12/10/2017

Crianças

Nunca gostei de crianças. Nunca soube por qual motivo; já as vejo tantas vezes. 

Decidi pensar sobre isso por enquanto. 

Acho que a razão disso deve estar na inocência delas; não que eu tenha inveja da inocência delas, eu tenho é pena delas por isso. Crianças são cheias de potencial. Elas podem crescer e se tornar o que quiserem, até que estabeleçam suas vidas, e a sociedade esmague seus espíritos; seus sonhos se rompam, e suas esperanças se partam em pedaços. 

Quando bem jovens, são encorajados a serem individuais, únicos, marchando nas batidas do seu próprio tambor. Então envelhecem, são instruídos ao “trabalho em equipe” ou basicamente, a serem mais uma “engrenagem na sociedade”. E aqueles que não se submetem a isso, são deixados para trás, afastados por não tentarem subverter seu próprio eu. São esses que acabo encontrando mais cedo do que o esperado. 

Eu diria que seria mais fácil se os mais velhos estivessem preparados para esse tipo de coisa, e não alimentassem falsas ilusões, mas não posso evitar isso. Acho que se utilizam dessas mentiras para não desistirem tão facilmente. 

Quando olho para as crianças, vejo desapontamento e angustia. Obviamente que não os vejo naquele exato momento, mas os vejo no momento em que reagem quando o protocolo social determina que abandonem suas próprias identidades. 

Agora, eu entendo que as vidas das pessoas nunca seguem o caminho que esperavam. Isso não me incomoda, de fato, nesse ponto eu sinto que isso já deveria ter sido previsto. Apenas penso que não deveriam ser deixados com essas ilusões sobre destino. 

É estranho que alguém como eu pudesse ter pena de tão pequenas criaturas, mas suponho que eu tenha um fraco pelos cegos e frágeis. 

Quando as pessoas me veem, sempre me enxergam como depressão e melancolia. Acham que eu não gosto do meu emprego, e que eu preferiria seguir por um caminho diferente. Eles estão certos; estou sempre mal-humorado, mas não por causa do meu trabalho. Na verdade é pelo que sinto quando encontro com as pessoas durante o meu trabalho. Apenas vejo o desapontamento em seus olhos, e não há muito que eu possa fazer por eles. Já tentei consola-los, aliviando o desapontamento pelo caminho que escolheram, mas isso nunca parece funcionar. 

Vejo as crianças tornarem-se adultos, quando se tornam depressivas e quebradas. Quando me encontram, sempre tem pouco a dizer. É sempre, “Ainda preciso fazer algo” ou “Não estou preparado”. É difícil quando olho em seus olhos e eles falam, “Azrael, posso ter um pouco mais de tempo?” 

Isso me faz derramar uma ou duas lágrimas, suspirar e abaixar a minha foice. 

Não importa o quanto eu tenha pena deles, vendo suas vidas se acabarem incompletas, sempre tenho que dizer: 

"Não."

21 comentários:

  1. Não sou Psicopata, Mais meio que me identifiquei com esse Creppy ! 💕

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  2. Enrola bastante pra um assunto tão rapido, acabei não gostando do tema apesar de ser um tema bom
    7/10

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  3. Nem like e nem dislike. Apenas não senti nada ao ler. Se prolonga de uma forma dramática mas que não consegue tocar lá no fundo. Acho que como diz a categoria não cumpriu seu objetivo.

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  4. Bom eu gostei da sua história, (8/10),mas acho que você acabou fugindo do seu objetivo inicial de e não acabou tendo aquele impacto no público em geral mas fora isso foi muito boa a história.

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  5. Oi,n sei se vcs sabem,mas o tio ambu ta pegando creepys de vcs e postando (com outros nomes)..

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  6. Não senti nada... o que tá acontecendo?!

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  7. Esse povo que não entendeu é jumento ou o quê '-'
    Acredito ter entendido como o senhor Azrael aí se sente, tanto que no final da creepy bateu a bad forte auehaueho
    Enfim, acho que nunca comentei numa creepy do Alexandre então só queria dar os parabéns aq pra vc e pra Divina que fazem um ótimo trabalho e são responsáveis por me fazer ainda ter vontade de ler creepys haha S2

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  8. Bom, pelo que entendi, a creepy é basicamente a visão de um tipo de entidade que ceifa a vida das pessoas, e sobre como ela fica triste ao matar os humanos (pelo que entendi pra ela todos os humanos são crianças, só crescendo quando se tornam quebradas).
    A creepy me deu um pouquinho de bad pq fala sobre como as pessoas são criadas com um pensamento, só pra ter esse tipo de pensamento totalmente quebrado depois, e na morte se sentirem incompletos e insatisfeitos com onde chegaram (ou não chegaram) em vida.

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  9. '-' Acho que entendi... O Azrael é psicólogo!!!

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  10. Isso é praticamente um "diário" da morte ? Nossa se for, eu to com medo agora

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  11. Tipo, Azrael é o deus da morte islâmico... Então... Sim é um diário da morte

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  12. O islamismo acredita em apenas deus, Azrael é o anjo da morte.

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  13. Essa vai ser minha redação para escola

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