28/12/2017

Meu guardião

Você acredita em “anjos guardiões”? Algo que o vigie, e o mantenha a salvo sempre que pode? Você não precisa ser religioso, mas as vezes sente alguém cuidando de você. As vezes, não é sempre o que você espera. 

Quando eu era mais jovem, Morava com meu pai e a minha avó. Eu era filha única, e meu pai era muito protetor. Minha avó, por outro lado, me odiava. No início, ela apenas gritava comigo e me empurrava enquanto meu pai estava no trabalho. Isso piorou, logo depois que ele começou a trabalhar por mais horas. Eu raramente via meu pai. 

Por quatro anos, ela fez coisas que nem mesmo consigo me fazer pensar, não o suficiente para descreve-las. Por aqueles quatro anos, rezei e rezei por libertação. Rezei e desejei que ela morresse. Para Deus, para quem estivesse ouvindo. 

Meu pai provavelmente acreditaria em mim se eu tivesse a chance de falar com ele, mas a minha avó me fez me sentir como uma abominação durante os anos em que eu não conseguia mais suportar isso. Depois que ela matou a minha gatinha e me fez enterra-la, quando eu tinha treze anos, tentei suicídio, tentando me enforcar dentro do guarda roupas. 

Aparentemente, eu não sabia que merda estava fazendo, mas a barra onde eu havia me pendurado caiu em minha cabeça e desmaiei. Depois de horas deitada, com aquela dor estonteante, me levantei e corri para o banheiro antes que a velha maldita me visse e me batesse de novo. 

Quando saí do meu quarto, captei um cheiro muito ruim, como vômito, carne queimada, e sangue, misturados. Eu conhecia esses cheiros muito bem, considerando o que a minha avó já tinha feito comigo, e pensei por um momento que pudesse ser a minha imaginação, ou que ela estivesse preparando algo nojento para que eu comesse e me torturasse mais. Eu reconhecia aqueles cheiros separados, mas juntos eram algo que nunca senti. 

Enquanto me aproximava das escadas que levavam à sala de estar, comecei a ouvir algo. Minha cabeça doía, meu coração estava acelerado, e tudo que eu ouvia era um gargarejo, algo deslizando, algo sendo rasgado... A mera ideia de ver o que acontecia me assustava tão profundamente que eu quase corri para meu quarto, mas estranhamente, acabou sendo fácil demais ir observar. 

O que vi, nunca será esquecido enquanto eu viver. 

Minha avó estava deitada no chão, uma pessoa de preto estava ajoelhada ao lado dela. Ambos estavam cobertos de sangue. A cabeça da pessoa movimentava-se em ritmo sobre suas mãos, que percebi, seguravam um dos órgãos da minha avó. A pessoa não olhou para mim, e eu estava com medo, mas em silêncio. 

Eu não sabia o que fazer. Aquela coisa comia o corpo dela, lentamente, parecendo aproveitar cada mordida, seu corpo balançava de maneira tão sobrenatural que nem parecia humano. 

Eu não conseguia parar de assistir, não conseguia fugir, o medo me impedia de gritar. Ele parou, eu congelei. Ele olhou para mim, depois do que pareceu uma eternidade, deixando cair o que estava em sua boca. Pedaços de carne e sangue cobriam a maior parte do seu rosto. 

O que eu conseguia ver daquele rosto, parecia ser masculino, muito pálido. Onde deveria estar os olhos, havia pontos negros, que pareciam dilatar, expandindo e retraindo. Ele não tinha lábios, mas sua boca se contraía, sorrindo lentamente, um sorriso se expandindo para além da capacidade humana. Vomitei e desmaiei. 

Acordei e meu pai estava em casa, preocupado comigo. O corpo da minha avó tinha sumido, assim como todo o sangue. “Onde está a vovó? Onde está?” Continuei perguntando, até que parei, ao olhar em seus olhos. Ele me contou que o coração dela estava ruim, e que ela estava no “paraíso” agora. Eu não conseguia acreditar. Era impossível. Eu tinha imaginado aquilo tudo? 

Em seu funeral, a caminho de seu local de sepultamento, eu vi aquele homem outra vez. Ele parecia mais humano, mas eu sabia que era ele. Eu lembrava daquele sorriso. Ainda sonho com ele, as vezes acho que o vejo no meio das multidões. Mesmo quando não o vejo, posso senti-lo. Ele parece estar sempre por aí, tomando conta de mim.

9 comentários:

  1. SPOILER***
    So demorou muito pra acabar com a velha ruimzona

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  2. Meio chatinho. Bem legal ter um anjo assassino, eu queria. Mas acho que o tema poderia ser melhor aproveitado, colocando mais terror em uma situação diferente em que a menina poderia ser uma escrava e torturada todos os dias, se isso fosse visto pelo ponto de vista dela (já que a Creepy é em primeira pessoa) seria de um horror incomparável.
    Eu contaria o resto da minha ideia mas estou com preguiça.
    6/10, por que curti a ideia, mas não muito o desenvolvimento.

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    1. a estória ficou boa do jeito que foi escrita, vc quer fazer uma história diferente

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  3. E um dos anjo apocalíptico um anjo da guerra tipo o anjo Raphael que um anjo com lado bom e lado mau que na guerra e o mais poderoso

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  4. O "anjo" na verdade, era ela, ela matou a avó...Eu entendi isso o.O

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  5. A forma como o guardião foi descrito me surpreendeu. Foi tão orgânica. 7/10

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  6. A veia viu a Piraia desmaiada e teve uma parada cardíaca pq pensou q estivesse morta,a piraia viu um demônio comendo o coração maldoso da veia q no casa foi dita a morte como o pai falou.a veia recebeu o q mereciam pelas maldades q fez e a menina imaginou o q sempre desejou alguem q a protegesse e acabasse com o sofrimento

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