28/02/2017

Companhia

Creepy dos fãs de hoje foi enviada por: Jean Marcus :) 

Obrigado por colaborar com a gente. 

Seja como for a maneira que encare meu relato, não ouse duvidar das minhas palavras, e por mais que eu pareça uma jovem imprudente, não ouse formular conclusões ou pensamentos errôneos e precipitados sobra a minha pessoa, pois até ontem à tarde, eu não entedia por que a Praia Proibida era tão evitada.
                

Quem mora aqui na Costa Verde sabe que a ida à Praia Proibida é, como diz o próprio nome, bastante não recomendada. A questão que me fez criar certa curiosidade é que não existia nada lá e provavelmente isso mantem-se assim até os dias atuais, não era nenhum território militar ou reserva ambiental.
                
Provavelmente, depois que eu postar essa história ridícula em algum lugar, muitos vão questionar o motivo de uma jovem moradora da Costa Verde, a região com as mais belas praias do estado, nutrir um enorme fascínio pela misteriosa Praia Proibida, mas para ser sincera, naquela época nem eu mesmo entendia aquela vontade gritante de ir contra as superstições locais e marchar em rumo ao mistério.
                
Saí de casa às quatro da tarde de uma corriqueira quarta feira e consultei um mapa da região que ficava pendurado em um quiosque de informações no final da minha rua. Por mais que a prefeitura tivesse apagado a Praia Proibida de todos os mapas da minha pequena cidade litorânea, eu tinha uma vaga noção de onde a mesma localizava-se, tudo que eu precisava era saber exatamente qual ônibus pegar e aonde aproximadamente eu deveria desembarcar.
                 
Assim, caminhei até a rodoviária do bairro e peguei um ônibus que viajava pela rodovia 206 em direção ao oeste, beirando algumas das praias da região. Depois de alguns poucos minutos de viagem, desembarquei em um ponto deserto aonde antigamente existiam algumas lojas e quiosques.
                
Olhei em minha volta e, na ausência de transeuntes e observadores, virei-me em direção à mata litorânea que haviam deixado crescer e desci uma encosta minimamente íngreme em direção ao mar. Foi uma tarefa árdua atravessar matagal e descer por aquele terreno declivado, inclusive tropecei em uma raiz grossa e rolei pelo solo úmido e inclinado. Recompondo-me e tirando o excesso de terra do meu vestido florido, prossegui com a descida e depois de algum esforço, já conseguia ver a areia da praia e um pouco do mar.
                
Conforme a pequena mata tropical sobre o declive se dispersava com a descida, algumas estreitas filas de palmeiras arquejadas se posicionavam aonde a areia da praia começava. Imprudentemente, segui em frente e ignorei duas placas rudimentares pregadas em uma árvore com os seguintes dizeres:
                “Retorne” e “Evite este lugar”, eram o que os avisos toscos diziam.
                
Sem me preocupar, finalmente pus os pés descalços na areia e guardei as sandálias na pequena bolsa de palha que havia trago. Aquela areia era extremamente macia e limpa, totalmente agradável. 

Olhando de leste a oeste, calculei que a extensão da praia não passava de um quilômetro e meio, então fiquei perambulando por lá durante algum tempo, aproveitando a brisa, o silêncio paradisíaco e a beleza virgem daquele lugar, constantemente olhando para trás para ver minhas pegadas marcas sobre a areia lisa.
                
Por mais que aquela expedição já tivesse um caráter imprudente, não ousei nadar. O mar estava agitado e caso algo de grave me acontecesse ali, talvez jamais me encontrassem. Entretanto, nunca havia ouvido o som do quebrar das ondas soar tão belo e majestoso quanto naquele lugar isolado e esquecido.
                
Talvez, por mera influência das superstições locais, eu tenha vislumbrado as sombras das folhas das palmeiras dançarem fantasmagóricas sobre a areia como se fossem tentáculos bizarros ou braços de estrela-do-mar. Foi aquilo que me fez notar a ausência de vida naquele lugar – nada de aves, insetos, ermitões ou flores – e senti uma vibração bastante insólita.
               
  Percebendo que o silêncio, a solidão e o vento ululante da Praia Proibida criavam uma conjuntura tenebrosa, rumei em direção ao declive e acabei por tropeçar em algo bastante rígido, caindo na areia como uma tonta desequilibrada. Era a porcaria de um osso. Um osso grande e largo que lembrava uma perna humana. Eu fiquei de acordo com a minha própria pessoa que aquilo já era demais e comecei a caminhar de volta para o declive para finalmente abandonar aquele local.
                
Alguma coisa indescritível me dizia, no meu interior, que era necessário abandonar aquele lugar o mais rápido possível. Entretanto, aquele misterioso paraíso ainda merecia uma última vislumbrada. Olhei para trás e o que vi gelou todas as artérias do meu coração e me fez disparar em direção à subida que me levaria de volta à estrada. Escalei aquele terreno íngreme com uma fugacidade desesperada, tropeçando a cada segundo e alcancei a estrada sem demora, aonde pedi carona ao primeiro veículo que aparecera.
                
