19/07/2014

Creepypasta dos Fãs: O Odor do Inferno

Quero que saibas Doutor, que é a contragosto que procurei tratamento para meu caso de claustrofobia. Foi após muita insistência de minha família que resolvi marcar uma consulta nesta clinica psiquiátrica. Até entendo a posição de minha mãe e minha irmã, que se vêem preocupadas com meu sofrimento perturbador, mas é muito constrangedor para mim, relatar a situação que me fez desenvolver esta aversão descontrolada por qualquer lugar fechado ou abafado..


Tenho medo de que, após ouvir o meu relato, você irá me considerar demente. Mas juro que tudo que direi se resumirá exclusivamente à fatos acontecidos e não haverá nenhum acréscimo imaginativo em minha historia. É necessário dizer que há pouco tempo eu era uma pessoa normal, e não acreditava em nada que não pudesse ser comprovado pela ciência.

O caso que desencadeou em mim este trauma angustiante aconteceu a menos de dois anos atrás, quando viajávamos minha irmã e eu para uma pousada no sul da Bahia.

Havíamos viajado por várias horas e já estávamos próximo a divisa de Minas quando nos deparamos com uma obra na estrada e foi preciso pegar um desvio que aumentaria a viajem em mais duas horas. Este desvio passava por uma estrada pouco movimentada e distante de qualquer civilização. Depois de dirigir por algum tempo neste desvio encontramos um pequeno posto de combustível na margem da estrada e resolvemos parar. O carro precisava ser reabastecido e eu precisava muito usar o banheiro.

Aquele posto era realmente muito precário e dava a impressão de ter parado no tempo. Contava apenas com duas bombas, daquelas bem antigas e o funcionário era um sujeito com cara de poucos amigos. Eu perguntei pelo banheiro e ele me indicou uma porta no final de um corredor escuro e umido. Quando eu abri a porta eu me deparei com o banheiro mais sujos e fétido que eu já conheci, mas não tinha outra opção à menos de oitenta quilômetros dali.

Era um banheiro bem pequeno, com um único vaso e uma pia com um espelho velho grudado na parede. As paredes do banheiro não eram revestidas de cerâmica, como é de se esperar, e estavam muito rabiscadas com varias bobagens que geralmente se encontra em banheiros públicos. Enquanto eu usava o vaso, uma frase em particular chamou minha atenção. Estava escrito assim: NÃO LEIA EM VOZ ALTA.E a seguir vinha a frase:

-Qui clauditis ostia inferni.

Como eu julgava tudo uma bobagem, eu li a maldita frase. Nada aconteceu de diferente naquele instante e eu nunca mais lembraria deste acontecimento se o que viesse depois não tivesse me traumatizado tanto, doutor.

Quando eu terminei minhas necessidades e tentei dar a descarga, ela não funcionou. Dane-se, eu pensei, só quero dar o fora daqui. Quando tentei usar a torneira, a água também não saiu e eu amaldiçoei aquele maldito banheiro e o frentista por não me dizer que faltava água no banheiro. Mas nada disso teria ainda importância para mim e seria apenas um pequeno contratempo se eu não tivesse encontrado a porta trancada. Eu forcei o trinco com toda minha força, tentei girar em sentido diferente, fiz tudo que pude mas a maldita porta não abriu.

Após esgotar as tentativas de abrir a porta , eu comecei a gritar por socorro e chutar a porta, para que minha irmã ou o frentista viesse abri pelo lado de fora. Meus gritos começaram bem leves e foram se transformando em urros violentos a medida que o tempo passava e ninguém vinha me socorrer. Eu gritei e chamei por muito tempo até perceber que, apesar da pouca distancia que me separava da bomba, meus gritos não estavam sendo ouvidos.

Tentei então abrir a pequena janela do banheiro, mas meus esforços foram igualmente em vãos, o trinco não abria de forma alguma. Foi possível perceber que havia naquela atmosfera algo maligno, sobrenatural, mas que eu não sabia dizer o que era. Algo que me impedia de sair daquele banheiro ou pedir ajuda. O tempo foi passando e eu me cansei de tentar sair, e resolvi aguardar até que alguém percebesse minha demora e viesse em meu auxilio. O tempo fluiu lento e amargo enquanto eu esperava, e o odor desagradável parecia aumentar a cada instante. A luz do dia foi diminuindo e ninguém veio me salvar, então quando tentei acender a luz do banheiro tive outra desagradável surpresa, a lâmpada não acendeu.

