, acha que o Holocausto seria visto como um ato horrendo, como é hoje? Não mesmo. Seria perfeitamente justificável.

Eu tentei falar algo, mas fui barrado pela mulher da delegacia. Meu tempo tinha acabado. A última coisa que eu pude falar para Curt foi “É verdade”.

Foi a última vez que eu vi Curt. Ele pode ter morrido na viagem até a penitenciária, pode ter morrido na penitenciária, eu não sei. Só espero que, onde quer que ele esteja, ele esteja bem, e dando boas risadas...

Autor: Miguel Silveira
Revisão: Gabriela Prado


25 comentários:

  1. Respostas
    1. De fato, mas eu mandei porque já vi algumas histórias parecidas aqui no site

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  2. Por favor: MANTENHAM A QUALIDADE DO SITE.
    Ultimamente so a Divina e o Andrey andam postando o q presta
    Acho assim... Q vcs tem muito medo de magoar os "fas" recusando um texto, mas tem q analisar o q ta de acordo com a proposta do site
    Não q esse seja um texto ruim, Miguel, eu achei bem escrito, coerente e coeso, acredito que vc se perdeu com o final e poderia mt bem ser reelaborado pra ficar uma coisa massa. Mas realmente n tem nada a ver com o blog propõe

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    1. Eu também, estou começando a selecionar os escritores/revisores antes de ler.

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  3. Acho estranho quando tem nomes brasileiros e estrangeiros na mesma história...

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  4. Uau, faz tempo que não vou no site, desde quando vocês postam filosofia de baixa qualidade ?

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  5. Isso pode ser um bom fundo de discussão sobre deus e o demônio. Quem é bom ou mal, é relativo. "Dizemos" que deus é bom por que ele "é bom" pra nós, enquanto o diabo só nos faria mal, então ele é o antagonista. Imagina se o Diabo fosse o verdadeiro deus, e estivessem adorando o cara errado, afinal, o bem e o mal é totalmente relativo. Gostei da história, de verdade . ♡

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    1. Caramba, quando me empolgo escrevo tudo de um jeito confuso, mas deu pra entender (eu acho)... rs

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  6. Meh, gostei muito do texto e da forma como foi escrito, mas discordo.
    Os juízes acham que fizeram o bem, mas o cara era inocente, logo, fizeram o mal.
    Só que apesar de acharem que fizeram o bem, não foi isso que aconteceu, eles não tinham todas as informações necessárias e condenaram um inocente. Não estavam interpretando o ato dele de diferentes formas, foi um julgamento errado.

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  7. Gente foi muito bom
    Não foi uma creepypasta
    Mas eu amei
    Realmente é bem relativo o bem e o mal

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  8. É um texto legal até, mas é mais um texto dissertativo do que uma creepypasta. Sinceramente, mantenham a qualidade do site. Aqui é para divulgar histórias de terror e não epifanias.

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  9. -Qual seu nome?
    -Curt Adrians
    -Mora no EUA?
    -nao,em Salvador

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  10. Desculpem me a franqueza, é um bom texto, mas não é uma creepy. Parece mais uma crítica. Não deveria estar no Creepypasta Brasil. Mas falo sério, bom texto, mas em desacordo com a proposta do site.3/10 pois está bem escrito.

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  11. Podia ter terminado com algo tipo: "mal sabe ele que o bem venceu naquele dia, pois eu sou o bem e não poderia ter sido preso depois de ter pego o carro de Curt emprestado"

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