Não menti para a simpática senhora que havia me concedido carona e constantemente olhava para meu vestido completamente imundo e rasgado. Disse que estive na Praia Proibida e ela respondeu depois de murmurar algo.
               
  “Considere-se sortuda por ter saído com vida daquele lugar fantasmagórico, minha jovem”, ela disse antes de narrar histórias de antigos colegas que haviam desaparecido ao ousarem desbravar aquela praia supostamente amaldiçoada.
               
  “O que mora lá, provavelmente não deve gostar de visitas”, a idosa comentou e eu concordei, mas quando a simplória mulher me perguntou sobre o que havia acontecido, estremeci até a ponta dos dedos do pé, que ainda continham grãos da areia daquela praia assombrosa. Ela parecia preocupada, então não tivesse escolha e contei.
               
  Pode parecer ridículo, mas colocando-se no meu lugar, qualquer um teria calafrios. A verdade é que andei pela Praia Proibida por um bom tempo e constantemente monitorei meus passos. O verdadeiro susto foi ver, só no final da minha breve estadia na praia, que além das minhas pegadas na areia, existiam mais outras a me seguir.

E posso afirmar que elas não eram nem um pouco humanas.

23 comentários:

  1. Boa creeppy! Não exatamente me surpreendeu, mas a narrativa é ótima, e eu não notei nenhum erro ortográfico sequer! Percebi que, por ser novato, Andrey tem sido muito julgado, mas peço á ele que não se preocupe com isso, afinal, ele está melhorando de uma forma tão maravilhosa que chega á ser palpável! Se foi ele que corrigiu e revisou esta creeppy, meus sinceros parabéns.
    Agora, ao autor, parabéns por usar um clichê de forma tão instigante! A ausência de vida, as cenas bem descritas, tudo isso me deu arrepios de verdade! Agradeço-lhe por proporcionar á esta jovem estranha um pouco de bom suspense!
    Continuem assim!!!

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    1. É boa, mais como ele diz no começo, não é dele!
      Ele e bom em escolher, e é bom em fazer tbm!
      Jean Marcus, mandou bem!
      Andrey, você também!

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  2. Que maravilhosa! A escrita te faz mergulhar na história, o plot não se estende além do que deveria, o mistério não é forçado e a história é simplezinha, mas te dá uma certa expectativa que se cumpre.
    11/10.

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  3. Muito boa! Adorei essa ideia( nem sei se era esse mesmo o objetivo) de cobrir a ausência de creepys traduzidas pondo creepys dos fas no lugar.

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  4. Achei mto boa. Mas não vou inflar seu ego :p 9/10. E mais uma coisa, não sei se foi erro de leitura meu, mas tem uma coisa estranha no 6º paragrafo... ela tava na ilha e bum, do nda aparece uma estrada. É da creepy mesmo, mindfuck; eu entendi errado ou a escrita que foi meio falha ae?

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  5. SUPER BEM ESCRITA! Não notei erros, a descrição dos lugares e dos acontecimentos ficou muito boa e o mistério não ficou forçado. Parabéns a você, Jean, que escreveu e a você, Andrey!
    100/10

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  6. Tem erros de escrita sim, mas são bem toscos, como logo no início da creepy, onde está escrito: "sobra a minha pessoa". Não compromete a leitura e, ficou muito bem escrita. A história é espetacular. Esse final, de arrepiar. Não tem a melhor escrita do universo, mas tem um ótimo desenvolvimento e o vocabulário também é muito rico. A desenvoltura da creepy é sensacional; você lê e nem nota que já tá acabando. É minha favorita de todas as creepys dos fãs até agora. Foda demais!

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  7. Gostei muito da escrita e a história apesar de ser simples foi muito bem desenvolvida! 10/10

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  8. Gostei muito da escrita e a história apesar de ser simples foi muito bem desenvolvida! 10/10

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  9. Pra falar a verdade, esse vocabulário rebuscado cansou um pouco. Não tinha necessidade de escrever desse jeito. Mas a história em si foi ótima (E só um toque: você usou "aonde" ao invés de "onde". Erro comum, mas enfim)

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  10. Oie! Achei bem legal, só precisa de revisão, tem alguns poucos errinhos :)

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  11. Muito boa história. Um texto cheio de elementos descritivos como este atiçam a minha imaginação. Fiquei imaginando do início ao fim como seria essa praia proibida. Também na agradam bastante os finais abertos, que deixam pro leitor imaginá-los, como é o caso.

    A única coisa que ainda requer atenção, como disseram, são alguns errinhos, a exemplo do verbo trazer utilizado de maneira errada: "que havia trago". O correto é "que havia trazido", pois "trago" é presente, ou seja, "eu trago". No pretérito, o correto é "eu havia trazido".

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  12. Muito bem escolhida. Parabéns a quem escreveu! ~

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  13. Arrepiou da cabeça aos pés. Espero q Jean escreva mais para nós :)

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  14. A creepy realmente é muito boa, só faltou uma boa revisão. Ha alguns erros ortográficos, mas como disse a "Doentona", nada que comprometa a leitura.

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  15. Este comentário foi removido pelo autor.

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  16. Este comentário foi removido pelo autor.

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  17. Ah meu deus onde eu moro é Costa Verde. Será que aqui tem uma praia proibida?...

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