Com a noite veio os insetos. Não sei de onde saíram aqueles malditos e asquerosos seres que tornaram minha experiência naquele inferno ainda pior. Mosquitos barulhentos e com ferroadas dolorosas, baratas que voavam de um canto à outro e vez ou outra pousavam em mim outros bichos que se arrastavam pelo chão e subiam em minhas pernas. A noite passou sem que eu conseguisse fechar os olhos por um minuto sequer.Com o raiar do dia aquelas malditas criaturas voltaram para onde haviam saído me deixando novamente na solidão daquele cubículo fétido.

Por varias outras vezes eu tentei chamar por socorro ou abrir a porta, mas todas as tentativas não resultaram em sucesso e só fizeram meu desespero aumentar. Em algum momento do dia a água do vaso começou a subir sem parar e inundar o banheiro com esgoto. Em pouco tempo aquela água poluída e fedorenta alcançaria meus joelhos se eu não tomasse alguma atitude. Mesmo com muito nojo, eu enfiei a mão no vaso procurando encontrar alguma coisa que pudesse estar entupindo a saída d'água no vaso. Meus dedos tocaram um objeto estranho e então eu segurei e puxei pra fora. Deus do céu, só de lembrar daquilo meu estomago embrulha até hoje.O objeto que estava entupindo o vaso era um pedaço de mandíbula humana.

Passei um bom tempo vomitando e me recuperando do choque, mas a água parou de subir. Após me recompor, decidi procurar alguma forma de sair daquele inferno. Neste momento eu já tinha certeza que minha prisão naquele terrível cárcere não era algo natural. Tinha a certeza que o encantamento que eu lera era o responsável por aquela maldição e se existia um encantamento para me prender ali, havia um para me tirar.

Comecei a procurar em todos os cantos do banheiro por um outro encantamento de libertação, mas não encontrava nada relevante. Até que me ocorreu procurar alguma coisa no espelho. Mal sabia eu que aquele lugar maldito ainda me reservava uma ultima e desagradável surpresa. Quando olhei o espelho não vi o meu rosto refletido como devia ser, mas um rosto completamente desfigurado e sem vida, como se eu tivesse morrido e em decomposição. Mas eu não tinha escolha, decidi quebrar o espelho. Procurei algo que eu pudesse usar como martelo e a única coisa que eu achei foi a torneira. Por sorte ele era daquelas que se saiam ao desenroscar sem usar ferramentas, então eu a arranquei e quebrei o espelho.

Como eu esperava, atrás do espelho estava o encantamento, e eu o li em voz alta:

- Aperit portae inferi!!

Neste momento eu ouvi um clique na tranca do banheiro. Eu testei a maçaneta e ela abriu sem oferecer resistência. Quando eu sai porta afora e olhei para dentro do banheiro tudo estava como quando eu entrei. O espelho estava inteiro novamente na parede e o piso seco como se o esgoto nunca tivesse entupido.

Quando cheguei do lado de fora do posto minha irmã ainda estava abastecendo o carro, e então eu percebi que o tempo havia passado de forma diferente enquanto eu estivera no banheiro.

É claro que ninguém acreditou em minha historia e pensam ser um delírio meu, e tenho a certeza que você pensa igual. Mas desde aquele maldito dia, nunca mais duvidei de maldições e forças ocultas.


Autor: Cristiano Costa

12 comentários:

  1. Esse conto foi sensacional. Foi o melhor da categoria "creepypasta dos fãs"

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  2. Hehehehe perfeita :3
    Fiquei com medin de ir ao banheiro dps disso...vai que encontro alguma coisa que não tinha visto antes?
    Cara banheiros de postos são horriveis por si só geram terror, nunca entro sozinha....

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  3. Gostei do estilo de relato, apesar de alguns errinhos.

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  4. aquela macumba me lembrou de adventure time pra ir pra noitosfera "Maloso vobiscum et cum spiritum"

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  5. Volto a comentar: este conto é o melhor até agora da categoria "creepypasta dos fãs".

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  6. Faz tanto tempo que eu enviei esta creepy que achei que não tinha passado na seleção.Obrigado pessoal do site por posta-la.

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  7. Nossa sem hora . Um dos melhores que já li por aqui . Muito bom .

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  8. Creepy boa pra krl, nice work mate! Me lembro a bahia com esss macumba mucho loeca ai, e eu sou bahiano ;-;

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