20/11/2017

Roubei a vida do meu irmão

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Você já ouviu falar de cucos? Eles não são especiais, pássaros cinzas que podem ser confundidos com pombas. Têm um segredo travesso: deixam seus ovos no ninho de outras aves, e quando o pequeno cuco nasce, ele empurra seus “irmãos” para fora. Se apropria do lugar dos verdadeiros filhos, e a mãe sequer percebe.

Eu tenho me visto nesse exemplo desde que era uma criança.

É difícil ser o gêmeo que é menos. Meu irmão sempre foi Alan, o garoto que todos que todos queriam conhecer. Eu tenho sido apenas “o irmão estranho do Alan”. Alan era o inteligente, o engraçado, o sociável. Eu não. Por toda minha vida, senti que algo havia sido roubado de mim, alguma parte de minha essência que eu nunca poderia ter de volta. Não sou uma pessoa inteira.

Tem tanto poder em um nome. Me custou anos, uma porra de infância inteira, para descobrir. Duas sílabas me separam de Alan. Nós temos o mesmo rosto, a mesma voz, as mesmas marcas de nascença. Nós somos a mesma pessoa, mas ele é o Alan, eu não. Todo o poder estava naquele nome. Eu o queria. EU PRECISAVA DELE.

Ele iria apenas me deixar nessa cidade pacata, o precoce Alanzinho saindo para conquistar seus maiores e melhores sonhos. O bastardo havia ingressado em uma Ivy, e eu nem sequer havia passado na faculdade local, que estúpido. Mamãe e Papai estavam tão animados por ele que esqueceram de me convidar para o jantar de comemoração. Eu não existia, né? Tudo bem.

Eles não sentiriam minha falta quando eu me fosse.

Me escondi debaixo do banco do carro dele naquela noite, enquanto ele finalmente parava de falar sobre seu brilhante e repulsivo futuro. Esperei que estivéssemos completamente sozinhos antes de atacar. Ele não notou as sombras se movendo atrás dele antes que fosse tarde demais. Eu o estrangulei com uma linha de pesca, tremendo junto a ele que se envergava com uma cobra, cuspindo e tossindo. Puxei mais e mais forte, até que seu corpo relaxasse. As mãos dele escorregaram pelo volante, e eu me abracei com o carro deslizando e batendo contra a lateral da via, seguindo por uma plantação de milho em seguida. Gritei de êxtase o tempo todo.

Quando finalmente paramos, o arrastei para fora do banco do motorista. Ele ainda respirava. Muito bom. Poderia me divertir com ele depois. O deixei nu, vesti suas roupas. Procurando na minha bolsa, encontrei uma faca. Levou alguns segundos para que a extremidade da lâmina atravessasse sua língua. Saliva e sangue escorreram pelo canto de sua boca, e eu pressionei sua roupas íntimas contra a boca para estacar o sangramento. Tinha que ter certeza de que ele não gritaria por socorro. Amarrando-o como o porco que ele era, simplesmente o abandonei na base de uma árvore.

Me mudei para seu dormitório. É tão libertador, me reinventar dessa maneira.

Alan estar a apenas alguns minutos de viagem, trancado em um velho depósito na parte industrial da cidade. De vez em quando eu o visito, e ele tenta gritar comigo, mas tudo que consegue é sangue pingando no chão. Algumas vezes ele até tenta me atacar, rosnando como um animal, mas a corda apertada contra seu tornozelo sempre o mantém preso.

Eu o espanco com um chicote sempre que vou lá. É hilário como ele tenta gritar de dor e tudo que sai é um ganido. Sempre que o acerto, o couro deixa marcar em sua pele, sangue gotejando da carne. Nos últimos dias tenho o levado um agrado. O que seria? Um desentupidor com ácido sulfúrico. Tenho derramado devagar, sensualmente, sobre as marcas em sus costas. Se ele ganir baixo o suficiente, posso ouvir sua pele borbulhando, o ácido se espalhando pelo seu corpo. Se eu pudesse ao menos conseguir algo mais forte.

Gosto do novo “ele”. Gosto da formo como sua figura é cheia de marcas e arranhões por dormir nu no concreto. Gosto das feridas que não se fecham. Gosto da forma como ele olha para mim, cheio de ódio, tentando me matar com o pensamento. Gosto como ele decaiu, do garoto perfeito para um animal que caga e mija em si mesmo, implora por comida e água uma vez na semana.

Me lembra de que ele nunca foi melhor do que eu.

Apenas um de nós podia sobreviver nesse mundo. Simplesmente não havia espaço para os dois. Um dos dois precisava deixar o ninho. E eu sou o cuco, a perfeita imitação, empurrando o fraco para fora e pegando seu lugar. Amanhã, os policiais encontrarão meu doente, torturado corpo amarrado no chão em um depósito.

Amanhã, um novo Alan virá ao mundo.


Esse conto foi traduzido exclusivamente para o site Creepypasta Brasil. Se você vê-lo em outro site do gênero e sem créditos ou fonte, nos avise! Obrigada! Se gostou, comente, só assim saberemos se vocês estão gostando dos contos e/ou séries que estamos postando. A qualidade do nosso blog depende muito da sua opinião!

(N/T: Oi pessoal! Vim me desculpar pelas creepys curtas que tenho postado, dificilmente elas se desenvolvem muito e eu sei disso, mas FINALMENTE acabaram os vestibulares desse ano e posso me dedicar mais a vocês. Vou procurar trazer creepys melhores e mais profundas. Beijos!)

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